sábado, 17 de fevereiro de 2007

Leituras recomendadas (17/2/2007)

  1. «Na segunda-feira a seguir ao referendo, não. Mas logo na terça-feira seguinte os telefones começaram de novo a tocar. Esgotado o tema do aborto, e passado à História o referendo e as intermináveis justificações para o «Sim» e para o «Não», de repente voltei de novo a ser entrevistado para televisões, jornais e revistas. Todos preparam agora novas reportagens de fundo sobre, disseram-me, o novo «tema fracturante» da sociedade portuguesa que aí vem: o casamento homossexual! Sim, o juiz da primeira instância bateu todos os recordes dos tribunais portugueses e indeferiu o primeiro recurso em cerca de três semanas. Sim, o processo aguarda decisão do Tribunal da Relação há mais de onze meses. Sim, nas sua alegações o iluminado Procurador do Ministério Público defendeu que o Estado deve providenciar que os portugueses só procriem dentro do casamento e que os homossexuais estão impedidos de constituir família. Sim, se a Relação indeferir, recorro para o Supremo Tribunal de Justiça e daqui para o Tribunal Constitucional. Sim, tenho mais esperança numa solução política e legislativa do que numa solução judicial.» («Os temas fracturantes», no Random Precision.)
  2. «O multiculturalismo parte de uma premissa que, na sua aparência, é nobre, a saber, a ideia de que todas as culturas devem ser respeitadas nas suas especificidades, e que nenhuma cultura se deve impor a outra. Decorre desta ideia politicamente correcta que nós, cidadãos de países livres, não devemos impor a nossa cultura aos outros. O corolário desta ideia, tão boa na sua aparência, é que as pessoas que não pertencem à cultura ocidental não deverão ter acesso aos ideiais da liberdade e da igualdade, dado que estes poderão por em causa os próprios fundamentos das suas culturas de origem. De facto, o multiculturalismo não olha para as pessoas como indivíduos dotados de livre arbítrio, mas sim como meros membros deste ou daquele grupo cultural. Daí eu considerar que o multiculturalismo mais não é do que uma prisão onde as pessoas são condenadas a submeterem-se ao estereótipos dominantes do que é a sua cultura de origem.» («O que é o multiculturalismo?», no Armadilha para Ursos Conformistas.)

2 comentários :

Anónimo disse...

Infelizmente, o tema do aborto ainda não está completamnete esgotado, desconfio.

http://diariodigital.sapo.pt/news.asp?id_news=263267

e dado o apoio que o PR lhes pode dar...

Anónimo disse...

O PR quer ganhar na Secretaria o que não ganhou em campo.

Excelentes escolhas para leitura recomendada!