A citação que se segue é dedicada a estes e estes, e também a alguns destes.
- «Pelo que se refere à liberdade económica, sabem já há muito todos os meus leitores da Seara Nova ser minha opinião que o "soi-disant" liberalismo económico nada tem que ver com a liberdade intelectual e política, pois que se não funda em razões de direito, no respeito da pessoa humana, mas numa pura concepção económica ou em interesses egoístas de classe. Pode-se ser partidário da liberdade económica (por exemplo, a Associação Comercial de Lisboa) sem se comungar o liberalismo político, como se pode ser partidário do liberalismo político sem partilhar o liberalismo económico. São dois conceitos que estiveram logicamente ligados, numa das fases dialécticas da Revolução, mas que o não estão logicamente. Há, pois, que dissociá-los.
- Disse que essas duas espécies heterogéneas do liberalismo nada tinham que ver uma com a outra. Não exprimi afinal com inteira fidelidade o meu pensamento. Creio, com efeito, que todo o liberalismo intelectual e político leva logicamente ao intervencionismo económico, pois que não pode haver liberdade para todos os homens, se nem todos têm garantido um mínimo de independência. Donde o não se incorrer em nenhuma espécie de contradição ao copular, como tantas vezes tenho feito, estas duas palavras: socialismo liberal.
- E não pense V. Exª que estou isolado. Como eu, falava Jaurés, quando afirmava que o socialismo é o "individualismo lógico e completo".» (Raúl Proença, Seara Nova, nº239, 19 de Fevereiro de 1931.)
A distinção já se fazia em 1931. Ainda hoje é necessário recordá-la.
3 comentários :
Já em 1931 havia quem entendesse que um homem pode ser livre sem ter o direito ao produto do deu trabalho.
Ainda hoje há quem entenda que um homem pode ser livre mesmo que não tenha acesso à alimentação, ou saúde.
«anónimo»,
se pagar impostos é perder a liberdade, então tem uma concepção bastante subalterna de liberdade.
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