No início do século XX os movimentos anarquistas tinham uma força, vitalidade e influência cultural que rivalizava com a dos movimentos comunistas. Algo se passou de lá para cá.
É esta observação e interrogação que serve de ponto de partida para «RednBlackSalamander», um cartoonista anarquista anónimo, lançar uma série de cartoons com críticas - a meu ver certeiras - aos actuais movimentos anarquistas.
É evidente que muita da perda de força e influência dos movimentos anarquistas tem causas completamente exógenas aos movimentos e às atitudes dos seus participantes. Mas também é verdade que muitas das actuais atitudes sectárias, elitistas, anti-pragmáticas e alienantes explicam parte desse enorme recuo.
Gosto particularmente destes dois cartoons:
Legenda: «Go ahead and laugh while you can, one-percenters! Someday, us American radicals will remember how to interact with people who aren't middle-class college students, and then you'll be sorry!»
Legenda: «Every angry young malcontent watching grainy 9/11 youtube videos in his basement is another one that's not out in the streets organizing against war, racism, poverty and inequality. For wasting so many perfectly good activists on your wild goose chase against the imaginary Illuminati, I have just one thing to say to you, Alex Jones: go fuck yourself with an abnormally large pine cone. If I were an oil CEO or a neocon politician, I would send you a bouquet of flowers for making the job that much easier.»
Seleccionei outros 14 cartoons, todos sobre este assunto.
No entanto, creio que as críticas se aplicam não apenas aos anarquistas, mas a vários movimentos progressistas. Pelo menos foi essa a minha experiência pessoal em Lisboa, no âmbito da «luta contra a austeridade» (e não só...) desenvolvida por vários activistas. Das poucas vezes que se adoptou uma postura razoavelmente pragmática, tolerante e consciente da realidade, foi possível ter um impacto real sobre o país (exemplo). Mas geralmente a postura era outra, e os resultados condiziam: ainda me lembro da tarde inteira que centenas de activistas perderam na Fábrica do Braço de Prata a discutir a cor do cartaz da «Primavera Global.pt».
Mas aquilo que é evidente para mim é tudo menos claro para alguns. Estes cartoons foram duramente criticados por vários anarquistas, e geralmente as próprias críticas apenas demonstram quão certeiros foram os cartoons (exemplo canónico).
Se não quiserem «acordar», os vossos adversários ideológicos agradecem.
Tomei contacto com esta série de cartoons através do Vento Sueste, em particular os da série «If Modern Anarchists Fought in Spain»:
Legenda: «I love anarchism and there are some great people involved in it. But, you know, sometimes I really wonder what the hell happened to us between 1936 and 2014.»
Legenda: «Who cares if the peasants can understand the lyrics, man? It, like, totally expresses our anger at the system.»
Legenda: «You'd think a movement that's been forced underground for so long would have figured this out by now...»
Legenda: «No, of course I don't support animal cruelty, I'm just saying we need to get our priorities straight. You can put away those pitchforks and pipe bombs, PETA.»
Legenda: «Because if we can't fight fascism without anyone getting offended, then we're no better than fascists, or something...»
Legenda: «Oh, sure, you could bring out the old "one of those politicians is currently sentencing me to death and the other one isn't" excuse...if you wanted to be a BOURGEOIS LIBERAL, that is!»
Legenda: «Don't worry, we'll avenge you by shattering the windshields of every last SUV in Zaragoza!»
Legenda: «I have occasionally heard other anarchists tell me with a straight face that rights, especially presumption of innocence, are bourgeois liberal nonsense. This does not seem like the sort of belief that would last particularly long when it's the believer up in front of the firing squad.»
Legenda: «Franco may have taken over Spain, but Crimethinc. got to write a heartfelt essay about spiritual liberation, and isn't that the real victory?»
Esta série tornou-se bastante conhecida, e - naturalmente - bastante criticada. Como acho muitos certeiras as críticas da série, é natural que discorde daqueles críticos que, a meu ver, não conseguem interpretar devidamente a mensagem, ou são cegos perante a evidência da comparação estabelecida.
Piores ainda são aqueles que respondem insultando o autor, pondo em causa a sua sinceridade naquilo que diz acreditar, e comparando-o a «Estaline». A esses, o autor dedicou este cartoon:
Legenda: «I never expected that "If Modern Anarchists Fought in Spain" (IMAFS) series to end up as famous as it did, or for someone to actually take the time to write a whole article laying out five reasons why they hate it, or for so many anarchists to agree with the aforementioned article while adding that I was a liberal, a reactionary pig, Stalin(!), and "the cancer in anarchism." Such is life at the drawing desk.»
