Quem conhece a História da 1ª República e do papel que desempenhou no apressar do seu final uma organização chamada «Cruzada Nacional Nuno Álvares Pereira», não pode deixar de ficar incomodado por ver na «Comissão de Honra» da «Canonização» desse cavaleiro medieval o Presidente da República, o Presidente da Assembleia da República, o ministro dos Negócios Estrangeiros e o Chefe do Estado Maior General das Forças Armadas.
Evidentemente, não se questiona o direito individual a acreditar em intercessões de além-túmulo seja de quem for, mesmo com a finalidade comezinha de curar uma queimadela de óleo de fritar peixe. Simplesmente, quem ocupa altos cargos de um Estado democrático e laico apenas deveria participar neste género de homenagem, se a consciência a isso o obriga, como cidadão privado e discreto, sob risco de estar a comprometer-se numa manobra que poderá ter aproveitamentos políticos e religiosos perigosos e indesejáveis.
Um Estado laico não patrocina crenças nem religiões; não promove igrejas nem cultos. A «canonização» de Nuno Álvares Pereira deveria ser um mero assunto privado entre os crentes católicos e a sua igreja, que decidiu certificá-lo com poderes de curandeiro post mortem, na curiosa data de 26 de Abril. Que algumas das principais figuras do Estado endossem esta campanha clerical, a pouco mais de um ano da comemoração da implantação da República, demonstra que não têm memória histórica da exploração nacionalista que o Estado Novo fez desta figura, e que não compreendem que a laicidade não é a mera separação entre Estado e igreja.
Evidentemente, não se questiona o direito individual a acreditar em intercessões de além-túmulo seja de quem for, mesmo com a finalidade comezinha de curar uma queimadela de óleo de fritar peixe. Simplesmente, quem ocupa altos cargos de um Estado democrático e laico apenas deveria participar neste género de homenagem, se a consciência a isso o obriga, como cidadão privado e discreto, sob risco de estar a comprometer-se numa manobra que poderá ter aproveitamentos políticos e religiosos perigosos e indesejáveis.
Um Estado laico não patrocina crenças nem religiões; não promove igrejas nem cultos. A «canonização» de Nuno Álvares Pereira deveria ser um mero assunto privado entre os crentes católicos e a sua igreja, que decidiu certificá-lo com poderes de curandeiro post mortem, na curiosa data de 26 de Abril. Que algumas das principais figuras do Estado endossem esta campanha clerical, a pouco mais de um ano da comemoração da implantação da República, demonstra que não têm memória histórica da exploração nacionalista que o Estado Novo fez desta figura, e que não compreendem que a laicidade não é a mera separação entre Estado e igreja.
[Esquerda Republicana/Diário Ateísta]
8 comentários :
Do linque:
"Em 1936 passa a presidir à direcção do movimento o general Augusto Manuel Farinha Beirão, comandante da Guarda Nacional Republicana, que ainda coronel se havia distinguido na defesa do regime do Estado Novo durante as revoltas de 1931.
A organização extinguiu-se em 1938, no âmbito da consolidação do regime e da assunção do papel de partido único pela União Nacional."
Agora já percebi por que razão os “canhotos rapublicanistas” estão todos mofados com a canonização de Nuno Alvares Pereira.
É que o fim da carraça imunda que foi o esgoto a céu aberto da 1ª república, terminou muito antes daquilo que eles queriam e culpam por isso a Igreja – sobretudo não se cumpriu a profecia do mefistofélico guru Costa – acabar com catolicismo em duas ou três gerações.
Se entendermos “Igreja” como o conjunto de todos os crentes anónimos, então sim, foi a Igreja que enterrou essa escumalha da 1ª república (primeira, única e, oxalá, a última)
Para mostrarem o seu descontentamento acenam com a bandeira da comemoração dos fatídicos 100 anos deste biltre regime. Não sei o que têm para comemorar, mas que já se engalanam, já!
Ora, o estado português é laico, mas não é ateu, nem sequer agnóstico.
A sociedade portuguesa é religiosa – posso até dizer católica.
Ao estado cabe reconhecer a cultura e os interesses da sociedade, e nunca opor-se a eles. O estado laico não pode ser anti-religioso (nesse caso já não seria laico), tal como não pode ser anti povo, anti-cultura lusa, etc. etc.
Logo, um estado laico tem que permitir, e apoiar todas as manifestações da cultura do povo. Evidentemente que o estado, sendo laico, não tem que aconselhar ninguém a seguir uma religião. Mas, paralelamente, não pode prejudicar a maioria, só porque uma escassa (e raquítica) meia dúzia acha que um estado laico é ateu. Ninguém tem culpa da ignorância das minorias.
Além disso, Nuno Alvares Pereira foi uma das figuras de relevo na História de Portugal, muito acima de todos os republicanos juntos, sobretudo daqueles que usaram os métodos nazis e fascistas, cuja nódoa facínora continua a turvar a mente de alguns “canhotos republicanistas”.
Um estado laico tem que permitir e apoiar todas as religiões enquanto o seu povo ( a sociedade) for religioso. E, sobretudo, tem que regozijar-se por tudo aquilo que enobrece o país.
Não pode dar ouvidos a carraças, muito menos contrariar a vontade do povo português.
E, que não está bem… muda-se!
Dorean,
que parte é que não entendeste?
«um estado laico tem que permitir»
Sim.
«e apoiar todas as manifestações da cultura do povo»
Não. Não tem que apoiar.
Ah, e há muitas maneiras de homenagear o Sr. Nuno Álvares Pereira. Até mais dignas do que esta de que se lembraram agora.
Oh zezinho, és mesmo igual em todo lado. Aqui na net e na vida real.
Embora aqui fales mais, pois estás encoberto.
Na vida real, quando akguém te põe na ordem calas-te bem caladinho.
Ricardo,
Deixa lá.
Ricardo:
Tenho pena dos inocentes, mas quando se armam em heróis, troco esse sentimento de uma certa compaixão por mera indiferença.
De nós os dois, aquele que "mais bem" pago para falar... devo ser eu!
És mesmo tu zezito...
Força, agora que já não és anónimo, podes continuar a colocar os teus disparates aqui.
Mas gostava de saber se me podes transmitir essa pena pelos inocentes pessoalmente?
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