quarta-feira, 22 de fevereiro de 2006

Jorge Sampaio: «aliança de democracias»

Está na moda criticar Jorge Sampaio: em dez anos, teve tempo e ocasião para desagradar a quase todos. No entanto, é forçoso reconhecer que, ao contrário do Governo, tem tido posições correctas e sensatas em toda a crise internacional provocada pelas caricaturas (a qual continua o confronto internacional que se explicitou a 11 de Setembro de 2001). Agrada-me particularmente que Sampaio fale em «aliança de democracias», que me parece bastante melhor do que «aliança de civilizações», por exemplo. O conceito de «choque de civilizações» levanta-me dificuldades de vária ordem.
Em primeiro lugar, estou persuadido de que uma civilização vive e morre principalmente em função da tecnologia que utiliza. Usando-se hoje a mesma tecnologia em todo o planeta (comunicação por ondas electromagnéticas, transporte dependente de derivados do petróleo, codificação binária da informação) se a civilização colapsasse numa parte do planeta mas não nos seus centros (a Europa e os EUA), sobreviveria no resto do planeta, e com a mesma tecnologia. Portanto, para mim vivemos todos na mesma civilização tecnológica (embora haja um centro e uma periferia).
Em segundo lugar, falar da laicidade e da democracia como especificidades «ocidentais» até pode estar correcto quanto à origem histórica dos conceitos e da sua prática. Mas o próprio conceito de «civilização baseada na religião» (que é a ideia de Huntington) desenha fronteiras que, para além de serem arbitrárias, dificultam e criam resistências à exportação desses princípios, que devem ser universalizáveis. É por isso politicamente contraproducente analisar aquilo a que assistimos como um «choque de civilizações».
Em terceiro lugar, a própria ideia de «guerra de civilizações» é analiticamente pobre. Quem leu «O choque das civilizações» sabe que o próprio Huntington consegue aplicar o seu modelo a apenas dois casos concretos: as guerras jugoslavas e a guerra entre a Arménia e o Azerbaijão (e neste último caso, parcialmente). Sendo evidente que as «pertenças» (religiosas ou culturais) têm alguma importância nas escolhas individuais e nos alinhamentos internacionais, não deixa de ser verdade que estão longe de ser o único factor ou até o factor principal. Enfatizar as «guerras de civilizações» em excesso pode ser uma armadilha, no sentido em que acreditar em Huntington e seguir a sua análise pode levar, a prazo, a uma auto-confirmação.
Eu sou daqueles que escolheram defender que as pessoas deixem de lado as suas pertenças religiosas quando decidem sobre a vida colectiva. Nesse espírito, gosto que o Presidente da República prefira construir os alinhamentos internacionais por critérios políticos («aliança de democracias») e não por critérios religiosos ou «civilizacionais». E parece-me que assim se erodem algumas fronteiras de fantasia e se facilita a exportação dos valores em que acredito.

