No seu documento de enquadramento da visita de B-16, os bispos da ICAR «apelam» a que este evento não «se esgote num mero acontecimento passageiro», mas que sirva para «fortalecer a nossa unidade [dos católicos] (...) com o intuito de poder responder às alterações civilizacionais em que vivemos». É cada vez mais óbvio que esta visita está concebida para fazer, não a mera propaganda católica (o que seria aceitável), mas sim, inevitavelmente, para fazer também o combate aos casamentos entre pessoas do mesmo sexo e para condicionar as celebrações do centenário da República. Enquanto monarca da última ditadura europeia, Ratzinger será recebido pelo Presidente e pelo Primeiro Ministro. Enquanto líder religioso, fará o que não seria tolerado a chefe de Estado algum: interferir na política interna portuguesa.
Subindo a parada, os bispos exigem ao governo que seja declarado feriado ou tolerância de ponto durante a visita, com o óbvio objectivo de aumentarem o número de pessoas presentes em manifestações que irão para além do ritual religioso para assumirem um cariz político. Já conseguiram que a Câmara Municipal de Lisboa aceitasse que a inauguração da «nova» Praça do Comércio, supostamente integrada nas celebrações do Centenário da República, seja feita pelo monarca do Vaticano. Mais exigências «pastorais» com água política no bico surgirão nas próximas semanas.
Após o fracasso da manifestação anti-homossexual de 20 de Fevereiro, o clericalismo português necessita de um reforço chamado B-16. E um governo em queda de popularidade não lhe recusará «pedidos» pastorais. Estupidamente.
[Diário Ateísta/Esquerda Republicana]
5 comentários :
Está na hora de organizar um comité de recepção, logo no aeroporto!
Está na hora de realizar espectáculos e peças de teatro e óperas contra a subordinação da cidadania republicana a confissões religiosas. É preciso editar livros e rever filmes.
Organizar é indispensável contra o obscurantismo de séculos e séculos e que é responsável por muito do nosso atraso e por milhões de mortos ao longo da história.
"Subindo a parada, os bispos exigem ao governo que seja declarado feriado ou tolerância de ponto durante a visita"
Tudo o resto pode (nalgumas partes, é) verdade, mas o supraescrito é erróneo. Será... má fé?
JDC,
é erróneo porquê?
Erróneo no sentido que não é exigido como imposição, mas sim pedido como negociação. É uma diferença subtil mas importante, pois uma imposição estaria mais de acordo com a arrogância que o Ricardo Alves gosta que a ICAR tenha mas que, neste caso, não sucedeu.
P.S.: Assino sob a forma de JDC pois são as minha iniciais. O meu nome é um pouco comprido...
Caro Ricardo,
verifico, uma vez mais que temos uma barricada comum. Permita-me chamar a sua atenção para o novo blogue VIAS DE FACTO, que ontem largou amarras ( http://viasfacto.blogspot.com/ ) e onde publiquei um post de partida sobre a "questão religiosa", que se cruza com este seu ("Com Papas & Bolos").
Se puder linkar e talvez anunciar esta nova aventura republicana, toda a tripulação lhe agradece. Se quiser aparecer a bordo para dizer de sua justiça, melhor ainda.
Abç cordial
miguel serras pereira
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