domingo, 18 de novembro de 2007

Sicko

Comprei hoje o video de Michael Moore com intenção expressa de o forçar pela garganta abaixo dos meus amigos todos. Eloquente, como sempre. Moore mostra as coisas como elas são. quem é que deve mandar? The wallet or the ballot? Também aqui, o capitalismo contra a democracia.

A minha pobre cabecinha não consegue imaginar quais seriam os argumentos da direita para defender as injustiças obscenas do capitalismo selvagem e da saúde privada desregulamentada. Se a direita visse este documentário, claro. Felizmente não viu e conseguiu que ninguém falasse dele. Mas a pergunta parece ser cada vez mais: se eles não vêem, as coisas não existem? Era o que a FOX dizia há 7 anos: que os media fazem a realidade. Será?

Como Moore demonstra até à exaustão, uma população temerosa (dos terroristas, das abelhas africanas, do aquecimento global, etc.), endividada (cartoes de crédito, empréstimos escolares, etc.) e ignorante (religiosa, contra a ciência!) tem muito menos poder negocial perante os cleptocratas do que a população francesa (com educação gratuita e sem empréstimos), que pára a França quando os cleptocratas abusam (todos os anos).

Não é possível imaginar o dia em que os americanos se rebelem contra o capitalismo selvagem, ocupados como estão com a guerra ao terror, os casamentos gay e o aborto.

Mas as coisas estão-se a degradar todos os anos para os pobres - à medida que se tornam melhores para mim... não sei se esta situação será sustentável por muito mais anos.

5 comentários :

David Lourenço Mestre disse...

O castro gosta de hiperboles, de compromissos ideologicos, de propaganda, os factos meu caro desmentem a propaganda.

O estados unidos tem uma taxa de pobreza de 16 por cento, portugal tem cerca de 25, a suiça tem 11, frança tem 11, a dinamarca tem 8 o japao tem 11 - atençao o japao gasta a mesma taxa do pib que os estados unidos gastam em investimento social - a coreia do sul, dados do governo, tem 5 por cento - e nao é uma "social-democracia".

O medicare e medicaid, o sistema de saude estatal norte-americano, cobre 25 por cento da populaçao e gastou 680 mil milhoes de dolares em 2006, faça as contas e compare com a suecia, frança, dinamarca.

Cerca de 90 por cetno dos norte-americanos estao satisfeitos com os serviços de saude, repito, 90 por cento.

Leia isto:

This number from the Census Bureau is often cited as evidence that the health system is failing for many American families. Yet by masking tremendous heterogeneity in personal circumstances, the figure exaggerates the magnitude of the problem.

To start with, the 47 million includes about 10 million residents who are not American citizens. Many are illegal immigrants. Even if we had national health insurance, they would probably not be covered.

The number also fails to take full account of Medicaid, the government’s health program for the poor. For instance, it counts millions of the poor who are eligible for Medicaid but have not yet applied. These individuals, who are healthier, on average, than those who are enrolled, could always apply if they ever needed significant medical care. They are uninsured in name only.

The 47 million also includes many who could buy insurance but haven’t. The Census Bureau reports that 18 million of the uninsured have annual household income of more than $50,000, which puts them in the top half of the income distribution. About a quarter of the uninsured have been offered employer-provided insurance but declined coverage.

Of course, millions of Americans have trouble getting health insurance. But they number far less than 47 million, and they make up only a few percent of the population of 300 million.

Any reform should carefully focus on this group to avoid disrupting the vast majority for whom the system is working. We do not nationalize an industry simply because a small percentage of the work force is unemployed. Similarly, we should be wary of sweeping reforms of our health system if they are motivated by the fact that a small percentage of the population is uninsured.

Filipe Castro disse...

Ohohoh! Não sei quem é que escreveu este texto, mas deixe-me só fazer dois comentários:

A taxa de pobreza diminuiu drasticamente nos EUA quando George W baixou a fasqia da pobreza. :o) Lembr-me deter mandado a noticia (do NYT?) quando W resolveu que agora só é pobre quem vai aos food stamps.

Os sistemas publicos de saude nao fazem prevencao. Portanto é injusto dizer que se tem umapopulacao coberta por um sistema publico, quando uma aluna minha - que tinha tonturas, dores de cabeca e desmaios nao tinha quem lhe fizesse um tac. Os pobres têm de cair na rua, serem levados para as urgencias e esperarem que os cancros os as doencas cardio-vasculares sejam trataveis em poucas semanas e com tratamentos acessiveis.

Filipe Castro disse...

E esqueci-me de acrescentar: a percentagem de agregados familiares que ganha menos de 30 k por ano ( 20k euros) é mais de 35%. Aqui não há transportes públicos: quem quer 'food stamps' tem de ir a pé.

Por outro lado (também me esqueci de acrescentar), os gastos astronomicos do sistema de saude publica estao directamente relacionados com a disfuncionalidade de um sistema que nao faz prevencao: quando as pessoas finalmente colapsam na rua ou no emprego os tratamentos sao muito mais caros e incomparavelmente mais longos.

E so mais uma coisa. :o) O presidente Eisenower disse muitas vezes que um porta avioes custa o mesmo que dois hospitais completamente equipados a funcionar em pleno.

Poupar dinheiro nunca foi uma prioridade da escumalha que tomou a casa branca de assalto ha 7 anos.

David Lourenço Mestre disse...

O numero que apresenta - 30k - nao faz muito sentido na realidadee norte-americana. Tal como nao o faria na europa. Porquê? porque o custo de vida e salarios variam de estado para estado. Dentro dos estados unidos há eslovenias e há luxemburgos. Há estados com 26k e há estados com 80k. Sao realidades distintas. Mas estou de acordo, possivelmente, a eslovenia em nivel de vida é capaz de ser mais promissora que o alabama a medio prazo

Filipe Castro disse...

Qualquer dia estamos sempre de acordo! :o)