segunda-feira, 20 de fevereiro de 2006

Eu e a blogo-esfera (3): os efeitos perversos do formato

Alguns ingénuos dizem que os blogues são «espaços de liberdade». É verdade se se acrescentar que o são apenas para quem lá escreve. Mas não são espaços igualitários como os niusgrupes o são. E, não sendo igualitários, a «liberdade» dos blogues transforma-se muitas vezes na tirania de quem escreve sobre quem lê, e de uma forma mais perversa do que em qualquer outro formato (como um jornal convencional, por exemplo), porque não há quaisquer regras deontológicas ou muitas limitações legais que se possam aplicar na blogo-esfera.
Explico-me: o blogue absolutamente tirano é o blogue sem caixa de comentários (bscc). Num bscc, o autor pode debitar erros factuais, raciocinar sem lógica alguma ou espalhar calúnias sobre terceiros. Até o pode fazer anonimamente. O leitor, impotente, pode assistir a campanhas de calúnias ou a mentiras deliberadas (inclusivamente sobre si próprio), sem nada poder fazer. (A não ser, claro, abrir outro blogue. No entanto, como a realidade é quase sempre mais desinteressante do que a ficção, o mais provável é que ninguém o leia...)
O blogue relativamente tirano é o blogue com caixa de comentários (bccc). Em princípio, num bccc é possível desmascarar os disparates que o autor (ou autores) do blogue escreve. No entanto, os comentários podem ser apagados, bloqueados ou sujeitos a aprovação. Além disso, e este é um ponto importante, os comentários são de certeza muito menos lidos do que os artigos propriamente ditos. Por muito que quem escreva numa caixa de comentários tente corrigir os disparates que leu no artigo que comenta, a verdade é que comentar é aceitar entrar numa relação de poder desigual: os comentários jamais terão a mesma exposição do que o artigo, e por isso podem ser ignorados até certo ponto; e se forem mesmo incómodos para o autor, podem ser apagados. Isto nunca aconteceria num niusgrupe, em que imperava um modo de funcionamento igualitário (réplica-tréplica) e onde os «donos da casa» eram efectivamente neutros.
Estes efeitos perversos só podem ser evitados se os autores do blogue deixarem os comentários funcionar em roda livre e se dispuserem graciosamente a responder-lhes (e mesmo aos anónimos...). No entanto, nada disso anula a relação de poder que um blogue efectivamente constitui com os leitores (e explica, em parte, a revolta que provoca em alguns leitores, muitas vezes justificadamente).
Significativamente, em muitos blogues evita-se dialogar com quem escreve nas caixas de comentários, o que pode evidenciar quer a dificuldade em dialogar com quem tem opiniões diferentes, quer uma concepção das caixas de comentários como um espaço para amigos e conhecidos.
Estando controlado quem escreve em cada espaço, a blogo-esfera tende a reproduzir as redes de sociabilidade que existem fora dela. É assim que cada vez vemos mais diálogos entre pessoas que participam na esfera mediática «tradicional» (políticos e jornalistas, por exemplo), e nitidamente com tendência a excluir quem não é reconhecido pelos frequentadores desses meios. Notam-se também as redes de amigos e ex-colegas de universidade.
As audiências são outro aspecto perverso do formato blogue. Sendo extremamente fácil aferir do número de visitas de um blogue, parece justificado não referir quem tem poucas visitas, mesmo que expresse um ponto de vista pertinente ou original. E parte-se do princípio (um erro cometido noutros media) que quem tem muita audiência tem qualidade.
Mas no fundo o mais importante é ter gozo em escrever.
(Este deverá ser o último fascículo desta série; os anteriores: Eu e a internete, Eu e a blogo-esfera(1), Eu e a blogo-esfera(2).)

sexta-feira, 17 de fevereiro de 2006

Dúvida lancinante: serei um «conservador moral»?

«Your Score: You scored 6 on the Moral Order axis and -2 on the Moral Rules axis.
Matches: The following items best match your score:
System:
Conservatism
Variation:
Moral Conservatism
Ideologies:
PaleoConservatism
US Parties:
Republican Party
Presidents:
George H. Bush (87.50%)
2004 Election Candidates:
George W. Bush (86.02%), John Kerry (60.23%), Ralph Nader (45.33%)
Statistics
Of the 155502 people who took the test:
(...)
1.6% were to your right on the chart.
93.1% were to your left on the chart


Aviso que cheguei a este resultado (extraordinário, para quem me conhece...) através de um teste da Moral Politics feito de duas míseras perguntas. No teste de dezasseis perguntas, os resultados foram os expectáveis: fiquei lá para o centro da esquerda, entre o John Kerry e o Ralph Nader. O que carece de explicação não é essa normalidade, é eu poder ser classificado (como se exibe mais acima) como um «conservador moral»(!), que segundo as explicações lá do sítio é assim tipo um fanático religioso que acha que o Estado tem como primeira função obrigar as pessoas a ir à missa e, secundariamente, castigar com a pena de morte quem roubar um papo-seco já bolorento. Para compreender, vale a pena ver como respondi às duas perguntas.

Primeira: «O que descreve melhor a natureza profunda dos seres humanos?». Claro que respondi que somos todos maus como as cobras. As outras hipóteses eram sermos todos bonzinhos, ou a maioria ser uma coisa e a minoria ser outra. E respondi assim por estar convencido de que o ser humano faz naturalmente aquilo a que chamamos «mal» (ser egoísta, violento, roubar comida ao vizinho, etc) e por condicionamento social quase tudo daquilo a que chamamos «bem» (partilhar comida, ajudar o próximo em situação de perigo, etc). O artigo anterior, em que se constata que os chimpanzés não são naturalmente dados ao altruísmo a favor de desconhecidos, parece-me sugerir que a minha convicção estará correcta: a «bondade» humana é uma especificidade entre os primatas, que se deverá à invenção da linguagem e à consequente evolução social (e é isso que nos separa dos chimpanzés). A estupidez do teste é situar-me na «direita» por causa deste «realismo antropológico», que apenas diz que eu compreendo a necessidade de o ser humano viver em sociedade como forma de evitar males maiores, e nada diz, certamente, sobre os formatos sociais (centralizado ou descentralizado, poder forte ou fraco) ou sobre as formas de legitimação (religiosa ou laica, autoritária ou democrática...) que eu aceito para a a sociedade onde vivo.

