sexta-feira, 10 de março de 2017

A "pressão" da esquerda sobre o Banco de Portugal e o CFP

No comentário político há muito a tendência para confundir factos com opiniões. Julgo que terá a ver com uma deficiente formação científica, mas esta confusão é particularmente frequente entre os economistas "mainstream", que apresentam sempre as suas opiniões como factos à luz da "teoria económica". Ora as opiniões são livres, mas os factos não são livres nem democráticos. Dar uma opinião, fundamentada ou não, é um exercício de liberdade; enunciar factos, não.
A direita e os colunistas do "Observador" têm assinalado uma tentativa de silenciamento por parte da esquerda das críticas das "vozes institucionais" de "instituições soberanas", como o Banco de Portugal e o Conselho de Finanças Públicas.
Ora, creio eu que dessas "instituições soberanas" se esperam factos, e não opiniões. Daí serem supostas "vozes institucionais". O que se tem visto, seja na supervisão do Banco de Portugal, seja nos palpites do Conselho de Finanças Públicas, são erros. Quem tem por missão enunciar factos tem que ser confrontado com os seus erros, pois não está a fazer bem o seu trabalho. Não são admissíveis factos errados. Assim se justificam as críticas da esquerda a estas instituições. A não ser que os pareceres destas instituições não sejam baseados em factos, mas em opiniões. Neste caso, justifica-se bem a questão levantada pelo deputado do PCP Miguel Tiago: para que pagamos nós o salário a pessoas como a presidente do CFP? Para dar as suas opiniões é que não é, de certeza. Se a senhora quer dar as suas opiniões, que venha escrever para o "Observador", e o "Observador" que lhe pague.

1 comentário :

Jaime Santos disse...

Lamento Filipe, mas acho que o que diz não faz qualquer sentido. As previsões, ainda por cima em Economia, são sempre opiniões. Por isso, pagamos mesmo a essas pessoas para ouvirmos opiniões. O que se deve perguntar é por que razão não deveríamos ter mais pluralismo opinativo nesses fora. E a essa luz, a nomeação de um Francisco Louçã para o conselho consultivo do BP faz todo o sentido. O que se deve fazer para rebater a argumentação da Direita é reconhecer a 'incerteza ontológica' em Economia (há um artigo recente da FR sobre isso https://www.washingtonpost.com/opinions/why-economists-cant-forecast/2017/03/08/4cad0644-041f-11e7-b1e9-a05d3c21f7cf_story.html?hpid=hp_no-name_opinion-card-e:homepage/story&utm_term=.3db1a1dfc27b) e como tal desmontar a pretensão a qualquer espécie de objetividade nessa matéria (o que não é razão para não se ouvir Teodora Cardoso, simplesmente chamar a atenção que ela não é nenhum oráculo)...