domingo, 4 de março de 2012

Revista de imprensa (4/3/2012)

  • «Álvaro Santos Pereira parece, cada vez mais, um deserdado de Pedro Passos Coelho. (...) Politicamente inábil e inexperiente, e, manifestamente, um desastre em matéria de comunicação, o titular da Economia e do Emprego - assim se chama o ministério - veio de Vancôver, no Canadá, onde estava emigrado há mais de dez anos (...) o futebol e os seus três grupos de trabalho sob tutela de Miguel Relvas, o futuro do serviço público de rádio e televisão sob a mesma batuta. Mas também a comissão para o acompanhamento das privatizações entregue a António Borges, o grupo de trabalho para o combate ao desemprego entre os jovens liderado por Miguel Relvas, ou aquilo que pode vir a ser uma nova comissão interministerial para a gestão das verbas do Quadro de Referência Estratégico Nacional (QREN) sob a vigilância apertada do ministro das Finanças, Vítor GasparO facto é que, nestes últimos ajustamentos, quem ficou a perder do ponto de vista da perceção pública - e em política a perceção conta que se farta - foi sempre Álvaro Santos Pereira, que se tem visto progressivamente esvaziado de poderes e competências. (...) a obra que tem para mostrar neste momento é a de uma taxa de desemprego sem precedentes em Portugal e um número cada vez maior de empresas a fecharem no País (...) Resta perceber se, no que ao futuro de Álvaro Santos Pereira diz respeito, do que se trata é só do resultado da sua incompetência, ou do reconhecimento por parte de quem manda de que não basta ser um bom teórico para se ser um superministro. Sobretudo quando em causa está alguém que, manifestamente, não dispunha de conhecimento prático e real da economia portuguesa.» (Nuno Saraiva)

sábado, 3 de março de 2012

Ele há questões terríveis!

  • «Os graffiti (...) [contribuem] para o aumento dos sentimentos de insegurança e de medo das nossas populações e das nossas comunidades (...) se já há espaços informativos (painéis, semáforos, estações de metropolitano, entre outros) quase cobertos por esta forma de vandalismo, tal é - deveras - muito preocupante: estes são sinais que indiciam a existência de jovens em potenciais carreiras de desvio e de crime» (Paulo Pereira de Almeida).
Após ler esta relevante prosa, lembrei-me irresistivelmente do Conde de Abranhos.
  • «…as mãos atrás das costas, fitava o soalho e bamboleando o crânio fecundo, murmurava surdamente:
    – Ele há muitas questões!... Há questões terríveis. Há a prostituição... o pauperismo... Ele há muitas questões...
    Mas, repito-o, era um avaro intelectual que não gostava de fazer a esmola de uma ideia. Não o censuro, pois é sabido que ele dava todo o seu tempo e todo o seu génio às grandes questões sociais. Elas preocupavam-no tanto que era usual – sempre que diante dele se falava de assuntos políticos – ouvi-lo murmurar soturnamente:
    – Ele há muitas questões! Questões terríveis: o pauperismo, a prostituição! São grandes questões! Questões terríveis!
    » (Eça de Queiroz)

Até um relógio parado...

O actual Governo tem dado novas boas razões para críticas severas numa base quase diária.
Aliás, apesar das minhas péssimas expectativas, tenho sido muito surpreendido pela negativa.

Mas, muito raramente, lá surge uma surpresa positiva: «Outras medidas legsilativas anunciadas pela ministra – cujos projectos de lei, segundo anunciou, serão divulgados na próxima semana – são a suspensão do prazo de prescrição dos processos-crime a partir do momento em que há uma sentença condenatória».

Esta alteração corresponde às recomendações da Transparency International e da TIAC, e justifica os meus parabéns a Paula Teixeira da Cruz.

«A blogosfera está a morrer»

Totais mensais de visitas deste blogue no último ano.

sexta-feira, 2 de março de 2012

E vivam os jornais desportivos!

Previsões mal feitas

Gaspar em pânico com quebra abrupta das receitas da Segurança Social e do IRS.

Opções homicidas?

«O presidente da Associação de Médicos de Saúde Pública considera que o impacto de algumas medidas políticas na área da Saúde poderão também ter contribuído para uma taxa de mortalidade acima da média, avança a TSF

Se em vez de recrutar 4000 militares, ou abdicar das Golden Shares a custo zero, vender a EDP e o BPN aos amiguinhos, ou tantas outras escolhas que tais, não se fizessem cortes absurdos na saúde, algumas vidas teriam sido salvas.
Será excessivo chamar «homicidas» a estas opções?


quinta-feira, 1 de março de 2012

Manifesto de Mira Amaral revela-se pobre e erróneo

(Publicado no portal Esquerda.net)

O terceiro Manifesto por uma Nova Política Energética em Portugal é pouco mais do que um manifesto contra as energias renováveis. Pouco fundamentado, o documento do grupo de pressão liderado por Mira Amaral e por Patrick Monteiro aborda com muita superficialidade as alternativas energéticas (gás de xisto, nuclear, biomassa e biocombustíveis), centrando-se no ataque às eólicas que são citadas diretamente em 16 dos 39 pontos (como eólicas ou intermitentes) e são assunto indireto de cerca de 2/3 do documento.

O mínimo que se espera de um documento sobre política energética é que argumentos técnicos sustentem a sua posição política. Ora o documento limita-se a apresentar indicadores de uma forma seletiva e descontextualizados, que dificilmente se aplicam à realidade europeia e em particular ao caso português. O exemplo mais caricato é modelo escolhido para ilustrar os baixos custos do nuclear. Entre a abundância de exemplos disponíveis, escolheu-se como termo de comparação um país que não tem centrais nucleares construídas ou em fase de construção, que tem apenas centrais em fase de projeto: os Emirados Árabes Unidos. Este grupo de pressão que apresenta tantas dúvidas sobre as eólicas, não tem dúvidas que os Emirados terão no futuro o MWh a 30 dólares, quando o preço do MWh de origem nuclear em qualquer país europeu é superior a 50 dólares. Mais significativo ainda é quando se constata que o preço total das faturas pouco reflete a vantagem do nuclear. Nos três países mais nuclearizados da UE, França, Eslováquia e Bélgica, o MWh custa aos particulares (preços de novembro de 2011): 148€, 182€ e 222€, respetivamente. Em Portugal o seu custo é de 193€, o que representa o 12° país mais caro entre os 27 países da UE. À indústria francesa, eslovaca e belga a eletricidade é fornecida a 76€, 133€ e 118€. Em Portugal o MWh custa 106€, o 20° lugar em 27. Apesar da evidência destes indicadores, podemos ler nas conclusões do manifesto (ponto 39): "o país precisa urgentemente, para ser competitivo e socialmente equilibrado, de ter energia suficiente a preços competitivos".