Segunda: «Qual é a melhor maneira de contribuir para a sociedade?». Aqui, os autores consideraram dois opostos (o «altruísta extremo»: tomar conta dos outros e eles tomarão conta de mim; e o «isolacionista»: tomar conta de si próprio para que a sociedade não tenha de fazê-lo); e dois matizes intermédios (o «altruísta equilibrado»: tomar conta dos outros tanto como de si próprio; e o «individualista com consciência social»: tomar conta dos outros depois de tomar conta de si próprio). Esta pergunta parece-me mais relevante para aferir do posicionamento ideológico de alguém, porque não coloca o respondente perante concepções (mais ou menos informadas...) sobre a natureza humana, mas sim perante escolhas ético-sociais. Fiz a escolha «individualista com consciência social», porque sou solidário mas não sou ingénuo. No entanto, esta pergunta só interfere no eixo vertical (ver acima). O posicionamento «esquerda-direita» no eixo «ordem moral» é todo dado pela primeira pergunta.

Manias...

O Miguel Madeira do Vento Sueste desafiou-me a integrar-me numa corrente que requer que cada um dos elos enumere cinco manias e depois chute a bola para mais cinco bloguistas.
E as minhas manias são...
  1. Satirizar os bordões de linguagem que aparecem nos discursos políticos e nos excessos retóricos.
  2. Notar os erros de ortografia nos textos que leio.
  3. Detectar as dicotomias operativas nos posicionamentos políticos.
  4. Memorizar números (tanto constantes físicas como o do BI ou do cartão de contribuinte...).
  5. Ler blogues.

E passo a corrente para o João Vasco e para o André Esteves, para outro Ricardo, para o Geosapiens e para o Marco Oliveira.

quarta-feira, 15 de fevereiro de 2006

Mathew Iredale: «SciPhi Issue 33»

«We are used to be being told by the latest scientific research how similar we are to our ape cousins, especially chimpanzees.

Tool use, once thought to be a uniquely human activity, has been observed many times in wild chimpanzees. More extraordinary is the fact that captive chimpanzees have been taught sign language, and in some cases have taught it to their offspring. And research into the chimpanzee genome has just been published which suggests that we share as much as 99% of our functional DNA with chimpanzees.
But despite all these examples, significant differences still exist between humans and chimps. Humans are a very social species. Experimental evidence indicates that people willingly incur costs to help strangers in anonymous one-shot interactions, and that altruistic behaviour is motivated, at least in part, by empathy and concern for the welfare of others. But such behaviour does not appear to be shared by chimpanzees, in which cooperative behaviour is mainly limited to family members and reciprocating partners, and is virtually never extended to unfamiliar individuals.
(...)
It might have been a different matter if chimp behaviour were also influenced by indirect reciprocity. Indirect reciprocity can be summed up by the principle: “You scratch my back and I'll scratch someone else's” or “I scratch your back and someone else will scratch mine”. But there is little or no evidence of indirect reciprocity amongst chimpanzees.
(...)
Direct reciprocity does not require the same intellectual or linguistic abilities as indirect reciprocity. Imagine that chimp A has some food and chimp B does not. If A gives some of his food to B then he will expect to get something in return. Most obviously, at a later date when B has some food and A does not, A will expect B to give him some. This is a basic reciprocal relationship. If B decides not to reciprocate, then A may try to punish him in some way, either through the use of physical force or simply by not cooperating with him in the future. The point to note here is that even though the chimps are unable to speak it does not affect the outcome, for better or worse, of the relationship between them. Nor does this relationship require any intellectual skills beyond remembering that “I gave B some food” (for chimp A) and “A gave me some food” (for chimp B).

