quarta-feira, 18 de abril de 2007

O mundo do PNR e o meu

Como sou imigrante escuso-me de comentar as opiniões do PNR aqui. Aliás, o Fernando Pessoa explicou bem (e definitivamente, acho eu) o fenómeno: as pessoas mais educadas têm uma relação mais descontraída com a mudança e as novidades do que as pessoas ignorantes.

Mas hoje fui levar os meus filhos à escola e lembrei-me da história do cartaz do PNR. Os amigos dos meus filhos aqui chamam-se Ross, Pancho, Yuri, Peng Peng, Mohamed, Juan, Noah, etc. Uns são protestantes, outros católicos, outros ateus, outros judeus, outros muçulmanos; e o meu filho costuma subir para cima de uma cadeira no refeitório e gritar coisas sobre a religião ser o ópio do povo (estamos a trabalhar neste problema e a explicar-lhe que não é necessário celebrar a diferença e alardear as nossas convicções com tanto empenho)... :-)

Mas é delicioso ver estes miúdos, todos com culturas diferentes, a falarem línguas diferentes em casa, a comerem coisas diferentes e a brincarem juntos sem qualquer problema. Aos nove anos são completamente descontraídos em relação às diferenças entre as pessoas: o aspecto físico, as roupas, as opiniões... nada disto lhes faz confusão.

Espero que eles cresçam assim, sem o pavor labrego do que é diferente, estrangeiro, ou desconhecido.

2 comentários :

Ricardo Alves disse...

O teu filho é o meu herói, mas acho que o tribalismo começa depois dos nove anos... ;)

Filipe Castro disse...

Pois é. Temos que os manter sempre por perto e ir fazendo troça dos amigos deles qie querem ser "marines" para ir matar os "maus".