###P. ¿Sigue sintiendo cierta responsabilidad en Turquía?
R. (...) Es como cuando algo cae desde un balcón cuando pasas despreocupado por la calle.(...)Y no es que me encante. Mi deseo secreto siempre ha sido ser un artista libre.(...)No, créame, ser un personaje público no es bueno para el trabajo de un novelista. En cuanto a ser un personaje político, ni lo mencione, ¡qué desastre!
(...)
P. ¿Desea que Turquía forme parte de la Unión Europea?
R. Sí, creía en eso con entusiasmo y algunos políticos que respeto me pidieron que les ayudara. Llegué incluso a escribir artículos sobre el asunto. Nada de artículos polémicos, sino artículos fervorosos. Ahora de repente tengo la impresión de ser una celestina desengañada. Pensaba sinceramente que Europa y Turquía se llevarían bien. Pero no hay atracción mutua, prefiero pensar en mis novelas.
P. Antes de Nieve, ¿se había sentido atraído alguna vez por la novela política?
R. Sí, tengo una novela inacabada que data de hace 25 años. Una novela a lo Dostoievski, si se me permite decirlo, donde se mezclaban el radicalismo de izquierdas y el demonismo místico. Pero tuvo lugar el golpe de Estado y fue imposible publicarla. En esa época me di cuenta, no sin estupor, de que algunos de mis antiguos amigos marxistas se veían tentados por el islamismo y la verborrea antioccidental.
(Entrevista com Orhan Pamuk no El País de hoje.)
Vale também a pena ler no DN de hoje: O peso do islão na Turquia e a ambição de ser Europa (por autor não identificado a não ser pela foto(???), pelo menos na edição online), a propósito da responsabilidade histórica de Europa na defesa da democracia e do laicismo em um vizinho muçulmano tão importante como é a Turquia, para Europa e para o mundo islâmico. Ás vezes temos, nós Europa, por vários motivos, pouco ao nosso alcance que fazer sobre grande parte das questões mais importantes internacionalmente, mas quando seria tão fácil para Europa fazer toda a diferença, definindo o curso dos acontecimentos, não se compreende a tardança e a inépcia... a não ser admitindo coisas muito graves sobre a prória Europa. Coisas muito graves de cujos nomes não me quero recordar.
Ao combate que se trava na Turquia - nas ruas, nos tribunais ou nas urnas - a Europa não pode ficar alheia. Uma Turquia laica, democrática e virada para Ocidente é a única que convém aos europeus (e ao mundo islâmico também, como modelo alternativo ao islão extremista). E essa Turquia tem de ser acarinhada. Precisa que lhe seja oferecido um lugar na Europa, porque no dia em que a adesão se concretizar, a modernidade turca já não dependerá de Erdogan ou de um Presidente laico. É esse o caminho, apesar dos medos atávicos. Não é por acaso que são os austríacos os que na UE mais se opõem à adesão turca - pensam talvez demasiado em 1683 e muito pouco em 2006.
(O peso do islão na Turquia e a ambição de ser Europa; ??? ; Diário de Notícias, 21 de Maio de 2006)
1 comentário :
A falta do nome do autor de artigo e' uma constante: os sitios de jornais portugueses sao, de facto, muito mauzinhos.
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