Indirect reciprocity, by contrast, does require significant intellectual and linguistic skills. It requires linguistic skills because it is based upon reputation, and for my reputation to be established and to grow requires that individuals are able to tell each other what I did.
It requires significant intellectual skills because instances of indirect reciprocity are far more complex than instances of direct reciprocity. As Nowak and Sigmund state:
  • Indirect reciprocity requires information storage and transfer as well as strategic thinking and has a pivotal role in the evolution of collaboration and communication. The possibilities for games of manipulation, coalition-building and betrayal are limitless. Indirect reciprocity may have provided the selective challenge driving the cerebral expansion in human evolution.
(...)
From this we can see the beginnings of a possible explanation as to why it is humans who have developed a sense of morality and not other species. Direct reciprocity does not require any moral judgement to be made. It is, in a sense, just a very sophisticated variation of a symbiotic relationship. But indirect reciprocity is another matter entirely.
(...)»

terça-feira, 14 de fevereiro de 2006

República laica - solução para o futuro

ENCONTRO-DEBATE com ÉTIENNE PION:
REPÚBLICA LAICA - SOLUÇÃO PARA O FUTURO

14 de fevereiro (terça-feira), às 18:30 horas, no auditório da Biblioteca-Museu República e Resistência (Rua Alberto de Sousa, nº10 - Zona B do Rego, junto à Cidade Universitária).
Entrada livre e tradução simultânea.

Étienne Pion é presidente do MOUVEMENT EUROPE ET LAÏCITÉ e autor do livro L'AVENIR LAÏQUE.

Uma iniciativa da Associação Cívica República e Laicidade.

domingo, 12 de fevereiro de 2006

quinta-feira, 9 de fevereiro de 2006

Comunicado da ARL

«1.A Associação República e Laicidade considera que o único dever das autoridades de um Estado laico e democrático na actual «polémica dos cartunes» é reafirmar o direito inalienável dos cidadãos ao exercício da liberdade de expressão, o qual inclui o direito à blasfémia. A Associação República e Laicidade não pode, portanto, deixar de lamentar e repudiar o comunicado do Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros datado de 7 de Fevereiro de 2006.
2. Contrariamente ao que sustenta aquele documento oficial, a presente crispação internacional não evidencia uma «guerra de religiões», mas sim o confronto entre laicidade e clericalismo. A liberdade de expressão, constitucionalmente garantida, é um direito fundamental que tem valor exactamente na medida em que não conhece excepções. Um alegado «dever de respeito» pelos «símbolos e figuras» religiosos não pode ser constituido em limite à liberdade de expressão, sob pena de destruir o debate livre e aberto que caracteriza as sociedades democráticas.
3. A Associação República e Laicidade – embora respeitando a legitimidade das crenças religiosas pessoais – considera também que quem exerce o cargo de Ministro do Governo da República Portuguesa não deve aduzir dogmas de fé (nomeadamente, a existência de um «profeta Abraão») como justificação de tomadas de posição políticas.
A bem da República.
Lisboa, 8 de Fevereiro de 2006

Declaração do Ministro de Estado e dos Negócios Estrangeiros sobre a crise dos cartoons

terça-feira, 7 de fevereiro de 2006

Christopher Hitchens: «The case for mocking religion»

«(...)
Many people have pointed out that the Arab and Muslim press is replete with anti-Jewish caricature, often of the most lurid and hateful kind. In one way the comparison is hopelessly inexact. These foul items mostly appear in countries where the state decides what is published or broadcast. However, when Muslims republish the Protocols of the Elders of Zion or perpetuate the story of Jewish blood-sacrifice at Passover, they are recycling the fantasies of the Russian Orthodox Christian secret police (in the first instance) and of centuries of Roman Catholic and Lutheran propaganda (in the second). And, when an Israeli politician refers to Palestinians as snakes or pigs or monkeys, it is near to a certainty that he will be a rabbi (most usually Rabbi Ovadia Yosef, the leader of the disgraceful Shas party) and will cite Talmudic authority for his racism. For most of human history, religion and bigotry have been two sides of the same coin, and it still shows.
Therefore there is a strong case for saying that the Danish newspaper Jyllands-Posten, and those who have reprinted its efforts out of solidarity, are affirming the right to criticize not merely Islam but religion in general. And the Bush administration has no business at all expressing an opinion on that. If it is to say anything, it is constitutionally obliged to uphold the right and no more. You can be sure that the relevant European newspapers have also printed their share of cartoons making fun of nuns and popes and messianic Israeli settlers, and taunting child-raping priests. There was a time when this would not have been possible. But those taboos have been broken.
Which is what taboos are for. Islam makes very large claims for itself. In its art, there is a prejudice against representing the human form at all. The prohibition on picturing the prophet—who was only another male mammal—is apparently absolute. So is the prohibition on pork or alcohol or, in some Muslim societies, music or dancing. Very well then, let a good Muslim abstain rigorously from all these. But if he claims the right to make me abstain as well, he offers the clearest possible warning and proof of an aggressive intent. This current uneasy coexistence is only an interlude, he seems to say. For the moment, all I can do is claim to possess absolute truth and demand absolute immunity from criticism. But in the future, you will do what I say and you will do it on pain of death.
I refuse to be spoken to in that tone of voice, which as it happens I chance to find "offensive." (By the way, hasn't the word "offensive" become really offensive lately?) The innate human revulsion against desecration is much older than any monotheism: Its most powerful expression is in the Antigone of Sophocles. It belongs to civilization. I am not asking for the right to slaughter a pig in a synagogue or mosque or to relieve myself on a "holy" book. But I will not be told I can't eat pork, and I will not respect those who burn books on a regular basis. I, too, have strong convictions and beliefs and value the Enlightenment above any priesthood or any sacred fetish-object. It is revolting to me to breathe the same air as wafts from the exhalations of the madrasahs, or the reeking fumes of the suicide-murderers, or the sermons of Billy Graham and Joseph Ratzinger. But these same principles of mine also prevent me from wreaking random violence on the nearest church, or kidnapping a Muslim at random and holding him hostage, or violating diplomatic immunity by attacking the embassy or the envoys of even the most despotic Islamic state, or making a moronic spectacle of myself threatening blood and fire to faraway individuals who may have hurt my feelings. The babyish rumor-fueled tantrums that erupt all the time, especially in the Islamic world, show yet again that faith belongs to the spoiled and selfish childhood of our species.
(...)»
(Christopher Hitchens na Slate; ler na íntegra.)

