quarta-feira, 23 de setembro de 2009

Factos a reter

  • «Na Europa é usual as esquerdas entenderem-se. Em França há muito que se entenderam para um “programa comum”, o qual tem tido tradução governativa em várias legislaturas desde 1981. Actualmente, no PSF discute-se a hipótese de alianças que vão dos centristas (MoDem) até à “esquerda radical”. Em Espanha, o PSOE já fez uma coligação pré-eleitoral com a Izquierda Unida (2000), e governou com o seu apoio e o da “Esquerda Republicana da Catalunha” (2004-08). Em Itália, desde 1994 que tem havido várias coligações incluindo as várias esquerdas e o centro. No Chipre, os renovadores comunistas do AKEL (o maior partido, que governa o país e do qual é oriundo o presidente) também têm sabido entender-se com os outros partidos. Na Dinamarca, Finlândia, Noruega e Suécia, há muito que os sociais-democratas se entendem com a esquerda pós comunista e libertária para soluções de governo.» (Ladrões de Bicicletas)
Neste contexto, é estranho que Francisco Louçã seja tão taxativo em negar qualquer acordo com o PS depois de Domingo.

12 comentários :

no name disse...

dependente do que consideras "um acordo", o bloco pode estar numa loose loose situation. se vai para o governo em coligação, perde a "aura moralista" ao ter de se comprometer com o pragmatismo e perde votos. se fica no eterno contra, contribuindo para a instabilidade e a falta de soluções, segue a perder votos. parece-me, assim, que o bloco encara um problema de crescimento para depois destas eleições, e não sabem ainda muito bem como o resolver. daí rejeitarem todas as alternativas (com a excepção da de serem, sózinhos, maioria absoluta, um pouco alucinativo mesmo com drogas leves...).

a solução minimalista, parece-me, será a de aceitarem a posição de consciência "radical" do PS, pressionando nesse sentido na assembleia, mas entrando em acordos para aprovar o programa, os orçamentos, e inviabilizar moções de censura. mas não arrisco prognósticos sobre qual vai ser a posição a escolher.

o que sigo é a insistir que todos esses cenários vão ser muito interessantes de analisar SE E SÓ SE o PS ganhar as eleições. assim, segue o apelo ao voto útil!

Ricardo Alves disse...

(Estás a ficar monotemático com essa do voto útil...)

Louçã está a ser taxativo mesmo a negar um «acordo» (parlamentar?).O que significa que, ou está a fazer bluff, ou o Sócrates vai ter que telefonar ao Jerónimo para aprovar o orçamento.

João Vasco disse...

A impressão que tenho pela campanha da CDU, é que um acordo PS-CDU é menos improvável que um acordo PS-BE.

no name disse...

concordo com o JV, ou pelo menos fiquei com essa impressão dos debates. a CDU também seria mais disciplinada que o BE, por questões de organização interna... mas esse acordo parlamentar já o ouvi o louçã dar como uma hipótese menos remota que as outras (não me lembro onde o vi...).

e sim, serei monotemático até domingo ;-)

Anónimo disse...

Não é acordo parlamentar, é viabilizar politicas com que o BE concorde e só...

Aliás durante toda esta legislatura, o BE e o PCP votaram ao lado do PS muitas propostas, só que nas questões decisivas o PS teve o apoio do PSD e até do CDS.

Quanto a alianças julgo que a hipotese do PCP-PS pode ser uma realidade, o PS não ataca o PCP e faz do Bloco o seu adversário principal, isto pode querer dizer alguma coisa...

Ricardo Alves disse...

Parece-me que o PCP tem menos a perder: um eleitorado mais fidelizado, maior coerência interna, maior implantação fora do Parlamento. O único contra relativamente ao BE é a maior distância comparativa PS-PCP.

João Vasco disse...

Ricardo Alves:

O Louçã e muitos militantes do Bloco rejeitam que o PCP esteja à esquerda do BE.

É verdade que o facto do BE não hesitar em denunciar os totalitarismos vários que embaraçam o PCP (Estalinismo, o regime cubano, a Coreia do Norte, a Angola de José Eduardo dos Santos) o aproxima mais do PS.

Mas em termos programáticos, as diferenças ao nível das propostas são menos radicais:

http://delitodeopiniao.blogs.sapo.pt/662325.html

João Vasco disse...

É verdade, o facto do BE ter uma cultura mais amiga do pluralismo que o PCP também o aproxima mais do PS.

Posto isto, mantenho o que tinha escrito.

Filipe Moura disse...

Um acordo entre o PS e o PCP invalidaria que o PCP continuasse a ser o partido da "rua", do protesto, que é o que hoje é. Iria entregar esse papel ao BE, e isso o PCP não quer.

O PCP hoje, com esta direcção, não é um partido de poder. Podem ocorrer alianças a nível autárquico (mas nem essas o PCP quer!), mas não a nível nacional.

templario disse...

Este Louçã sabe-a toda.

A esquerda deve votar Sócrates

Ricardo Alves disse...

«Iria entregar esse papel ao BE, e isso o PCP não quer»

A relação entre PCP e BE, face à colaboração com o PS, é um caso clássico do «dilema do prisioneiro».

Anónimo disse...

Tanto em França como em Itália, as coligações à esquerda deram vida longa de muitas décadas ao governos de direita. De tal modo, que a cultura dos países se deslocou para a direita. Assim, a extrema-direita conseguiu votações impressionante em França, e em Itália a extrema-direita controla a Câmara de Roma, sendo uma força nacional relevante. A filha de Mussolini é uma figura de destaque e chega a ter representantes no Parlamento Europeu.
Por isso, e como em política se deve pensar a médio-longo prazo, há que ter cautela redobrada quando se contempla qualquer tipo de aliança entre o PS e o PCP ou o BE.
Na Alemanha os verdes têm força regional e têm programas pragmáticos. Em Portugal, o PCP criou aquela fantochada do PEV para ocupar esse espaço (i), para se poder apresentar às eleições com um nome que não assuste tanto as pessoas (ii), e para ter mais tempo de antena no parlamento (iii).
Nestes termos, e citando o PM Pinheiro de Azevedo - "vão todos para a Bardam***!"