Muito se tem criticado o PCP por ter concedido pelouros aos dois vereadores eleitos pelo PSD em Loures, de forma a ter uma maioria. Pode criticar-se tal atitude, mas convém ter em vista outros aspetos.
A decisão é coerente com o modelo de gestão que o PCP defende para as autarquias, que é diferente do que defende o PS.
O PS não tem moral nenhuma para criticar o PCP em Loures, depois de se coligar com os monárquicos apoiados pelo CDS no Porto. O Bloco talvez a tenha - o Bloco julga-se com moral para criticar toda a gente. Quando o Bloco for um partido autarquicamente relevante, as suas críticas talvez possam ser levadas mais a sério.
O PCP ganhou as eleições em Loures contra o PS. Criticando a gestão anterior do PS. Seria portanto pouco expectável um entendimento PCP-PS em Loures - é natural.
Acho pouco saudáveis estas distribuições de cargos autárquicos, e julgo que estes entendimentos (em Loures, no Porto, em outros locais) entre a esquerda e a direita que está a destruir o país são de evitar. Mas também não os excluo em casos excecionais como o Funchal (de onde de resto o PCP se excluiu).
De resto, registo com agrado a preocupação com a governabilidade que o PCP revela nas autarquias, e que o leva a procurar acordos. Só lamento que esta postura não seja a mesma na política nacional.
A decisão é coerente com o modelo de gestão que o PCP defende para as autarquias, que é diferente do que defende o PS.
O PS não tem moral nenhuma para criticar o PCP em Loures, depois de se coligar com os monárquicos apoiados pelo CDS no Porto. O Bloco talvez a tenha - o Bloco julga-se com moral para criticar toda a gente. Quando o Bloco for um partido autarquicamente relevante, as suas críticas talvez possam ser levadas mais a sério.
O PCP ganhou as eleições em Loures contra o PS. Criticando a gestão anterior do PS. Seria portanto pouco expectável um entendimento PCP-PS em Loures - é natural.
Acho pouco saudáveis estas distribuições de cargos autárquicos, e julgo que estes entendimentos (em Loures, no Porto, em outros locais) entre a esquerda e a direita que está a destruir o país são de evitar. Mas também não os excluo em casos excecionais como o Funchal (de onde de resto o PCP se excluiu).
De resto, registo com agrado a preocupação com a governabilidade que o PCP revela nas autarquias, e que o leva a procurar acordos. Só lamento que esta postura não seja a mesma na política nacional.
3 comentários :
Filipe, "a preocupação com a governabilidade que o PCP revela nas autarquias", é na verdade a preocupação em ter funcionários pagos. Os eleitos a cargos permanentes do PCP passam a ser funcionários. Se aceitarem o pelouro sem pasta podem manter perfeitamente a governabilidade, criticando na mesma o executivo, mas... perdem o salário de vereador...
Relembro que o PCP decidiu em congresso não fazer qualquer aliança para as autárquicas. Obviamente, à posteriori depois aceitam os tachos e abraçam os programas direita. Por exemplo, em Coimbra fizeram parte de executivos de direita e nunca se opuseram à escandaleira que aqui foi da especulação imobiliária. Quem denunciou e ganhou os processos em tribunal foram aderentes do Bloco.
O PCP é um partido onde se cultiva o pequeno tachismo, onde não se renovam quadros, têm eleitos que estão nas assembleias municipais há mais de 30 anos. Os funcionários afastam os jovens para manter o tacho. E claro, aproveitaram o buraco que a lei tinha para manter os seus dinossauros eleitos.
Só para concluir, sublinho também que não gosto nada das atitudes moralisras e/ou estalinistas que o Bloco tem sempre que há algum acordo com PS ou com alguma coisa considerada vagamente de direita.
Rui Silva (não sei porque não apareceu o meu nome na resposta anterior)
é na verdade a preocupação em ter funcionários pagos
Excelente observação.
Aliás, toda a reforma da lei eleitoral autárquica que se tem discutido gira no fundo (mas sem que isso seja jamais dito em público) à volta deste tema: permitir ou não permitir que os partidos minoritários adquiram funcionários pagos (pelos contribuintes).
No fundo, o problema é este: uma democracia é mais cara do que uma ditadura. Porque, na ditadura, o povo apenas tem que pagar salário àqueles que estão no poder, enquanto que numa democracia também tem que pagar algum aos que estão na oposição.
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