Cavaco Silva nunca prometeu ser o Presidente de todos os portugueses. E nunca o foi. Foi o presidente que ajudou a cavar a sepultura do governo anterior no discurso da sua tomada de posse. E que segurou o actual governo perante as maiores manifestações dos últimos trinta anos, no meio da maior crise social, e sem pestanejar perante uma dezena de chumbos do Tribunal Constitucional.
O discurso de ontem é mais um episódio do apoio inquebrantável de Cavaco ao seu governo, o da sua facção de sempre. As referências centrais a objectivos macroeconómicos, a menorização das dificuldades sociais, tudo embalado com os ataques aos que «só criticam» (que significativamente até poderiam ter sido proferidos quando era ele o primeiro ministro), sem distanciamento nem tentativa de empatia para os que sofreram na pele esta governação, só servem o PSD/CDS de Passos Coelho.
Seria um péssimo precedente para o futuro do cargo que Cavaco Silva interviesse ainda mais na campanha do que neste discurso de 10 de Junho. O lado bom seria tornar óbvia para todos a importância de retirar a direita de Belém em Janeiro de 2016.
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