quarta-feira, 17 de março de 2010

Promoção da abstinência até ao casamento

A promoção da abstinência até ao casamento conduz a uma maior taxa de gravidez adolescente, e também a uma taxa de divórcios mais elevada.

16 comentários :

João Silveira disse...

Lol, este post devia ter o tag Humor. Gosto particularmente do indiscutível argumento: se as pessoas se casarem bem mais tarde haverá menos divorcios. Brilhante, casem-se todos só a partir dos 80 anos, para a taxa de divórcio baixar drasticamente. As estatísticas agradecem.

Video por video prefiro este (e posteriores): http://www.youtube.com/watch?v=REj1rhc4RUk

João Vasco disse...

«Gosto particularmente do indiscutível argumento: se as pessoas se casarem bem mais tarde haverá menos divorcios.»

Não é um argumento, é um facto.
Fundmanetado não numa opinião, mas nas estatísticas disponíveis.

«Brilhante, casem-se todos só a partir dos 80 anos»

Se alguém lhe mostrar que quanto mais depressa anda na estrada, mais provável é ter acidentes graves (é só um exemplo!), o João poderia responder "já agora vamos andar todos a 5km/h, eh!eh!eh!"- Mas isso não impediria que o facto em questão fosse verdadeiro, apenas mostraria o seu incómodo perante a realidade.

Quanto ao video, não posso ver neste computador. Verei quando saír do trabalho amanhã.

João Silveira disse...

Claro que sim, se o objectivo fosse não haver acidentes, tudo estaria certo, até seria melhor destruir todos os carros e todas as estradas.

Mas o objectivo não é esse, pois não? Tal como não é o objectivo de ninguém acabar os divórcios só porque sim, porque se fosse acabavasse com os casamentos, era simples.

É importante ver esse video, e os 8 a seguir, para perceber os argumentos das pessoas que defendem a castidade, ajuda a evitar os tiros ao lado.

João Vasco disse...

João Silveira:

Eu já sabia, porque já tinham havido vários estudos que tinham chegado a essa conclusão, que os programas educativos centrados na promoção da castidade tinham como efeito um aumento (num caso extremo chegou a uma duplicação) da taxa de gravidez adolescente. Por oposição, a ênfase nos métodos contraceptivos à disposição das pessoas não só diminui esta taxa, como diminui o número de abortos e a propagação da sida (imagino que as outras DSTs também).

Aquilo que para mim foi novidade foi que a promoção deste tipo de valores também conduz a que as pessoas casem muito mais jovens, e que isso traz como consequência uma probabilidade de divórcio mais elevada.
Tal como no caso do dado que diz que conduzir mais rápido aumenta a probabilidade de acidentes, isso não quer dizer que as pessoas só se devam casar aos 80 anos.
As pessoas querem evitar acidentes, mas não querem usar o carro para andar a 5km/h. Por isso um bom compromisso é, por exemplo, não andarem muito acima dos limites de velocidade permitidos por lei, que aliás existem por essa mesma razão.
Eu pensei que isto fosse óbvio.

Ou seja, se forem promovidos os métodos contraceptivos, as pessoas tendem a casar-se em média um pouco mais tarde, porque a sua decisão é mais ponderada, e por isso resulta com maior probabilidade numa relação mais sólida. Isto também me surpreendeu. As consequências positivas não são apenas para as pessoas em questão, que com menor probabilidade se casarem com alguém com quem afinal não querem viver, mas também para os filhos.
Eu não vejo o divórcio como algo assim tão horrível, muitas vezes é a melhor solução, mas se muitos podem ser evitados porque as pessoas se conhecem melhor (até a nível sexual) antes de se casarem, melhor.

João Silveira disse...

Mas João Vasco:

Não percebo de onde vêm essas estatísticas estranhas, que eu saiba ninguém engravida por se abster de sexo, só aconteceu uma vez. A educação para a abstinência não deve ser feita com base no moralismo, mas sim mostrando que é melhor para a própria pessoa, como se mostra nesse video, e em muitos outros que estão no youtube. Até em áfrica, um continente pouco dado à continência, quando se aposta na educação para abstinência, os resultados são muito positivos.

