sexta-feira, 20 de janeiro de 2006

No 4º ano d.C. (depois de Cavaco)...

Os primeiros seis meses de 2009 são dominados por uma discussão profunda sobre a Revisão Constitucional, que se assume como drástica: o assunto chega a merecer dois Prós e Contras e quatro editoriais do Público. A forma republicana do Estado e a separação entre as igrejas e o Estado deixam de ser limites materiais de revisão. Os direitos à educação, à saúde e à habitação são riscados da Constituição, e o Preâmbulo passa a conter uma referência a «Deus» e ao «papel da igreja católica na luta contra o Estado Novo» (as referências ao «fascismo» desaparecem por serem consideradas «politicamente correctas», isto é, politicamente incorrectas). O PS aceita tudo isto em nome da «estabilidade governamental», da «abertura», da «modernidade» e de uma alteração da lei eleitoral que introduz os círculos uninominais, e que alguns socialistas acham que permitirá «aproximar os eleitores dos eleitos» (continua sem aparecer ninguém que explique como se mede a «distância» entre eleitores e eleitos).
No final de Junho de 2010, perante uma crise económica profunda que o Governo parece incapaz de resolver, o Presidente Cavaco Silva anuncia que se recandidatará com o objectivo de presidencializar o regime. No PS, António Costa, que acumula o cargo de Secretário-Geral com o de vice-primeiro-ministro, convida José Sócrates a ser candidato, mas este recusa. Tenta depois Jaime Gama e João Cravinho, que recusam também candidatar-se. Na ausência de outra solução, convida, em Outubro, Mário Soares, que, aos 86 anos, aceita fazer o seu último combate político.
Em Dezembro de 2010, as sondagens dão 70% a Cavaco Silva.
(Fim)

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