quinta-feira, 13 de agosto de 2009

Fertilidade

Na sua coluna "What's New", o físico Robert Park escreveu o seguinte texto, que foi de seguida traduzido no blogue "De Rerum Natura":

«O axioma tem sido que os países mais prósperos são aqueles em que a fertilidade é menor. Mas, para além de um certo limiar de desenvolvimento, essa tendência já não se verifica de acordo com um relatório divulgado na quarta-feira pela revista "Nature". A Austrália, a Suécia, a França, os Estados Unidos e a Grã-Bretanha estão a experimentar modestos "baby boons". Os economistas, que se preocupam com o apoio a uma população envelhecida, julgam que isto são boas notícias. Não são. Indicador após indicador parecem mostrar que já superámos o limite de população que podemos sustentar sem um grave declínio ambiente.»

É bom que não nos esqueçamos disto, apesar daquilo que alguma propaganda vem fazendo crer. O problema não é o envelhecimento da população - é precisamente o contrário.

5 comentários :

Filipe Castro disse...

Pois, pois. Quando eu estive nas Filipinas, em 1995, estavam as mulheres TODAS grávidas de sete meses, porque o papa tinha lá estado sete meses antes a encorajá-las a terem filhos e a imprensa, certamente por acaso, tinha-se farto de mencionar o facto de que se a população católica não crescesse rapidamente, o mundo caía nas mãos dos perigosos muçulmanos.

Filipe Castro disse...

...e o membro do congresso (e da Fellowship, a mafia evangélica de Washington) Todd Tiahrt, acha que o aborto devia ser proibido para os cristãos poderem competir com as taxas de nascimento dos muçulmanos. Aqui:
http://citizensrevenge.wordpress.com/get-mad/the-family/secrecy-and-the-family/

Ricardo Alves disse...

As subidas nas taxas de natalidade nos países mencionados (França, Reino Unido, Suécia, EUA) devem-se sobretudo à população imigrante, que tem mais filhos do que a população «indígena».

Passa-se algo de semelhante em Portugal (embora em menor escala): ainda na semana passada veio nas capas dos jornais que 13% das crianças que nascem em Portugal são filhos de estrangeiros (e a população imigrante andará pelos 5%).

Portanto, a prosperidade não é o factor decisivo. Um exemplo ao contrário: não me parece que a prosperidade da China se traduza num aumento da natalidade.

E o neo-malthusianismo é daquelas profecias que já foram feitas e desmentidas dez vezes desde Malthus.

João Vasco disse...

Ricardo Alves:

O conceito central por detrás do Malthusianismo nunca foi desmentido, porque resulta apenas da constatação de que os recursos não são infinitos.

Agora se a ciência conseguiu adiar as consequências dessa catástrofe anunciada, isso não quer dizer que ela não esteja à porta.
O aquecimento global está aí para mostrar como o impacto humano sobre o ambiente já é excessivo HOJE, mesmo quando apenas uma percentagem reduzida da população mundial tem acesso ao conforto com que contamos no ocidente.
Quando mais pessoas puderem ter uma vida digna, mais os problemas ambientais se vão agravar. Nesta equação, mais população não dá jeitinho nenhum.

João Vasco disse...

Outra coisa: concordo que a prosperidade não é o factor decisivo, mas isso não é afirmado no texto.

Mas é relevante que em países prósperos a natalidade esteja a aumentar, pois um aumento de natalidade num país rico tem um impacto bem maior no meio ambiente que o mesmo aumento num país pobre. Filhos de emigrantes ou não (não faz diferença), a verdade é que o problema da superpopulação continua a ser uma ameaça.