Quanto ao divórcio, a tua teoria estaria correcta se o casamento tivesse incluída uma bomba-relógio, pronta a rebentar passados x anos. Mas isso não acontece, o casamento saudável vem de um namoro saudável, em que a intimidade cresce naturalmente e que não é baseado na mentira de pessoas que se doam “totalmente” fisicamente, mas no resto da vida não. Namorar com alguém sem ir para cama com essa pessoa é uma prova de amor, ou não será? Esse namoro não vai ser muito mais sólido do que os que derivam da velha conversa “se gostasses mesmo de mim, fazias” ou “se nos amamos, qual é o problema?”.

E as estatísticas mostram que quem passou um namoro abstinente, tem uma taxa de divórcio drasticamente mais baixa. E mais, mostram que quem não usa métodos contraceptivos no casamento, mas sim métodos de auto-observação, tem uma taxa de divorcios abaixo dos 10%, bem mais baixo do que os 50% das pessoas “normais”.

Não sei o que entendes por casarem demasiado jovens, tenho amigas minhas que casaram aos 21, 23, tenho outra que está noiva com 20 anos, e a minha mãe também se casou com 20 anos, e os meus pais continuam casadíssimos e podiam estar mais 200 anos, se fosse possível.

Além disso, os estudos mostram que as pessoas que cohabitam antes de casarem, para fazer essa mesma experiência de compatibilidade, têm maior probabilidade de se separarem do que os casais que não o fazem. Esse velho mito de comparar uma mulher a uma bicicleta, que se tem de experimentar antes de usar, já foi há muito tempo desmentido.

João Silveira disse...

Off-topic, mas uma vez comentei neste blog que os ateus me faziam um favor quando recorriam à mentira, como já constatei muitas vezes, para defender as suas teses. Por um lado dizem-se fiéis defensores da Razão e das evidências, como única fonte de verdade, mas por outro facilmente espalham mentiras, desde que sejam anti-clericais.

Aqui está mais um belo exemplo: http://www.ateismo.net/2010/03/18/a-taxa-camarae-do-papa-leao-x/

O Carlos Esperança está careca de saber que esta história é mentira, mas mesmo assim publica-a como sendo verdade, sublinhado que é a primeira vez que é escrita em português. Palmas!

João Vasco disse...

João Silveira:

«Não percebo de onde vêm essas estatísticas estranhas, que eu saiba ninguém engravida por se abster de sexo, só aconteceu uma vez.»

Sim, não é por se absterem que engravidam.
As estatísticas relacionam comunidades expostas à educação para a abstinência até ao casamento com comunidades expostas aos métodos contraceptivos.
No primeiro caso, pelos vistos, mais gente vai fazer o contrário daquilo que lhe foi ensinado, talvez porque entre usar um preservativo ou não ter relações sexuais seja mais fácil as pessoas desobedecerem à primeira prescrição.
O resultado é gravidez adolescente, aborto, propagação de doenças como a sida, etc... Tu dizes que isso foi porque muitos dos jovens não se abstiveram a sério, apesar do que lhes foi ensinado, mas isso é o que acontece no mundo real.
Aquilo que se deve ter em conta é que, sendo os jovens como são, o que é que funciona melhor para lidar com estes problemas.

Devo dizer que eu não vejo como nada imoral que as pessoas tenham relações sexuais antes de se terem casado (como já devias imaginar..), mas realmente prefiro evitar qualquer um destes problemas (até o aborto).


«A educação para a abstinência não deve ser feita com base no moralismo, mas sim mostrando que é melhor para a própria pessoa, como se mostra nesse video, e em muitos outros que estão no youtube.»

Já verei o video.


«Quanto ao divórcio, a tua teoria estaria correcta se o casamento tivesse incluída uma bomba-relógio, pronta a rebentar passados x anos.»

A minha teoria pode estar errada. Esse era um facto que eu desconhecia. Não fazia ideia de que as pessoas que se casavam muito cedo (como tende a ser o caso quando acreditam na abstinência até ao casamento) tinham taxas de divórcio mais elevadas. Vendo bem, faz sentido.

Mas, como eu estava familiarizado com outra estatísitica que referiste - a das pessoas que coabitaram antes de se casar - sempre pensei que fosse ao contrário. Que as pessoas que se casavam mais jovens divorciavam-se menos, muito possivelmente por fazerem parte de comunidades em que o dvórcio é pior visto.

Por isso este facto surpreendeu-me. Vendo bem, faz sentido.



