terça-feira, 17 de abril de 2007

Revista de blogues (17/4/2007)

  1. «O Papa Bento XVI juntou-se ao crescente grupo dos que criticam a teoria da evolução sem perceber o que é a evolução, a teoria, ou mesmo a ciência (1). Os erros são os do costume. Antropomorfismo («quem é esta ‘natureza’ ou ‘evolução’ como sujeitos?»), confundir selecção natural com acaso, evolução como visando um propósito racional, e até a tal argolada de não poder ser provado porque não se pode fazer em laboratório. Esta merece um comentário. Não testamos uma ponte de três quilómetros num laboratório com rio, vento e tempestades durante trinta anos. A ciência permite extrapolar do estudo detalhado dos materiais a pequena escala o que vai acontecer à ponte mesmo antes de a construir. (...) Mas o que me traz aqui são as «diferentes dimensões da razão», uma ideia que este Papa gosta muito. (...) Não há várias dimensões da razão. Há apenas a necessidade de alguns de arranjar um cantinho onde esconder as suas superstições das evidências que as refutam. E isso não é razão; é precisamente o contrário.» («Dimensões da Razão», no Que Treta!)
  2. «O pensamento científico não parte deste ou daquele pressuposto para depois aceitar as suas consequências. Isso é o que faz o pensamento religioso: aceita, por exemplo, que um determinado livro tradicional, registo escrito de tradições orais anteriores, emana directamente de Deus — e raciocina a partir daí. Na ciência interroga-se tudo. Na religião aceita-se por fé mitos fundadores — que um homem nasceu de uma virgem, que esse homem depois de morto ressuscitou, no caso do cristianismo — cuja veracidade não pode ser colocada em causa sem se ser considerado blasfemo e contra a ortodoxia. Filosofar e fazer ciência é ser heterodoxo, interrogar e pôr tudo em causa. Dar respostas fechadas, que confortam os crentes, é o que faz a religião. São atitudes muito diferentes.» («Os pressupostos», no De Rerum Natura.)

4 comentários :

Anónimo disse...

Um simples comentário a este debate ciência vs. religião, que se vai agudizar muitíssimo nos próximos anos, com as especulações cada vez mais metafísicas da física quântica e afins.

É que podemos estar a um pequeno passo de compreender... ou admitir!... o que é a consciência "elementar", por assim dizer, para além daquilo que hoje entendemos por essa palavra, no sentido psico-fisiológico mais vasto do termo.

E a verificar-se esse autêntico "salto evolutivo" na moderna ciência, talvez se tenha de reescrever o axioma máximo do materialismo moderno, já que possivelmente há uma certa "consciência" que não é o produto da matéria altamente organizada, mas que será, no mínimo, contemporânea dessa mesma matéria/energia, formado assim uma surpreendente "originalíssima trindade" - matéria, energia, consciência - e dando à própria evolução outra verdade!

Just some food for thought... that my awareness has brought! :)

(And the name of the game is TAO... anyhow! ;))

Ricardo Alves disse...

Caro «leprechaun»,
quando é que a «consciência» começou? Com o australopithecus? Com o «primeiro» homo sapiens? Com o neolítico? Com a escrita? Os neanderthal tinham consciência?

Reflicta nestas questões e depois diga qualquer coisa.

Anónimo disse...

Tudo indica que a consciência começou quando Deus criou o homem à sua imagem e semelhança. Não há qualquer outra explicação. O mesmo sucedeu com a linguagem. Esta começou quando Deus criou o homem à sua imagem e semelhança. Não existe qualquer outra explicação.

Anónimo disse...

Se na ciência se interroga tudo, não se percebe o nervosismo e a histeria quando alguns criticam a teoria da evolução a partir de um ancestral comum, especialmente considerando que ninguém sabe quem foi ou o que era e como surgiu esse ancestral comum!