Admito perfeitamente que o Charlie Hebdo irrite muita gente muitas vezes. Também me irrita a mim muitas vezes: irritam-me publicações do tipo do Charlie Hebdo. Irrita-me o engraçadismo em geral, para usar a expressão de Pacheco Pereira. Também frequentemente me irritam o DN, o Público, o Expresso, A Bola, o Record, o Jogo e, menos frequentemente (porque não os levo tão a sério), o Correio da Manhã e o Sol. Mas isto é um problema meu. Só meu.
Mais do que irritar, admito perfeitamente que o Charlie Hebdo ofenda muita gente com muitos dos seus clichés. Mas para isso há bons remédios. Se alguém nos ofende, se nos injuria e difama, devemos recorrer aos tribunais. Tirando estes casos, as ideias combatem-se e defendem-se no debate político, que deve ser aberto e livre. Ninguém pode ser silenciado pelas suas ideias. Muito menos morto. É assim que eu quero viver. E é claro que, mesmo que se ganhe o debate político, haverá sempre notícias que nos irritam: o mundo não é perfeito; a vida não é um mar de rosas. Ninguém tem o direito de calar os outros só porque escrevem coisas que não agradam. Muito menos matar. É uma base da nossa civilização que demorou séculos a ser construída e de que não podemos abdicar por nada. Quem quer viver entre nós tem de a aceitar. Na verdade creio que todo o mundo a deveria aceitar: a liberdade de expresão e pensamento é um direito fundamental.
Mais do que irritar, admito perfeitamente que o Charlie Hebdo ofenda muita gente com muitos dos seus clichés. Mas para isso há bons remédios. Se alguém nos ofende, se nos injuria e difama, devemos recorrer aos tribunais. Tirando estes casos, as ideias combatem-se e defendem-se no debate político, que deve ser aberto e livre. Ninguém pode ser silenciado pelas suas ideias. Muito menos morto. É assim que eu quero viver. E é claro que, mesmo que se ganhe o debate político, haverá sempre notícias que nos irritam: o mundo não é perfeito; a vida não é um mar de rosas. Ninguém tem o direito de calar os outros só porque escrevem coisas que não agradam. Muito menos matar. É uma base da nossa civilização que demorou séculos a ser construída e de que não podemos abdicar por nada. Quem quer viver entre nós tem de a aceitar. Na verdade creio que todo o mundo a deveria aceitar: a liberdade de expresão e pensamento é um direito fundamental.
3 comentários :
Se alguém nos ofende, se nos injuria e difama, devemos recorrer aos tribunais.
Ah pois. Em Portugal o Charlie nunca teria sido destruído à bomba nem os seus caricaturistas mortos. Teria sido destruído por sucessivos processos em tribunais e os seus caricaturistas arruinados por pedidos de indemnizações. É a liberdade de imprensa à portuguesa. Com a concordância do Filipe.
Aqui concordo com o Luís. Se o Tribunal pudesse ter "calado" os cartoons também seria revoltante.
E também é verdade que em Portugal as pessoas aceitam um pouco melhor esse tipo de "censura" (séculos de inquisição e décadas de estado novo podem ajudar a explicar), tanto é que somos recordistas em indemnizações que o Tribunal Europeu dos Direitos Humanos obriga a pagar pelo facto das nossas leis e sistema de justiça tantas vezes limitarem esse direito fundamental que é o da liberdade de expressão.
O Charlie Hebdo "também" irrita o Filipe Moura? Este título intriga-me. Em paralelo com quem?
É que para aqueles criminosos não é de mau gosto que se trata. É de intransigência ideológica que advoga a morte de todos os que ousam criticar o Islão seja de que forma for.
O Charlie Hebdo foi escolhido pela sua visibilidade, creio, mas para esta gente tanto faz que seja um jornal ou uma creche.
Se o intuito do post é somente dizer que o Filipe coloca a liberdade de expressão acima do suposto direito a não ser ofendido, dizer que partilha do sentimento de modesta irritação que os autores do Charlie Hebdo provoca nalgumas pessoas quando 12 pessoas foram mortas a sangue frio à frente dos amigos e colegas parece-me uma forma muito infeliz de o fazer.
Quanto a recorrer aos tribunais quando não gostamos do que vemos, não vejo que sentido faça a menos que se trate de acusações muito graves como é o caso de crimes, o que não é o caso.
E também não sei o que é isso do "engraçadismo" senão um neologismo de quem não compreende o humor de que não se consegue rir.
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