Escrever o texto que se segue é uma experiência bastante frustrante.
É-me relativamente fácil identificar os erros e contradições da direita, ou de um grupo que me pareça bastante equivocado, mesmo correndo o risco de ser identificado como estando «do outro lado da barricada». A verdade é que as minhas diferenças de valores e prioridades são tais que, para a maioria dos efeitos práticos, eu estou do outro lado da barricada, a lutar para que a sociedade caminhe num sentido diferente e inconciliável.
Já em relação às pessoas que defendem a importância do decrescimento, o mesmo não se passa. Pelo contrário, sinto uma afinidade de valores, princípios e prioridades substancial.
Geralmente são pessoas que priorizam as várias dimensões da qualidade de vida (em particular o tempo livre e a saúde) em vez de sobrevalorizar a prosperidade material; são pessoas que valorizam uma distribuição equilibrada da riqueza e rendimento (nisto estão acompanhadas pela esquerda em geral); e finalmente são pessoas com a lucidez de compreender a importância da sustentabilidade ambiental da actividade humana, por oposição à forma míope como quase toda a sociedade desvaloriza essas questões e é incapaz de sacrificar qualquer migalha de prosperidade material no presente para evitar catástrofes de dimensões bíblicas no futuro próximo.
São também pessoas com consciência das limitações do PIB enquanto medida da criação de valor, e do erro social que é não dar a mesma ou maior importância a outro tipo de medidas (que corrigem ou atenuam algumas limitações do PIB) no âmbito do debate público.
Estas quatro razões, e outras, fazem com que a minha proximidade política com este movimento seja muito significativa, o que se consubstancia no abraçar das mesmas causas e bandeiras (exemplos: implementação de um RBI emancipador e progressista, implementação de taxas de carbono mais elevadas, urgência da reconversão energética, defesa da redução dos horários máximos - com prioridade face à subida do salário mínimo, medição (acrescida) por parte dos institutos nacionais de estatística de indicadores de desenvolvimento diferentes). Essa proximidade consubstancia-se também numa grande simpatia pessoal e relação de camaradagem relativamente às pessoas que conheço que se batem por estas ideias.
Estas quatro razões, e outras, fazem com que a minha proximidade política com este movimento seja muito significativa, o que se consubstancia no abraçar das mesmas causas e bandeiras (exemplos: implementação de um RBI emancipador e progressista, implementação de taxas de carbono mais elevadas, urgência da reconversão energética, defesa da redução dos horários máximos - com prioridade face à subida do salário mínimo, medição (acrescida) por parte dos institutos nacionais de estatística de indicadores de desenvolvimento diferentes). Essa proximidade consubstancia-se também numa grande simpatia pessoal e relação de camaradagem relativamente às pessoas que conheço que se batem por estas ideias.
No entanto, o texto que se segue expõe e fundamenta aquilo que me separa destas ideias.