Outros três sobre estes assuntos:
Legenda: «Whether you believe that we should let go of the past, or that we should remember and honor it (I heard there was this one asshole who even drew a whole comic series about it!), can we at least agree that the seven-ish college kids who meet after class once a week to talk about socialism were not responsible for the slaughter of 1937? Yes, their creepy Lenin-worship and constant attempts to sell us newspapers can get annoying, but some of them are decent people and these grudges accomplish nothing.»
Legenda: «To be perfectly honest, I can think of several specific anarchists off the top of my head who would probably be the first to volunteer for this squad. It would be funny if wasn't so scary (or is it the other way around...?).
Oh, and NO, the point of this comic is NOT that bigotry is okay, since I know some of you out there are were about to say that. Don't be stupid.»
Legenda: «A guy's proposal gets shot down at General Assembly and you think that of me? No, I am the one who blocks!»
É esta observação e interrogação que serve de ponto de partida para «RednBlackSalamander», um cartoonista anarquista anónimo, lançar uma série de cartoons com críticas - a meu ver certeiras - aos actuais movimentos anarquistas.
É evidente que muita da perda de força e influência dos movimentos anarquistas tem causas completamente exógenas aos movimentos e às atitudes dos seus participantes. Mas também é verdade que muitas das actuais atitudes sectárias, elitistas, anti-pragmáticas e alienantes explicam parte desse enorme recuo.
Gosto particularmente destes dois cartoons:
Legenda: «Go ahead and laugh while you can, one-percenters! Someday, us American radicals will remember how to interact with people who aren't middle-class college students, and then you'll be sorry!»
Legenda: «Every angry young malcontent watching grainy 9/11 youtube videos in his basement is another one that's not out in the streets organizing against war, racism, poverty and inequality. For wasting so many perfectly good activists on your wild goose chase against the imaginary Illuminati, I have just one thing to say to you, Alex Jones: go fuck yourself with an abnormally large pine cone. If I were an oil CEO or a neocon politician, I would send you a bouquet of flowers for making the job that much easier.»
Seleccionei outros 14 cartoons, todos sobre este assunto.
No entanto, creio que as críticas se aplicam não apenas aos anarquistas, mas a vários movimentos progressistas. Pelo menos foi essa a minha experiência pessoal em Lisboa, no âmbito da «luta contra a austeridade» (e não só...) desenvolvida por vários activistas. Das poucas vezes que se adoptou uma postura razoavelmente pragmática, tolerante e consciente da realidade, foi possível ter um impacto real sobre o país (exemplo). Mas geralmente a postura era outra, e os resultados condiziam: ainda me lembro da tarde inteira que centenas de activistas perderam na Fábrica do Braço de Prata a discutir a cor do cartaz da «Primavera Global.pt».
Mas aquilo que é evidente para mim é tudo menos claro para alguns. Estes cartoons foram duramente criticados por vários anarquistas, e geralmente as próprias críticas apenas demonstram quão certeiros foram os cartoons (exemplo canónico).
Se não quiserem «acordar», os vossos adversários ideológicos agradecem.
Tomei contacto com esta série de cartoons através do Vento Sueste, em particular os da série «If Modern Anarchists Fought in Spain»:
Legenda: «Who cares if the peasants can understand the lyrics, man? It, like, totally expresses our anger at the system.»
Legenda: «...and let's put a [TW: BLOOD] on those red flags, too. We don't want to be insensitive.»
Esta série tornou-se bastante conhecida, e - naturalmente - bastante criticada. Como acho muitos certeiras as críticas da série, é natural que discorde daqueles críticos que, a meu ver, não conseguem interpretar devidamente a mensagem, ou são cegos perante a evidência da comparação estabelecida.
Piores ainda são aqueles que respondem insultando o autor, pondo em causa a sua sinceridade naquilo que diz acreditar, e comparando-o a «Estaline». A esses, o autor dedicou este cartoon:
Outros três sobre estes assuntos:
Legenda: «To be perfectly honest, I can think of several specific anarchists off the top of my head who would probably be the first to volunteer for this squad. It would be funny if wasn't so scary (or is it the other way around...?).
Oh, and NO, the point of this comic is NOT that bigotry is okay, since I know some of you out there are were about to say that. Don't be stupid.»
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