Nos anos 80, ainda se liam nos jornais notícias sobre soldados japoneses que eram encontrados em ilhas do Pacífico, com cabelo até à cintura e armas obsoletas nas mãos, convencidos de que a 2ª guerra mundial não tinha acabado nos anos passados desde o último contacto com o resto do mundo.
Lembrei-me destes soldados perdidos ao ler alguns artigos de opinião de agosto (exemplo: o inefável João Carlos Espada no último Expresso), onde se argumenta contra a Rússia de Putin agitando o espantalho da «Rússia Soviética» e evocando, portanto, os impulsos da guerra fria. Estes anacronismos são divertidos, mas úteis por nos recordarem de como o mundo efectivamente mudou. As razões do recente conflito no Cáucaso, como anteriormente das guerras na Jugoslávia, são obscurecidas se continuarmos a manter o quadro mental de um conflito, defunto, entre ideologias entrincheiradas em blocos antagónicos. Para compreender a guerra no Cáucaso, basta recordar que Rússia, em mil anos de história, só recuou até Moscovo com Napoleão e Hitler. Desta vez, não perdeu sequer o controlo do norte do Cáucaso. Para as elites russas, do Império dos czares ao dos bolcheviques (e à Rússia de Putin) há mais continuidade do que aquela que quem tem os óculos ideológicos da guerra fria consegue ver.
A Europa deveria distrair-se das sanções contra a Rússia e apostar em construir uma cooperação com um Estado que não é exactamente uma democracia, mas que é mais fácil de lidar do que as teocracias islâmicas que nos deveriam preocupar.
Lembrei-me destes soldados perdidos ao ler alguns artigos de opinião de agosto (exemplo: o inefável João Carlos Espada no último Expresso), onde se argumenta contra a Rússia de Putin agitando o espantalho da «Rússia Soviética» e evocando, portanto, os impulsos da guerra fria. Estes anacronismos são divertidos, mas úteis por nos recordarem de como o mundo efectivamente mudou. As razões do recente conflito no Cáucaso, como anteriormente das guerras na Jugoslávia, são obscurecidas se continuarmos a manter o quadro mental de um conflito, defunto, entre ideologias entrincheiradas em blocos antagónicos. Para compreender a guerra no Cáucaso, basta recordar que Rússia, em mil anos de história, só recuou até Moscovo com Napoleão e Hitler. Desta vez, não perdeu sequer o controlo do norte do Cáucaso. Para as elites russas, do Império dos czares ao dos bolcheviques (e à Rússia de Putin) há mais continuidade do que aquela que quem tem os óculos ideológicos da guerra fria consegue ver.
A Europa deveria distrair-se das sanções contra a Rússia e apostar em construir uma cooperação com um Estado que não é exactamente uma democracia, mas que é mais fácil de lidar do que as teocracias islâmicas que nos deveriam preocupar.
1 comentário :
O núcleo objectivo do comentário é que a Rússia sempre foi autocrata e imperialista, antes e depois da ditadura comunista.
Porém, isto não inviabiliza que a Rússia, além de tentar ter poder e influência mundial, esteja a violar o Direito Internacional (o que se pode associar à Guerra Fria), sendo que, a própria Rússia pode querer imprimir a imagem do regresso a esse estado, que lhe dá importância...
A referência às teocracias islãmicas parece evasiva.
"As sanções contra a Rússia" mostram que a europa é rígida na aplicação dos princípios e regras que subscreve, desencoragam os actos em causa, fortalecem esses mesmos princípios e regras, e ajudam a dar a mensagem para o mundo, mas sobretudo para o povo russo de que o seu Governo não é reconhecido como legítimo internacionalmente. Pois que, essa posição de isolamento e a sua consciência pelo povo é das mais determinantes circunstâncias que contribuem para a falência dos regimenz.
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