sexta-feira, 9 de junho de 2017

Notas rápidas sobre as eleições britânicas

Comparando com as eleições anteriores, a variação mais significativa (em termos percentuais - não de mandatos) é o esvaziamento do partido de extrema direita UKIP. O crescimento do UKIP devia-se ao desejo do BREXIT por uma parte do eleitorado. Consumado (pelo menos em referendo) o BREXIT, o voto na extrema direita esfuma-se. A tese (de que os setores mas ferrenhamente europeístas não gostam) de que o crescimento do voto na extrema direita é uma reação popular às políticas não sufragadas impostas por instituições europeias não eleitas ganhou aqui um exemplo. (Em França não é bem assim: embora isso justifique um crescimento da FN, a extrema direita sociológica, por razões históricas, é maior.) Talvez seja sensato não deixar a extrema direita como única alternativa de voto a quem critica essas políticas (como sucede em muitos países - não em Portugal). Mas o melhor mesmo será mudar muitas das políticas da União Europeia.
Pela segunda vez em um ano, um primeiro ministro conservador britânico julga que tem os seus eleitores no bolso. E as eleições demonstram que isso não é verdade. Terão aprendido a lição?
Numa altura em que se fala na crise da esquerda na Europa, um partido socialista com um plano de governo de esquerda obteve mais de 40% dos votos, e permanecerá como uma sombra do próximo governo (cuja estabilidade ainda terá que ser demonstrada). A crise não é da esquerda: é do convencionalmente chamado "centro" político. Da "esquerda" que pratica políticas de direita. Espero que também tenham aprendido esta lição.

4 comentários :

Jaime Santos disse...

Há um erro neste seu argumento Filipe, o RU não está obrigado a cumprir o pacto de estabilidade. As políticas de austeridade são da exclusiva responsabilidade de Cameron, Osborne, Clegg e Cable (estes dois últimos dos LD, no governo até 2015). Em segundo lugar, há um pequeno problema com as políticas de Corbyn, é que não há dinheiro para elas. O Institute of Fiscal Studies arrasou os programas conservador e trabalhista, este último porque o aumento de impostos que Corbyn propunha não cobria de modo nenhum o enorme aumento de despesa que prometia. Mais, o insuspeito Larry Elliot, no Guardian, revelou que Corbyn não reservou um penny para as privatizações (só as águas eram mais de 60 mil milhões de libras). Pode ou não concordar-se com aumento de despesa e com nacionalizações, mas é preciso explicar onde se mobilizam os recursos para tal. Porque se a solução é mais dívida pública, já se sabe qual o resultado. Thatcher tinha razão, nesse caso, o 'Socialismo' acaba quando acaba o dinheiro dos outros. Para quem se preocupa tanto com soberania, a Esquerda soberanista parece invulgarmente pouco preocupada com a ideia de que, ou se muda de vida (e podemos ter que reestruturar parte da dívida existente), ou tarde ou cedo essa soberania irá ser-nos retirada de novo...

Luís Lavoura disse...

Pela segunda vez em um ano, um primeiro ministro conservador britânico julga que tem os seus eleitores no bolso.

E não tem? O partido conservador aumentou a sua votação de 37% para 42%. Ou seja, Theresa May tem os sues eleitores no bolso...

O problema é que, com o sistema eleitoral britânico, o número de deputados eleitos tem pouquíssimo a ver com o número de votos obtido.

Unknown disse...

Therssa May é mais uma globalista que calculou mal a raiva do povo. Será que os políticos vão aprender a ouvir o povo finalmente?

Unknown disse...

Fiquei a saber que o UKip é de "extrema-direita".

Para os globalistas e internacionalistas qualquer partido Europeu que quer preservar a sua civilização Greco-Cristã e de "extrema-direita"