«Namorar com alguém sem ir para cama com essa pessoa é uma prova de amor, ou não será?»

Pode ser uma prova de amor, sim.

Se uma pessoa for muda, e outra quiser construír uma vida com ela apesar disso, está aí uma prova de amor.

Mas daí não se conclui que os jovens não se deviam falar antes do casamento, caso o seu amor seja verdadeiro.

Eu acredito que parte do problema das pessoas se casarem jovens (a razão pela qual isso aumenta o número de divórcios) pode ser o facto de não se conhecerem tão bem, ou não terem tido outras relações, lhes faltar experiência de vida.

Mas, a acreditar que as relações sexuais são uma parte importante de uma relação a dois (imagino que dependa de relação para relação, mas muitas vezes é o caso); e a acreditar nos sexólogos, existem pessoas mais e menos compatíveis sexualmente. Não só por causa de diferentes gostos e comportamentos, que apesar de tudo podem ser parcialmente alterados, mas também por causa da própria fisiologia.
Assim, o facto das pessoas se conhecerem sexualmente antes de se casarem mitiga o risco de que pessoas sexualmente incompatíveis fiquem juntas. Esta incompatibilidade sexual pode não implicar uma má relação, mas certamente será um factor que aumenta a probabilidade das coisas correrem mal, se o outros factores forem iguais.

João Vasco disse...

«E as estatísticas mostram que quem passou um namoro abstinente, tem uma taxa de divórcio drasticamente mais baixa. E mais, mostram que quem não usa métodos contraceptivos no casamento, mas sim métodos de auto-observação, tem uma taxa de divorcios abaixo dos 10%, bem mais baixo do que os 50% das pessoas “normais”.»

Não estou a duvidar - acredito que isso aconteça. Mas peço-te que me digas onde viste essas estatísticas, porque eu não sei se estás a falar de Portugal, dos EUA, da OCDE, etc...


«Não sei o que entendes por casarem demasiado jovens, tenho amigas minhas que casaram aos 21, 23, tenho outra que está noiva com 20 anos, e a minha mãe também se casou com 20 anos, e os meus pais continuam casadíssimos e podiam estar mais 200 anos, se fosse possível.»

Eu também não sei, eles não disseram isso no video em que discutiram este assunto.

« Esse velho mito de comparar uma mulher a uma bicicleta, que se tem de experimentar antes de usar, já foi há muito tempo desmentido. »

Que raio?
Porque é que seria o homem a experimentar a mulher?
Acho que no que diz respeito às compatibilidades sexuais o problema importante é mais o contrário...
Estatisticamente existem 50% mais mulheres que não sentem satisfação na actividade sexual do que homens (30% vs 20%, se não estou em erro), portanto é principalmente para elas que é importante não se arriscarem a casar-se com um homem que não as satisfaz sexualmente.


Por fim: eu não acredito que a questão do divórcio, da gravidez adolescente, do aborto e das DSTs sejam as mais importantes do mundo.

Por exemplo, caso se verificasse que casamentos escolhidos pelos pais resolviam todos esses problemas, ainda assim seria contra essa solução.

Na verdade até imaginava que nas comunidades onde se insiste na abstinência até ao casamento haveria menos divórcios, e mesmo sem ter em conta a questão das gravidezes adolescentes, propagação de DSTs, etc.. considerava que tais valores não traziam mais felicidade. Porque há, a meu ver, divórcios que são bem-vindos (casos de violência doméstica parece-me um exemplo flagrante).

Por fim, sobre o off-topic, não tenho forma de saber qual de vós tem razão. Tendo a ter mais confiança no Carlos, que apesar de tudo conheço melhor. Mas pode ser que tenhas razão. Aconselho-te a comentares o texto do Carlos com as provas que tiveres de que aquilo que ele escreveu é falso, a ser o caso, estou convicto que não fez por mal. Desafia-o a retratar-se, a menos que ele te dê respostas, e discute, mostra os teus argumentos, denuncia as falácias dele se as cometer. Mas realmente é off-topic aqui...

João Silveira disse...

