A entrevista simultânea a Soares e a Louçã (que me escapou, como muitas outras coisas) deu algumas indicações para quem quiser pensar sobre estes dois candidatos.
Em primeiro lugar, quanto ao Tratado constitucional europeu, que será talvez a questão mais importante do próximo mandato presidencial (e é a maior ausente da campanha, apesar dos esforços de Manuel Alegre) houve o seguinte:
Ao contrário destes dois, não tenho fé em que possa haver uma democracia funcional incluindo toda a Europa daqui a três gerações, quanto mais daqui a três anos. A «Constituição europeia», com o seu parlamento que não pode iniciar legislação mas que delibera sobre quase tudo, instituirá uma não-democracia com tutela sobre a nossa República. (E Cavaco, que encara a UE como um banco a que se pede crédito, ainda será mais europatriota do que Soares e Louçã, se o dinheiro fluir...)
Em segundo lugar, Louçã disse que não iria a Fátima com o ditador do Vaticano, ao que Soares replicou, não fosse alguém tomá-lo por anticlerical:
«Eu fui e teria ido de novo, e com o maior gosto. Sempre respeitei a Igreja católica e quem tem fé.»
É evidente que, vindo de Soares, isto não surpreende. Este homem toda a vida se proclamou «republicano e laico» sem que alguma vez tenha traduzido isso no mais pequeno dos avanços para esses valores. Mas querer ir «com o maior gosto» até Fátima?! Não havia necessidade...
1 comentário :
Eu também não acredito que a Europa deixe de ser uma agência reguladora de dinheiro e comércio para ser também um espaço de democracia e valores.
Mas acho que esse esforço deve ser feito dentro da Europa, ou seja acredito no projecto Europa mas em moldes muito diferentes.
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