- «(...) há uma vitória imensa de Bin Laden sobre todo o mundo ocidental e sobre os EUA, em particular, que todos temos vindo a sofrer e cujas consequências para as gerações futuras são, ainda, difíceis de imaginar. Bin Laden conseguiu converter em política da democracia norte-americana a espionagem e a recolha indiscriminada de dados privados de quase todos os cidadãos do mundo, norte-americanos ou não. E, sobretudo, Bin Laden conseguiu converter em politica da democracia norte-americana, com a conivência de diversas outras democracias, a tortura apresentada como método eficaz de combate ao terrorismo. (...)
- As revelações de Edward Snowden-Wikileaks mostraram-nos a todos como um poder, mesmo em democracia, actuando, na prática, em roda livre, pode durante anos e anos proceder à recolha de informação pessoal e privada de cidadãos de todo o mundo sem qualquer objectivo definido ou utilidade real. (...) Porque desmascararam abertamente estes procedimentos, não como terroristas em busca da destruição da democracia, mas como guerrilheiros da liberdade e da individualidade, Snowden está exilado na Rússia e Assange está exilado numa embaixada em Londres refém de duas democracias, a inglesa e a sueca, ao serviço da democracia norte-americana.
- Mas esta semana, a mais sinistra das vitórias de Bin Laden começou a revelar oficialmente as suas fragilidades, o que nos permite pensar que a tortura como política de um Estado democrático poderá estar irreversivelmente abalada: uma investigação do Comité de Serviços Secretos do Senado às actividades da CIA no combate ao terrorismo, que está em vias de ser tornada pública, ainda que parcialmente, permitirá demonstrar a falsidade da argumentação que defende a tortura como prática eficaz contra o terrorismo, argumentação esta que tem justificado que se ignore o princípio de que a tortura é um mal absoluto e que se ignorem as limitações à investigação decorrentes da moral ou da ética. (...)» (Francisco Teixeira da Mota)
Sobre uma guerra extremamente perigosa
Há 1 hora
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