João Vasco:

Pelo que me foi dado a entender nesse video que mostraste, e dos teus comentários, isto refere-se a uma realidade muito específica, a uma mentalidade muito comum em algumas partes do Estados Unidos, por parte de pessoas ligadas ao protestantismo. É uma forma de educar diferente da católica, é uma forma moralista, do orgulho de ir virgem para o casamento, ir puro, e depois vale tudo. No catolicismo o ênfase é mais posto no amor que Deus tem por mim, no amor que eu devo ter pela minha namorada, e na forma como me vou sentir mais realizado sendo abstinente até ao casamento. É muito diferente ter uma regra, ou sentir-se amado. A pessoa que se sente amada tem uma motivação maior para não quebrar esse propósito que faz. Primeiro porque é de livre vontade, segundo porque sabe que vai ser mais feliz se não o fizer e terceiro porque faz a experiência e percebe que se realiza mais desta maneira. O resultado disto é uma grande liberdade, como se pode ver nesse video que te mostrei.

Uma pessoa que é educada assim tem muito menores probabilidades de engravidar do que uma que seja educada no laxismo sexual, mesmo que seja incitada a usar contraceptivos. Uma pessoa que não seja educada a conter-se, não o vai conseguir fazer mesmo no dia em que não tenha contracepção à mão, isto é basico, daí a educação para a abstinência e fidelidade, em áfrica, resultarem e o preservativo não.

E também por isso esse o titulo do teu post é falso. Se escreveres “Promoçao moralista da abstinência...” talvez comece a concordar.

Em relação ao sexo antes do casamento, trata-se basicamente de diferentes visões do que é a vida sexual. A relação sexual é a entrega total entre as duas pessoas, o mais que se podem dar um ao outro, fisicamente. Não é uma prova olímpica, em que cada um é avaliado pela sua performance. Onde há amor verdadeiro, e interesse pelo outro, há compatilidade completa, muito mais do que entre os dois melhores actores pornográficos. Se há pessoas que não são felizes na sua vida sexual, muito provavelmente os problemas desse relação não se resumem à cama, devem estar ser carregados para lá. Se a mulher está insatisfeita, muito provavelmente será por egoísmo do homem, e não por falta de compatibilidade. Até a Igreja Católica, que não vai muito aos detalhes em relação à cama do casal, diz que é responsabilidade do homem satisfazer a mulher.

Em relação ao viver junto antes do casamento, li estatísticas que apontam para 75% de separados, depois dessa experiência. Aqui está outro estudo: http://www.jstor.org/pss/2061823

“Se uma pessoa for muda, e outra quiser construír uma vida com ela apesar disso, está aí uma prova de amor.

Mas daí não se conclui que os jovens não se deviam falar antes do casamento, caso o seu amor seja verdadeiro.”

É mesmo preciso que eu diga que esta comparação não faz o mínimo sentido?

Não me lembro de que estudo tirei essa ideia dos 10%. Sei que uma vez publiquei um post sobre contracepção e métodos “naturais”, que diz que nos Estados Unidos, quem usa estes métodos tem uma taxa de divórcio de 5%: http://senzapagare.blogspot.com/2007/03/new-study-shows-natural-family.html

Obviamente que os resultados têm que levar em conta que em principio serão pessoas mais motivadas para continuarem casadas, isso é normal, mas mesmo assim os resultados são impressionantes. Mas são naturais, porque este método implica um esforço dos dois, é um esforço repartido, um trabalho em equipa, e isso une muito mais o casal do que a mulher que tem que tomar o comprimido todos os dias, arcando com todas as consequências.

João Vasco disse...

João Silveira:

Já vi os videos, ontem, até ao início do 5, e realmente não tive tempo para mais. Depois vou escrever sobre eles, mas agora vou só responder às tuas mensagens:

«É uma forma de educar diferente da católica, é uma forma moralista, do orgulho de ir virgem para o casamento, ir puro, e depois vale tudo.»

Não sei se os protestantes concordariam, afinal de contas muitas pessoas pensam isso de católicos como tu que acreditam na abstinência até ao casamento, e tu dirás que estão enganados.
Sinceramente creio que podes encontrar ambas as coisas entre católicos e protestantes, e eu precisaria de estatísticas e não da tua opinião para me demover.


