«"The fault, dear Brutus, is not in our stars, but in ourselves, that we are underlings." Culture too, like our stars, is often blamed for our failures. Attempts to build a better world capsize, it is alleged, in the high sea of cultural resistance. The determinism of culture is increasingly used in contemporary global discussions to generate pessimism about the feasibility of a democratic state, or of a flourishing economy, or of a tolerant society, wherever these conditions do not already obtain.
Indeed, cultural stereotyping can have great effectiveness in fixing our way of thinking. When there is an accidental correlation between cultural prejudice and social observation (no matter how casual), a theory is born, and it may refuse to die even after the chance correlation has vanished without trace. (...) Theories have lives of their own, quite defiantly of the phenomenal world that can be actually observed.
(...)
When it is asked whether Western countries can "impose" democracy on the non-Western world, even the language reflects a confusion centering on the idea of "imposition," since it implies a proprietary belief that democracy "belongs" to the West, taking it to be a quintessentially "Western" idea which has originated and flourished exclusively in the West. This is a thoroughly misleading way of understanding the history and the contemporary prospects of democracy.
Democracy, to use the old Millian phrase, is "government by discussion," and voting is only one part of a broader picture (an understanding that has, alas, received little recognition in post-intervention Iraq in the attempt to get straight to polling without the development of broad public reasoning and an independent civil society).
(...)
The belief in the allegedly "Western" nature of democracy is often linked to the early practice of voting and elections in Greece, especially in Athens. Democracy involves more than balloting, but even in the history of voting there would be a classificatory arbitrariness in defining civilizations in largely racial terms. In this way of looking at civilizational categories, no great difficulty is seen in considering the descendants of, say, Goths and Visigoths as proper inheritors of the Greek tradition ("they are all Europeans," we are told). But there is reluctance in taking note of the Greek intellectual links with other civilizations to the east or south of Greece, despite the greater interest that the Greeks themselves showed in talking to Iranians, or Indians, or Egyptians (rather than in chatting up the Ostrogoths).
(...)
To see Iranian dissidents who want a fully democratic Iran not as Iranian advocates but as "ambassadors of Western values" would be to add insult to injury, aside from neglecting parts of Iranian history (including the practice of democracy in Susa or Shushan in southwest Iran 2,000 years ago). The diversity of the human past and the freedoms of the contemporary world give us much more choice than cultural determinists acknowledge. This is particularly important to emphasize since the illusion of cultural destiny can extract a heavy price in the continued impoverishment of human lives and liberties.»
(Amartya Sen no Opinion Journal; ler na íntegra.)
3 comentários :
excelente artigo.
infelizmente, a responsabilidade pela falsa ideia de que a democracia e od direitos humanos se aplicam exclusivamente ao ocidente (falácia da origem) deve-se, em parte, às teorias da escola pós-colonialista, que denuncia o universalismo como uma forma de dominação ocidental sobre os povos não ocidentais.
eles têm razão nisso, mas trata-se de um uso abusivo da ideia de universalismo.
ao denunciarem tal abuso, abriram a porta para que os inimigos da democracia prevertessem esse argumento.
Da tolerância religiosa dos Árabes enquanto dominaram a Europa ou do estado de permanente aculturação à qual os povos vulgarmente conhecidos por 'Turcos' se entregavam em cada etapa da suas conquistas (durante quase mil anos) todos nós, orientais e ocidentais, tivemos uma Idade de Luz seguida de uma de Trevas (claramente não-coincidentes).
Claramente, o atraso é dos que não parecem ter grande vontade para sair daquela última.
O sr. Sen lá saberá se ao apresentar-se um precedente histórico local, limpo de sabor euro-americano, conseguirá maior adesão ao ideais humanistas no Irão. Mas tenha em conta que, pelo menos nos seus vizinhos, tal merchandising nunca teve grande resultado.
Caros comentadores,
a responsabilidade por um «acantonamento» da ideia de democracia no «Ocidente» é tanto dos «pós-colonialistas» como daqueles que afirmam uma «superioridade» do «Ocidente» sobre o resto. O Huntington está na última situação.
O artigo do Amartya Sen tem várias qualidades. Uma, recordar-nos que a democracia não é apenas votar (embora isso seja imprescindível), mas também debate público e sociedade organizada. Outra, que as fronteiras do «Ocidente» já estiveram mais a Oriente e mais a Sul noutras épocas. Mas a maior de todas é que argumenta contra o determinismo cultural, que é uma ideia comum a «multiculturalistas» e
«civilizacionistas» e que muito tem feito para impedir a expansão de ideais universais...
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