- Cavaco Silva foi eleito Presidente pela mais pequena diferença de sempre: 66 786 votos. Em 1986, Soares batera Freitas por 138 692 (mais do dobro) e em 1996 Sampaio bateu Cavaco por 439 925 (e qualquer uma das outras quatro vitórias presidenciais foi ainda mais ampla). Para que tivesse havido uma segunda volta, bastaria que 33 394 dos votantes em Cavaco tivessem escolhido outro candidato, ou que 66 786 abstencionistas tivessem saído de casa para votarem à esquerda.
- Cavaco Silva teve o segundo total de votos mais baixo de sempre numa eleição presidencial: 2 753 511. Apenas a vitória de Sampaio em 2001 (2 401 015) lhe foi inferior em número de votos. O recorde foi de Mário Soares em 1991 (3,46 milhões de votos), seguido por Ramalho Eanes em 1980 (3,26 milhões de votos) e por Jorge Sampaio em 1996 (3,035 milhões de votos). Mesmo Soares em 1986 (3,01 milhões) e Eanes em 1976 (2,97 milhões) tiveram votações superiores. Porque a abstenção foi a segunda mais elevada de sempre (apenas em 2001 fora maior).
- Cavaco Silva teve apenas mais 158 380 votos do que tivera em 1996.
- Adenda: Cavaco Silva teve menos votos do que Freitas do Amaral tivera na segunda volta de 1986.
(Resultados da eleição presidencial.)
15 comentários :
Caro Ricardo,
Nenhum dos 3 pontos aborrece os cavaquistas. A vitória tangencial foi o melhor que alguma poderiam ter esperado. As sondagens, pelo menos no que diz respeito ao resultado de Cavaco, reflectiam uma impossibilidade. Pensar que a esquerda estava a crescer e Cavaco a descer é uma ilusão, porque Cavaco nunca valeu mais do que o que acabou por alcançar.
Os 158.380 votos a mais que em 96 são significativos. Representam quase 3% do eleitorado. Se houvesse 2ª volta somaria mais uns 150 mil. Se chegaria para vencer? Ninguém saberá, porque Alegre também iria buscar votos aos que agora se abstiveram. Eu acredito que Cavaco acabaria por ganhar, mesmo na 2ª volta. Mas Alegre seria sempre mais perigoso que Soares, por concentrar mais facilmente os votos de toda a esquerda.
Viva,
Sinceramente qualquer um dos pontos aborrece mais a esquerda porque demonstra que a eleição de Cavaco Silva podia ter sido evitada!
O que interessa é quem é eleito. Quem não participa nas eleições dá o voto a terceiros.
Abraço,
sem esquecer que obteve a percentagem mais baixa de sempre num presidente eleito...
Muito bem Ricardo. Os números são inequivocos que cavaco não será o PR de todos...
Vamos gramar com o homem!
Mesmo que ganhasse por um voto seria Presidente, mas o facto de a vitória ter sido tão tangencial serve de aviso.
Aviso para a direita: se Cavaco fizer asneira, perderá facilmente em 2011.
Aviso para a esquerda: mesmo que Cavaco não faça (muita) asneira, se a eleição de 2011 for bem preparada pode ser ganha.
Quanto ao ponto 1, parece-me, com todo o respeito, uma visão distorcida da realidade: é que estão a comparar-se diferenças de votos (entre Sampaio e Cavaco, por exemplo), com margens para os 50%, o que é totalmente diferente. Se o argumento é o da diferença do 1º para o 2º, Cavaco Silva ganhou as eleições com uma das maiores diferenças de sempre para o 2º classificado: cerca de 1.7 milhões de votos.
«Koba»,
eu no ponto 1 estava a comparar o único número realmente importante numa eleição presidencial: a diferença entre o número de votos do candidato mais votado e a soma de todos os outros candidatos. É quando esse número é >0 que temos Presidente.
Ok. Mas, seguindo esse critério, a diferença de Sampaio em 96 não foi de cerca de 400.000 votos (como é afirmado no post), mas sim de cerca de 200.000 votos... 400.000 votos foi a diferença entre Sampaio e Cavaco, não a diferença de Sampaio para os 50%. Ao utilizares diferentes critérios para comparar as duas situações, a realidade sai distorcida. Era apenas isto que pretendia dizer.
«Koba»,
a diferença entre Sampaio e Cavaco em 1996 foi de 440 mil votos (havia apenas dois candidatos). Em 2006, a diferença entre Cavaco e a *soma* dos votos dos restantes candidatos foi de 66 mil votos.
Pode concluir-se que:
a) em 1996, seria necessário que 220 mil votos passassem de Sampaio para Cavaco para impedir a eleição do primeiro;
b) em 2006, bastaria que 33 mil votos passassem de Cavaco para os candidatos da esquerda para impedir a eleição de Cavaco.
Parece-me que usei o mesmo critério para comparar as diferentes eleições presidenciais. Também poderia ter dito, por exemplo, que Cavaco ganhou por 0,6%, enquanto em 1996 Sampaio vencera por 3,9% e em 1986 Soares venceu por 1,2%. (0,6%Xnúmero de votantes dá os tal 33 mil...)
Note-se que brancos e nulos não contam (não são votos validamente expressos).
Se Cavaco tivesse ganho com 55% ou 60% a esquerda estaria resignada. Como ganhou com 50,6% a esquerda está frustrada. Dizem "estivemos tão perto e não conseguimos" ou "morremos a 50 metros da praia". Isto é que é frustação. Compreende-se. Quanto aos cavaquista, vitória é sempre vitória quer tenha sido por um golo, por um centésimo de segundo ou por um voto! Já agora pergunto se a esquerda ficaria muito chateada por forçar uma segunda volta à tangente?
Se Cavaco tivesse ganho com 55% ou 60% a esquerda estaria resignada. Como ganhou com 50,6% a esquerda está frustrada. Dizem "estivemos tão perto e não conseguimos" ou "morremos a 50 metros da praia". Isto é que é frustação. Compreende-se. Quanto aos cavaquista, vitória é sempre vitória quer tenha sido por um golo, por um centésimo de segundo ou por um voto! Já agora pergunto se a esquerda ficaria muito chateada por forçar uma segunda volta à tangente?
«Já agora pergunto se a esquerda ficaria muito chateada por forçar uma segunda volta à tangente?»
Não falo em nome da esquerda, mas pessoalmente não ficaria nada chateado.
Aí está caro Ricardo Alves. Os cavaquistas não estão nada chateados por terem ganho à tangente, muito pelo contrário, estão contentíssimos. No fundo, para a esquerda é o "termos estado tão perto", é o "e se isto..", "e se aquilo...", enfim a frustação.
Cavaco ganhou tangencialmente à primeira, mas não ganhou tangencialmente as eleições.
No caso de ter tido 49%, por exemplo, bastava-lhe convencer 3% dos eleitores que tinham votado nos outros candidatos a votarem nele ou, pelo menos, a ficarem em casa. O Alegre teria de convencer 98% dos eleitores que votaram Soares-Louçã-Jerónimo a votarem nele.
Apesar de partir com vantagem por serem candidatos do "mesmo clube", duvido que Alegre conseguisse esses 98% dos eleitores. Acho que o puro cálculo clubístico é, no entanto, limitado: as sondagens mostravam, por exemplo, que o eleitorado do BE estava dividido entre Cavaco e Louçã (como mostravam que Alegre até tinha bastantes votos no eleitorado CDS).
btw, eu não me considero cavaquista. Votei nele, mas sou de direita.
Professor Cavaco, Gajo Porreiro
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