«Uma pessoa que não seja educada a conter-se, não o vai conseguir fazer mesmo no dia em que não tenha contracepção à mão»

Aqui discordo.
Uma teoria alternativa, e não estou a dizer que seja certa, mas é mais compatível com os dados apresentados, seria que quem é educado numa cultura de abstinência e se "deixa caír em tentação" na altura pode sentir que aquela é "a" oportunidade, e se não for aproveitada será complicado encontrar outra devido ao ambiente. Já alguém que vê as coisas de outra forma e tem muitas oportunidades de ter relações sexuais, perde menos por abdicar de ter relação por falta de contraceptivos à mão. Hoje não dá, que azar, fica para outro dia em breve.
Por outro lado, existe a componente discutida no video: quem acredita na abstinência até ao casamento excepto quando cai em tentação nunca tem contraceptivos à mão. A própria experiência de os comprar poderia ser vista como insuportável.
Já quem não vê as coisas desta forma, tende a querer estar sempre prevenido com contraceptivos. Até mesmo porque a outra parte pode recusar-se a ter relações sem contraceptivos.


«A relação sexual é a entrega total entre as duas pessoas, o mais que se podem dar um ao outro, fisicamente. Não é uma prova olímpica, em que cada um é avaliado pela sua performance.»

O que estás a dizer é muito bonito, e há alguma verdade nisso. Quando gostamos de uma pessoa...

Mas não estás completamente certo, e não o digo por mim mas por aquilo que os especialistas dizem a esse respeito. Há componentes fisiológicas: uma mulher com uma vagina muito pequena pode sentir dores muitos fortes quando um homem com um pénis muito grande a penetra; e inversamente se tiver uma vagina muito grande pode não sentir estimulação se o homem tiver um pénis muito pequeno. Isto para não falar em questões comportamentais. As pessoas podem gostar mesmo de coisas diferentes. Há mulheres com diferentes atitudes e comportamentos e que preferem diferentes atitudes e comportamentos.

Eu acredito que em muitos casos, se as pessoas gostarem muito uma da outra, elas podem de facto ser compatíveis. Mas não sou eu, e sim os especialistas no assunto, que dizem que não em todos.

E acho que a mim e a ti nos falta experiência de vida, por um lado, e não sermos mulheres por outro, para que as nossas opiniões baseadas na nossa vida valham grande coisa.

(continua)

João Vasco disse...

«Em relação ao viver junto antes do casamento, li estatísticas que apontam para 75% de separados, depois dessa experiência. Aqui está outro estudo: http://www.jstor.org/pss/2061823»

Li o resumo do estudo e é dito que uma possibilidade compatível com os dados que se pretendem explicar é que as pessoas que coabitam antes de casar tedem a ser aquelas que aceitam o divórcio como uma solução possível se as coisas correrem mal.
É o que eu penso.


«http://senzapagare.blogspot.com/2007/03/new-study-shows-natural-family.html»

O texto que me indicas fala em detalhe sobre um estudo, publicado numa revista científica, cujas conclusões são contrárias a uma série de outros estudos publicados em revistas científicas.
Mas nada de muito draático: discute-se a eficácia dos métodos naturais quando comparadas com outros métodos contraceptivos.

Depois, sem dizer qualquer referência, diz-se que entre quem usa estes métodos a taxa de divórcio é de 5%. Só que aí não se refere nenhum estudo, não se diz onde, não se diz se apenas se refere aos casais católicos que usam estes métodos ou a todos, etc.. Portanto todas as minhas questões ficaram por responder.
Nota que se a amostra usada for muito pequena, essas conclusões valerão pouco.
E eu até que acredito que isso seja uma possibilidade. Mas queria conhecer melhor o contexto.

João Vasco disse...

Ok, agora sobre os videos.

Vêem-se bem. O rapaz tem jeito para "stand up comedy" e não digo isto com nenhuma intenção insultuosa, pelo contrário. É alguém que sabe ser divertido, percebe a audiência, consegue ter um discurso bem preparado mas ser espontâneo. A rapariga também tem boas capacidades comunicativas, e é fácil que as pessoas, em particular as raparigas, se "relacionem" com ela. Não é alguém "distante", parece-me. É fácil simpatizar com ambos os apresentadores, parecem ser boas pessoas. E é normal que quem estivesse à espera de apanhar uma seca tenha ficado até ao fim.

Mas se entrarmos no conteúdo, aquela é uma realidade na qual não me revejo. Eles criticam os rapazes que tentam "tirar a pureza" às raparigas. Mas eu nunca percebi essa obsessão com a virgindade. Nem por parte dos "Casanova" que eles criticam, nem por parte deles. Para mim essa obsessão parece-me meio medieval.

