quinta-feira, 1 de setembro de 2005

Desfazendo os mitos sobre a República (1)

Um mito recorrente sobre a República de 1910 é que a ICAR terá sido «perseguida». Raramente esta acusação é explicada, mas nessas raras vezes é geralmente referida a expulsão das ordens religiosas.
No entanto, a realidade é que, no dia 5 de Outubro e nos dias que se seguiram, os padres das congregações (particularmente os jesuítas) dispararam sobre a tropa republicana e mesmo sobre o povo. No convento do Quelhas, por exemplo, foram lançadas de uma janela bombas de dinamite que mataram dois soldados da Marinha, iniciando uma fusilaria incessante a partir das janelas do convento. Foi feito fogo sobre os republicanos e sobre o povo a partir de outros conventos, como o convento de Arroios, ou o de Torres Vedras, onde foi fuzilado um cidadão que gritara vivas à República.
Foi portanto em auto-defesa que, no dia 8 de Outubro, o Governo Provisório da República repôs a legislação de Pombal e de Joaquim António de Aguiar extinguindo as congregações religiosas.

3 comentários :

Carim disse...

Apesar de tudo a 1ª Republica portuguesa teve os seus aspectos positivos como o laicismo, a Lei da Separação da Igreja e do Estado, a lei do divórcio, algumas medidas de protecção social, a tentativa de libertar os portugueses da ignorância e da mentalidade retrogada disseminada pela ICAR. Foi um regime até certo ponto inovador...

Anónimo disse...

Só limitado pelos limites do homens da altura... (mulheres á parte, por exemplo..)

Anónimo disse...

No que respeita a violência anti religiosa na primeira república, mencionar casos de frades a disparar sobre tropas prestes a invadir conventos, ou um fusilamento de uma mulher por frades tem tudo a ver com a propaganda ficcionada pelo novo regime para justificar violências maiores. Nada de novo neste mundo.
A violência, a perseguição, o roubo, os crimes que se cometeram Portugal de 1910 a 1915 contra a Igreja, incluindo os praticantes, são factos históricos que vão muito para além de política de separação entre Estado e Igreja. A intolerância era tal que homens sem barba ou bigode foram espancado nas ruas por carbonários por considerarem que deviam ser religiosos à solta. Grupos de carbonários arrastavam-se crucificos pelas ruas, icones eram retirados das igrejas e destruídos, cuspia-se nas pias de água benta, urinava-se sobre imagens católicas.
Felizmente, evoluímos de lá para cá. É bom podermos ser livres e deixar os outros serem livres opinião política ou crença religiosa. Ficamos todos perder quando, a pretexto de enaltecer qualquer regime, promovemos a invenção da história tanto pelo uso da mentira como pelo da omissão.
Afinal, sem os crimes que a I República cometeu contra a liberdade em Portugal, incluindo a liberdade religiosa, provavelmente nunca teríamos tido um ditador católico e retrógrado a governar o país durante quarenta anos.
Já sei que isto não vai passar na vossa censura de homens livres. Mas iria em benefício de todos, incluindo dos próprios, eu acho, se a respeiro de factos optássemos por sempre pela honestidade intectual, se optássemos sempre por ficar do lado dos estupidamente oprimidos e humilhados ainda que tenham opiniões diferentes da nossa, e optássemos sempre pela rejeição da repressão, da mentira e da censura, ainda que tenha origem naqueles com quem partilhamos posicionamentos políticos.
Viva Portugal, viva a Liberdade.
P.Belém