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2006

O manual da direita politicamente corrigida

  • Não digas: «Prenderam-me por esfaquear três pretos e deitar dois maricas ao rio». Diz antes: «Fui vítima da opressão do politicamente correcto».
  • Não digas: «Quero que os pretos vão todos para África». Diz antes: «O multiculturalismo coloca-me sérias dúvidas».
  • Não digas: «Eu acho que a religião e moral deve ser obrigatória». Diz antes: «Os católicos são muito perseguidos no mundo moderno».
  • Não digas: «As galdérias que não engravidassem». Diz antes: «Preocupa-me a difusão de uma cultura de morte».
  • Não digas: «Não quero que os homossexuais celebrem um contrato com o mesmo nome do que o meu». Diz antes: «Querem-me destruir a família e separar-me dos filhos».
  • Não digas: «Impediram-me de fumar num berçário cheio de recém-nascidos». Diz antes: «Fui vítima do fascismo anti-tabágico».
  • Não digas: «Os pobres que se arranjem». Diz antes: «O Estado-previdência é uma tirania».

Revista de imprensa (3/2/2005)

  1. A melhor biografia do Al-Zarqawi que já li: parte um, parte dois e parte três. É muito extensa, mas vale a pena porque descreve o fanático que a invasão do Iraque tornou o maior terrorista do planeta, e que, ao contrário dos seus dois superiores hierárquicos na Al-Qaeda (se é que ele ainda obedece à hierarquia...), é um homem sem educação universitária e de origem modesta.
  2. «The Suicide Bomber and the Leap of Faith», um artigo da Free Inquiry que, como o título indica, relaciona Kierkegaard com o bombismo islâmico. Somos todos humanos e racionais.
  3. Duas entrevistas: uma com Salman Rushdie («Inside the mind of jihadists») e outra com Ayaan Hirsi Ali («Islamic Reformation Will Come From Europe»). Ambos de origem muçulmana, ambos apóstatas, ambos viveram sob escolta parte da vida (e Hirsi Ali continua nessa situação...) por fazerem, respectivamente, um livro e um filme que desagradaram aos clericais islâmicos. Insistem que o «iluminismo muçulmano» virá da Europa. Que alguém os ouça.

quinta-feira, 2 de fevereiro de 2006

Afinal havia outras

Parece que afinal havia outras imagens de Maomé e de muçulmanos. Segundo as últimas notícias, o grupo de imãs que andou pelos países muçulmanos a falar deste caso não se limitou a mostrar os doze cartunes que toda a gente conhece. Mostraram mais três que são francamente mais ofensivos e que «alegadamente» teriam sido «enviados anonimamente» a muçulmanos da Dinamarca.

quarta-feira, 1 de fevereiro de 2006

Mais Maomé

O blogue que tem todos os cartunes de Maomé em formatos diversos: Face of Muhammed.
Uma colecção muito extensa de imagens de Maomé ao longo dos tempos: Mohammed Image Archive.