segunda-feira, 24 de julho de 2006

Guerra no Líbano

Estava a ver as notícias sobre a guerra no Médio Oriente e a pensar que as pessoas que mandam hoje no mundo acreditam mesmo que a violência se pode estancar com violência.

Não é só a direita israelita (sempre obtusa, abrutalhada e supersticiosa) que pensa assim. Depois de seis anos de desastres miseráveis, à escala planetária, a Casa Branca e o governo Blair ainda acham que isto se resolve com tiros e com bombas (e continuam a defender a vingança irracional como um direito fundamental e uma prática moralmente justificável). Como o taxista israelita que disse a Tom Friedman nos anos oitenta que achava que Israel devia bater nos árabes até eles deixarem de os odiar (em From Beirut to Jerusalem).

A maioria das pessoas que eu conheço acredita que os governantes em geral sabem melhor que nós, ou pelo menos estão mais bem informados. Eu acho que se eles acreditam que se pode reprimir dois biliões de muçulmanos como se reprimiram os cátaros (com uma guerra religiosa decarada) é porque são estúpidos e estão mal informados.

Hoje os israelitas alvejaram uma ambulância e a BBC referiu a possibilidade de terem utilizado bombas de fósforo. Para se defenderem (com toda a razão) de um ataque terrorista e de um rapto perpetrado por uma organização criminosa – o Hezbolah é uma organização criminosa que devia ser destruída – os israelitas resolveram desatar a matar crianças, alvejar ambulâncias e destruir um país inteiro. Como estratégia parece-me um desastre absoluto, no curto, médio e longo prazos.

Aliás, acho que se hoje Israel é um estado religioso sem eira nem beira, cheio de psicóticos violentos e onde não há uma réstia de bom senso, é em resultado da receita bíblica que utilizada contra os palestinianos: olhos por olho, dente por dente, nós fomos escolhidos por Deus e os palestinianos são todos iguais. Assim desejo-lhes sorte.

7 comentários :

Marco Oliveira disse...

Filipe,
Achas mesmo que as coisas são assim tão simples?
Achas mesmo que este conflito é algo que se possa descrever de forma simplista, com os bons de um lado e os maus do outro?
Não há aí muita ingenuidade?
A realidade é mais complexa do que muitas vezes imaginamos.

Ricardo Alves disse...

Marco,
terás lido esta parte: «o Hezbolah é uma organização criminosa que devia ser destruída»?

Marco Oliveira disse...

Ricardo,
Manifestações de ódio mútuas podem ajudar alguém a tomar partido por uma das partes?

Deixa-me fazer uma analogia igualmente simplista (mas mais positiva): Israel tem acordos de paz com o Egipto e com a Jordania.
Isso é um sinal claro de que é possível haver paz entre os estados árabes e o Estado de Israel. Não acredito em ódios irreconciliáveis.

Ricardo Alves disse...

Marco,
há ódio a rodos de ambos os lados, mais explícito do lado do Hezbollah; e há violência a rodos também de ambos os lados, embora mais do lado do Tsahal. Nestas condições, não tomo partido. (Ou tomo partido contra os dois, se for possível...)
Esta guerra não vai resolver nada e só vai agravar problemas que já são complexos.

Marco Oliveira disse...

Ricardo,
Então estamos de acordo!

Filipe Castro disse...

Se calhar nao me expliquei bem. Acho que o Hezbolah e uma organizacao terrorista que se esta nas tintas para as vitimas de ambos os lados. E acho que Isreal e um estado terrorista que se esta nas tintas para as vitimas, desde que elas nao sejam judias. Por exemplo, do ponto de vista do estado israelita, o conceito de Holocausto nao se aplica aos ciganos).

Como a esmagadora maioria dos europeus, acho que nao ha aqui bons e maus. Sao todos maus.

Eu acho que nao tomei partido explicitamente, mas deixem-me tomar: estou do lado dos civis e das criancas.

Gil Gonzaga disse...

Enquanto houver um estado muito rico na região que fez da guerra a sua história apoiado pela alta finança da maior potência do planeta que por acaso até é em grande parte dominada por judeus que estão nos bastidores disto tudo e os vizinhos árabes os invejam as guerras nunca hão-de acabar.