terça-feira, 10 de abril de 2007

A trapalhada

Há sentido de oportunidade em fazer coincidir o inquérito público às habilitações académicas de José Sócrates com a crise da Universidade Independente. Mas, sinceramente, já me perdi nos detalhes. Sei que o nosso Primeiro tem equivalências elencadas com minúcia nos jornais e que a data de licenciatura caiu num domingo. Não vejo aí nada de especial. Depois dizem que os colegas de turma só o viam nos exames, o que me dá vontade de rir (em modo cúmplice). O minimamente grave são as discrepâncias entre as notas de pauta e de diploma, mas mesmo aí sei que há precedentes. (O problema é parecerem sistemáticas.) Resumindo: não há quase nada de substancial que não possa ser atribuído ao mau trabalho de secretaria da Independente.
O pior é a imagem que fica. E a imagem que fica é a de um tipo que tem um percurso académico sinuoso e intermitente (bacharelato em Coimbra, transferência para o ISEL quando era deputado, conclusão do curso na Independente quando era ministro), que termina o curso em faxes de papel timbrado do Ministério, e que provavelmente era amigo de quem mandava na Universidade. Em política, há imagens que matam. E Sócrates não se livrará da imagem de licenciado honoris causa...

2 comentários :

no name disse...

mas só num país pequenino e mesquinho em que todos querem ser "doutores" é que as pessoas se preocupam com os graus de licenciatura dos outros... não consigo perceber que pode interessar se uma pessoa é licenciada ou não (ainda para mais quando, no entretanto, fez mestrados e pós-graduações), desde que cumpra eficazmente o seu trabalho (e, goste-se ou não se goste da sua política, não tem sido melhor ou pior primeiro-ministro que outros que se diziam doutorados ou melhores alunos do técnico...). toda esta história é patética: é o caso "lewinski" nacional. rídiculo!

Anónimo disse...

Acho no entanto que a estoria andou estranhamente encoberta por muito tempo. Segundo o Portugal Profundo desde 2005!

Já podia ter rebentado á muito mais tempo mas devido á relutancia do nossos jornalistas em fazer "jornalismo de sarjeta".