Outra coisa na qual não me revejo é a mentalidade de que os rapazes querem sexo, e as raparigas não o devem vender por um preço baixo. Não basta - dizem - que o rapaz a ame ao ponto de afuentar 6 meses sem sexo: tem de aguentar até ao casamento.
Que raio!
Então e que tal elas quererem ter relações sexuais, porque também gostam, tal como os rapazes?

Eu acredito que quando duas pessoas têm relações sexuais, ambas deveriam querer. Acho mal se uma rapariga tem por causa da pressão do namorado ou dos amigos, não por o sexo ser algo em particular com regras à parte, mas precisamente porque não é, e eu lamento quando as pessoas são condicionadas e manipuladas a fazer seja o que for.

Posto isto, se duas pessoas querem ter relações sexuais, quer elas se amem, quer não se amem, quer procurem só prazer, quer procurem uma ligação mais forte, seja o que for, não tenho problemas. Podem só querer o corpo uma da outra. Ou podem querer a outra por inteiro. Acho óptimo.

Sem querer entrar em detalhes da minha vida, posso dizer que prefiro realmente quando tenho relações com alguém que ame. Acho que toda a gente prefere. Mas daí a fazê-lo só depois do casamento, ou só nesa circunstância, já não acho que faça sentido.

Mas voltando ao video, quando eles explicam que isto é errado, que é mau para as raparigas "sujeitarem-se" a fazer sexo antes do casamento, é sempre neste paradigma de que o sexo é algo que as mulheres oferecem aos homens. E não me parece que isso deva ser assim.

João Silveira disse...

João Vasco:

“Sinceramente creio que podes encontrar ambas as coisas entre católicos e protestantes, e eu precisaria de estatísticas e não da tua opinião para me demover.”

Encontrei este estudo: http://www.abstinence.net/pdf/contentmgmt/abstinence.pdf

Mais do que estudos percebo que a maneira de educar é pelo método que descrevi anteriormente, e esse contribui muito para uma menor taxa de gravidez adolescente e doenças sexualmente transmissíveis. Por ex, como é que com contraceptivos combates o virus do papiloma humano?

“«Uma pessoa que não seja educada a conter-se, não o vai conseguir fazer mesmo no dia em que não tenha contracepção à mão»

Aqui discordo.”

Os dados referentes à SIDA em áfrica mostram que este é um factor muito importante. Mas mais do que dados, percebemos que se não nos habituamos com a disciplina e o auto-controle, muito mais dificilmente nos controlamos (quando queremos/precisamos).

“Uma teoria alternativa, e não estou a dizer que seja certa, mas é mais compatível com os dados apresentados, seria que quem é educado numa cultura de abstinência e se "deixa caír em tentação...”

Para alguém que não o faça por motivos morais, usar contraceptivos não é nada em termos de gravidade a comparar com ter relações pre-matrimoniais. Quem quer matar já, quem precisa matar, mata com o que tiver à mão, não vai estar preocupado com o sofrimento do outro. Além disso não me parece que as pessoas tenham “uma oportunidade”, quem quiser fazê-lo pode-o fazer quase quando quiser. E as pessoas estão informadas, toda a gente sabe como é que funcionam os contraceptivos.

“Eu acredito que em muitos casos, se as pessoas gostarem muito uma da outra, elas podem de facto ser compatíveis. Mas não sou eu, e sim os especialistas no assunto, que dizem que não em todos.”

Não levo a sério nenhum desses ditos especialistas, cujas vidas privadas normalmente são um desastre. Por outro lado, levo a sério as pessoas casadas há 30, 40, 50 anos, que garantem que a compatibilidade advém do amor que se sente um pelo outro, ou seja pela vontade de fazer o outro feliz. Não há problema que não seja resolvido pela imaginação de quem quer o bem do outro.

“E eu até que acredito que isso seja uma possibilidade. Mas queria conhecer melhor o contexto.”

O único estudo que encontrei foi este: http://www.physiciansforlife.org/index2.php?option=com_content&do_pdf=1&id=193

João Silveira disse...

A tua análise do video, é honesta. Existem outro videos dele, mas mostrei esses porque são uma sequência, e assim vê-se a apresentação toda. Mas os outros parecem-me mais pormenorizados.

