sábado, 19 de setembro de 2009

BE=Burguesia de Esquerda

Estas notícias sobre os dirigentes do BE só confirmam que estamos perante burgueses médios (embora com poupanças pequenitas...), e que apenas por puro preconceito se pode acusá-los de serem perigosos radicais de esquerda.

P.S. Contra quem vão disparar os assessores do PS amanhã? Jerónimo ou Portas?

6 comentários :

rui disse...

Este post cola bem com alguns dos posts da série "Não há festa como esta".
Nada disto é grave, mas mostra que anda tudo a brincar à "geração sem direitos", à "asfixia democrática", à "crise que afecta os trabalhadores", ao moralismo savonarolesco erigido como critério de orientação política, quando afinal... as "gerações sem direitos" lá têm direito pelo menos às suas mochilinhas fashion, aos seus ténizitos, lá têm direito às suas participações em fóruns sobre "gerações sem direitos" enquanto não começam as aulas nos seus cursos universitários "sem qualquer futuro", os dirigentes dos trabalhadores descobrem-se "pequeno burgueses" com direito às suas acçõezitas, aos seus PPRitos...nada de especial, mas não faz confusão que os pequeno burgueses escrevam e defendam programas políticos contra os PPR (não sei se são contra as acções...) e os tenham? Não, e não porquê? Porque os valores são baixos... estamos a falar de "micro-pequenos e médios investimentos" algo que no fundo toda a gente quer apadrinhar e acarinhar. Podemos baixar a guarda em relação aos "princípios".
Enfim, vivemos num enorme equívoco, de que talvez sejamos infelizmente obrigados a acordar nos próximos meses.
Talvez seja bom, depois talvez haja mais espaço de intervenção para os "homens da Luta" para gáudio da petizada.

Ricardo Alves disse...

Rui,
há quem ganhe 5000 euros e ache que deve pagar mais impostos. Há quem possa recorrer aos serviços de saúde privados e ache que a prioridade do Estado deve ser a melhoria do SNS.

Enfim, entender a política como mera defesa dos interesses próprios (individuais), é bem curto. Nunca foi assim. E nunca será.

Jorge Santos disse...

Se cada um visse a politica como a mera defesa dos seus interesses individuais...não sei o que era deste país...

JDC disse...

Space_aye disse...
Se cada um visse a politica como a mera defesa dos seus interesses individuais...não sei o que era deste país...

Veja o caso dos professores: há blogues e sites de plataformas sindicais ou associações de professores que "ensinam" como votar para que o PS tenha o menor número de deputados possível...

rui disse...

plenamente de acordo com os dois comentários acima.
a minha observação só tem a ver com o seguinte:
no caso dos dirigentes do bloco, a questão não é certamente grave, é mais uma questão de "mulher de césar...", é mais a questão de um tipo que ganha 400 euros por mês perceber como é que o dirigente que está contra tal coisa, afinal também a pratica. é, no fundo, a constatação do fosso entre o BE "sociológico", a imagem que projecta junto da opinião pública e os interesses que alega defender
Se houvesse coerência entre estes três aspectos e a percepção do nível de conflituosidade social que é percepcionável nos meios de comunicação, estariamos hoje numa situação insurreccional. Género Grécia au cubo. Mas não estamos. E porquê?
Porque a pintura da situação é muito empolada apenas para efeito de alimentar um espectáculo politicamente inócuo.
E aqui cabe a referência à festa do Avante.
Gerações sem futuro (mesmo assim conseguiram fazê-lo) eram as gerações que tinham de emigrar para os bidonvilles, ou mesmo as gerações de gajos que viviam miseravelmente num quartito mal iluminado perto da faculdade, e mesmo assim, gastando os recursos de uma familia de campónios absolutamente miseráveis que ficavam no campo a trabalhar como animais. É claro que é normal que os jovens sejam rebeldes ou combativos, e não faltam causas humanitárias ou políticas. Daí ao sobressalto das "gerações sem futuro", recuperando o slogan da revolta política punk num contexto radicalmente diferente, se não posso censurar o aspecto puramente lúdico (isso é importante), parece-me pouco consistente como atitude política. É um equívoco porque não tem "fundamento", isto é, todos estes gajos vivem sem a sombra de uma ditadura às costas, compram uma t-shirt fashion, uns jeans ou uns ténis nos chineses a meia dúzia de euros e poupam para a mochila desportiva a trinta euros e daqui a quinze anos serão dirigentes de empresas.
O resto é, como dizia o outro, só fumaça.

rui disse...

Quanto aos sites de professores que ensinam a votar para que o ps tenha o menos numero de votos possíveis... pode ser que com a Ferreira Leite se dêm melhor... eles lá sabem. Outro dia vi "a educação do meu umbigo" por acaso, depois da "actuação", no seixal, daqueles idiotas a quem o pessoal acha graça enquanto não boicotarem uma intervenção do louçã ou do jerónimo, e fiquei atónito com o nível dos comentários, e até pensei em deixar um sobre a relação liberdade política liberdade artística e de expressão, mas desisti. Aqueles gajos que comentam lá são professores? Dá para perceber muita coisa.