segunda-feira, 20 de agosto de 2007

Agora a sério… :o)

A propósito do comentário do João Moutinho, sobre as monarquias e a distribuição da riqueza, ou o meu comentário, no mesmo tom jocoso, dizendo que a culpa é mas é do catolicismo, queria confessar aqui que acredito que é capaz de haver uma pontinha de verdade na minha afirmação. Ao contrario do que diz o João Moutinho, as excepções não confirmam a regra. Não se pode culpar o catolicismo pela injustiça social em Portugal e ignorar que os franceses foram sempre maioritariamente católicos e hoje são um país civilizado e equilibrado, livre e democrático, rico e justo... e é bom lembrarmo-nos que, ao contrário dos ingleses, os franceses tiveram sempre uma aristocracia rica e poderosa, que abafou o crescimento da classe média ate ao final do século XVIII.

Claro que como acontece sempre, a realidade é resultado de muitos factores diferentes, históricos, culturais, geográficos, mais uma data de contingências, etc.

Mas eu acho que há uma pontinha de verdade na relação entre o catolicismo da Contra Reforma e a injustiça social. No sentido em que essa forma de catolicismo transmite uma visão do mundo hierarquizada e autoritária: sofrimento eterno para quem duvidar do amor infinito de Deus.

10 comentários :

João Moutinho disse...

Filipe,
Antes de mais agradeço ter comentado a minha "brilhante" tirada. A indiferença seria terrífica.
É óbvio que acabo por concordar na sua análise. E também é visível que os povos de cultura mediterrânea têm uma maior tendência para a desiguladade que os germânicos. Podendo a influência do catolicismo ser mais um factor.
Aliás, se nos formos tratar por Sr. Dr. ou Sr. Eng.º por essa Europa fora ou América Anglo-Saxónica faremos uma tristíssima figura. Apreciamos a desiguldade, basta ver o tom jucoso com que muitas vezes os magistrados ainda tratam as forças policiais.
Quanto ao Leste, aquilo ainda está a assentar.

Anónimo disse...

bem expôs, Antero de Quental, a natureza das causas da decadência portuguesa, que atribuiu - à monarquia, ao catolicismo e ao capitalismo.

Porém, não me parece que a França tenha sido, ao longo da história, um exemplo do poder e influência cristãos. Se não fosse por Napoleão, que também instituiu a liberdade religiosa e a laicidade do estado, o catolicismo teria sido banido da França (em grande medida pelas populações).
Já antes a França tinha mostrado a sua indepêdencia de Roma com o papado de Avignon.

Filipe Castro disse...

Verdade, embora eu ache que a questao do papado de Avignon fosse mais de politica do que de filosofia. Mas é verdade que a persistencia do poder da aristocracia feudal depois da paz de 1555 permitiu muito mais liberdade religiosa do que em Portugal ou em Espanha. Mas parece-me que a ICAR sempre foi (e é) poderosissima em Franca. Que o diga Henrique IV... :o)

Filipe Castro disse...

Eu tambem tenho ganas de matar, quando me vêm com os senhores doutores e engenheiros (e professores, que ainda por cima é uma coisa dubia, entre os mundos do desporto e da universidade). :o)

Aardvark disse...

E o que é que diz o Nani?

João Moutinho disse...

O Nani deveria ter ficado no Sporting.
Assim, não vejo forma de ele se tornar campeão europeu - por clubes.

João Moutinho disse...

O que aconteceu com Henrique IV?
Foi aquele que disse "Paris vale bem uma missa".
Peço desculpa pela ignorância mas agradecia ser esclarecido.

Filipe Castro disse...

O Henrique IV é o rei do Edito de Nantes (1598), que estabelecia liberdade religiosa em Franca e foi assassinado pelos catolicos em 1610, depois de uma data de tentativas de homicidio. :)

João Moutinho disse...

Grato, é sempre bom ficar a saber mais um pouco.
Então aquela ideia do Bakunine "somos a favor do multipartiadarismo, o nosso poder, os outros na prisão" não é original.

Filipe Castro disse...

Nao, nao. O Estaline nao inventou nada :o)