É verdade, eles distinguem bastante o que o rapaz e a rapariga procuram. E também é verdade que há gente para tudo, há rapazes viciados em sexo, há raparigas viciadas em sexo, há rapazes que se querem aproveitar de raparigas e há raparigas que se querem aproveitar de rapazes.

Mas em geral, rapazes e raparigas são diferentes. E não estou a falar só fisicamente, são diferentes no que pensam, como reagem, no que esperam do outro, no que acham que o outro está a pensar, na vivência da sexualidade.

Um livro insuspeito por não ter nada a ver com catolicismo é o “Os Homens Vêm De Março, As Mulheres Vêm Vénus.”

O homem que escreve esse livro, testemunha que a vida de casal dele estava horrível, pronta a acabar, quando ele percebeu que a mulher é diferente dele. Daí que muitas vezes não faça o que ele pensa que ela devia fazer, que interprete de maneira errada o que ele faz, etc...Todo o livro descrever como pensam os homens e como pensam as mulheres, na sua grande maioria, e ajuda a vida de casal.

Os homens são, por natureza, mais sexuais do que as mulheres: a grande maioria das prostitutas são mulheres, a pornografia é quase toda dirigida aos homens, a grande maioria das violações são feitas por homens, os homens são mais infiés do que as mulheres, etc...

Daí que eles digam que é a mulher que deve controlar a relação, pelo menos nesse campo. Sabendo que, nem que seja em termos de probabilidade, se há alguém a querer usar alguém, será o rapaz a tentar aproveitar-se da rapariga, deve ser esta a impôr o limite, e ele, se gostar dela irá respeitar isso. Parece-me bem mais real enfrentar estas diferenças e aceitá-las, do que tentar fazê-las desaparecer artificialmente, o que só acaba por não realizar nem o homem nem a mulher.

João Vasco disse...

João Silveira:

Novamente vou ter de responder muito rapidamente, e por isso não vou poder ver já os estudos que apresentas, etc.. nem fazer muitas das objecções que acredito que se impõem. Ficará para mais tarde.

Para já, creio que a tradução seria «Marte» e não «Março», se bem que a palavra inglesa para ambos seja a mesma, e o título esteja em inglês. Acho que é referência aos deuses romanos que deram nome aos planetas - o deus da guerra e a deusa da luxúria.

Posto isto, concordo que as diferenças entre homens e mulheres não são só fisiológicas mas também comportamentais - isso é evidente. Mas vou mais longe e acho que existem raízes biológicas e não apenas culturais para essas diferenças comportamentais. E vou mais longe e até concordo que o homem, estatisticamente, pode ter mais vontade de ter relações sexuais que a mulher - e por razões biológicas.

Mas nada disso obsta ao que escrevi. As mulheres, em geral, também gostam de ter relações sexuais. No video parece que não, que é algo que elas não podem «vender barato» aos homens. Parece, como disse, que o paradigma é o do sexo ser algo a que as mulheres se "sujeitam". E caso elas se façam respeitar, e caso eles gostem delas, essa sujeição é bem "paga" em termos de carinho, afeição, provas de compromisso.
Para mim esse paradigma está todo errado.

João Silveira disse...

João Vasco:

Tens razaõ, claro que é Marte, escrevi e nem olhei. Foi um erro especialmente estúpido visto que já li o livro e ainda há dois dias estive com ele na mão, em casa.

Sim, eu também concordo que existem diferenças biológicas, a começar com o facto de o homem estar sempre disposto a "procriar", podendo fazê-lo milhares de vezes, enquanto que a mulher só pode procriar de 9 em 9 meses. Depois a mulher tem mais propensão para fazer o "ninho" e cuidar dos filhos, e o homem ser mais independente, etc...

Não me parece que fique a ideia que a mulher não gosta de sexo, muito pelo contrário. Como já disse algures, a própria Igreja diz que é da responsabilidade do homem satisfazer mulher, já que o inverso está quase sempre garantido. Aqui o ênfase está o aproveitamento físico, com consequências mais visíveis para as mulheres, perda do hímen (que poderá ocorrer de outras formas), possível gravidez, etc...E o que dizem está baseado na realidade, que há mais homens a quererem usar mulheres a nível sexual do que o contrário.