domingo, 5 de agosto de 2007

E um presidente com sentido de humor

Contaram-me uma história que se terá passado num almoço entre um aristocrata muito conhecido e um chefe de estado africano. O aristocrata estava a aborrecer o pobre presidente com a história dos antepassados dele e o presidente interrompeu-o e disse-lhe que também tinha sangue inglês na família. O aristocrata deve ter arregalado os olhos e o presidente explicou-lhe: o meu bisavô comeu um missionário inglês!

19 comentários :

RioDoiro disse...

Boas,


Fiz um link:

http://range-o-dente.blogspot.com/2007/08/arauto.html

.

Marco Oliveira disse...

Já conhecia!
:-)

Anónimo disse...

Gastronomicamente falando, clro.

dorean paxorales disse...

Não resisto ao preconceito: e este presidente da república africano foi eleito por sufrágio universal ou...?

Cumprimentos

Igor Caldeira disse...

Provavelmente terá ascendido ao poder de forma tão pouco democrática quanto os antepassados das nossas actuais elites políticas económicas. Por detrás de um grande nome está sempre um passado de violações, saques, pilhagens, guerras e alguns outros grandes feitos.

dorean paxorales disse...

"os antepassados das nossas actuais elites políticas económicas."

quer dar exemplos?

Igor Caldeira disse...

Todos. Basta o facto de se casarem entre si para todos terem alguma ascendência aristocrática. Ora, como é por todos sabido, só alcançava o estatuto de nobre quem tivesse morto um número suficiente de pessoas, violado um número apreciável de mulheres, saqueado uma quantidade apreciável de bens, traficado escravos acima de um mínimo aceitável.
Depois de atingido o estatuto, havia que o manter. E isso implicava saquear mais, violar mais, traficar mais e bom, basicamente viver do trabalho imposto a outrém, tratasse-se de escravos, servos da gleba ou qualquer outro estatuto que fosse necessário para que os "nobres" o pudessem ser.

dorean paxorales disse...

E essa historia passa-se quando?

Igor Caldeira disse...

Não vamos recuar muito. Entre o século V e o século XVIII basta.

dorean paxorales disse...

Hum... Não estou a ver nenhum membro do complexo corporativo descendente de aristocratas do século XVIII.
O seu exemplar "todos" soa-me a "todo o mundo e ninguém".

Anónimo disse...

Excelente.

4 hero

Anónimo disse...

traficado escravos acima de um mínimo aceitável

Nenhum homem que tivesse trabalhado como um vil mercador podia ser nobre: lamento, mas esta não cola...

P.S. - Querer comparar pessoas com os quadros mentais do séc. V às do séc. XX é obra...

Igor Caldeira disse...

JV, vai então dizer-me que não houve nobres a lucrar com o comércio de escravos. Muito bem.

Pegue em alguém que acredita no século XX na superioridade de uns indivíduos sobre os outros devido à sua ascendência. Ele provavelmente não vai defender a servidão. No entanto, com esse quadro mental, no século VII defendê-la-ía.
De facto, e ao contrário do que diz, o quadro mental é o mesmo. O que muda são as opções concretas. E por vezes até nisso ponho as minhas reticências...

Anónimo disse...

Pegue em alguém que acredita no século XX na superioridade de uns indivíduos sobre os outros devido à sua ascendência. Ele provavelmente não vai defender a servidão. No entanto, com esse quadro mental, no século VII defendê-la-ía.

Mas é exactamente aí que reside a diferença crucial, Igor: as pessoas de hoje não pensam como as de há 1300 anos.
O que V. dizia, referindo-se à aristocracia europeia, é que só alcançava o estatuto de nobre quem tivesse morto um número suficiente de pessoas, violado um número apreciável de mulheres, saqueado uma quantidade apreciável de bens, traficado escravos acima de um mínimo aceitável: e dizia-o de forma a justificar a ascenção das elites políticas africanas pela violência no séc. XX.
Perante isto, limitei-me a apontar-lhe o pequeno pormenor de essa aristocracia europeia ter vivido algures na Idade Média, período em que os esquemas mentais vigentes consideravam essas actividades normais, e os tais políticos africanos no séc. XX, período em que tais atitudes já eram condenadas de forma veemente pela Humanidade. Ou seja, comparar quem matou, violou, pilhou e traficou no séc. VII, com quem pilhou, traficou, violou e matou no séc. XX, é um erro crasso.

Anónimo disse...

JV, vai então dizer-me que não houve nobres a lucrar com o comércio de escravos. Muito bem.

Não, não lhe vou dizer o que lhe fazia jeito, mas apenas o que disse: ninguém ascendia a nobre depois de ter sido mercador. Não digo que não ganhassem dinheiro com isso, mas a sua frase - como citei - era que ninguém chegava a aristocrata sem ter traficado escravos acima de um mínimo aceitável.
O nobre ganharia dinheiro com os escravos, decerto; mas não se dedicava à sua venda, como o Igor afirmou.

Anónimo disse...

Perdão: não chegava a esse estatuto em razão de os ter vendido, nem se dedicava à sua venda. Assim é mais rigoroso.

Igor Caldeira disse...

Não se trata de justificar a ascensão das elites políticas africanas do século XX. Estou a dizer que todas as aristocracias de todos os tempos precisam para ascender e/ou se manter no tempo de recorrer a expedientes eticamente menos aceitáveis - as variações históricas são pouco relevantes porque o objectivo é que é inaceitável. Que importa que no s+eculo XVI se trafique escravos e no século XX se feche operárias numa fábrica arder ou que só se permita ascensão de alguém dentro de uma empresa porque ele é o filho de X ou de Y? O desejo de poder a todo o custo é o que anima as várias atitudes. Pelo contrário, a meritocracia obriga os indivíduos a valerem-se por si próprios e não pelo apelido, pelos pais ou pelo dinheiro.

É isto que digo e creio não estar a abusar quando digo que esse também é o sentido dos posts do Filipe Castro (o próprio que me corrija se eu estiver errado).

Anónimo disse...

Não se trata de justificar a ascensão das elites políticas africanas do século XX.

Então, interpretei-o mal. Peço desculpa.

João Vasco disse...

É confuso ver outra pessoa a assinar como "jv"...