segunda-feira, 13 de novembro de 2006

Azar Majedi: «Revisiting the question of the veil: Must the veil be banned?»

«The question of the veil has become a heated debate in the British media. In this debate some fundamental principles seem to be at stake: Individual freedom to practice one’s religion, freedom of choice, freedom of clothing and discrimination against a particular community, that is, the so-called Moslem community. Islamists and some human rights activists maintain that the so-called Moslem community is being stigmatized and have been under racist attack since September 11th. They argue that the latest attempts to ban burke or the nighab is a violation of individual freedom and another racist attack on Moslems. Let’s examine these issues closer.
Two events following one another brought up the question of the Islamic veil in the British media: Jack Straw’s comment on the women wearing the nighab and the case of Aishah Azmi, a 24 year old support teacher, who was ordered to take off her full veil, including the nighab. She took the school to court and the court decided in the school’s favour, and so she appealed against the court’s decision.
In my opinion defending the right to wear the veil in any form or shape and in any circumstances as freedom of choice is fallacious. It overlooks other, just as important, rights recognised by modern civil society. In unconditionally defending the right to wear the veil, one comes, at best, in collision with other set of rights, i.e. children’s rights, women’s rights, societal rights, and the principle of secularism. In debating about the freedom of wearing the veil, one must take different circumstances into consideration. 1. The age of the person wearing the veil. 2. The extent of the veil and 3. Where the veil is worn.
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(...)
The argument that classifies the veil as a style of clothing is totally misleading. The veil is a religious ritual, a religious costume. Moreover, nowadays the veil has become the political banner of a political movement, namely, political Islam. The veil has become the symbol of Islamic power. Wherever Islamists gain power, they force the veil on women, as a sign of their victory and supremacy.
Why is this argument relevant to our discussion? It may be argued that irrespective of its religious or political character and significance, one must be free to wear any “political or religious symbol” one chooses to wear. My response, and I believe many others’, to this is a categorical NO. It must be said that in most countries, including Western democracies, there are certain dress codes at workplaces and wearing different political symbols or religious ones are not allowed in the workplace. Therefore, the veil must also be viewed in this light. We should tear out all this romantic falsification surrounding the veil. The veil is a religious and political symbol of a religion and movement that degrades and deprives women.
(...)
The veil is both the symbol and the tool for women’s subjugation. Islam, as in fact, all other religions, is a misogynist ideology. Islam is a direct product of sheer patriarchy. Islam, particularly, due to its earthly characteristics, penetrates every aspect of private and social lives of men and women. A woman, according to Islam, is an extension and subject of a man. She does not have an independent identity and is defined by her master. The veil has been prescribed to hide men’s property from potential violators. A “free” woman, according to Islam, is considered an open and free target, a free ride.
(...)
The veil is a pure discrimination against girls. It hampers their physical and mental development. It segregates them from the rest of the society. It restricts their growth and future development. It assigns to them a prescribed social role according to their gender and a division of labour. Therefore it must be banned. Society is duty-bound to safeguard free, healthy and normal development of these girls. It is a crime to ignore this obligation. Freedom of choice is purely nonsensical regarding the veil for underage girls. “A child has no religion”. It is the parents’ religion that is imposed on the child. The society must respect the child’s right to a free development.
(...)
In a secular society, religion must be a private affair of any individual. The state must be separated from religion and stay away from promoting any religion. A secular society can better defend individual rights and civil liberties. Contrary to the commonly held belief, religious hatred or communal stigmatization can better be avoided in a secular society. In a secular society wearing or carrying any religious symbol at state institutions and in the place of education must be prohibited. By doing this, the state and the educational system do not promote any particular religion. Religion remains in the private sphere and clashes between followers of different religions is somewhat avoided. Therefore, I believe that the recent legislation in France regarding the banning of wearing any religious symbols in state institutions and schools is an appropriate step in the right direction.
(...)
when dealing with burke or the nighab, we surpass the sphere of individual rights. Here, we enter the sphere of what I call societal rights. The person under this kind of veil has no identity in the face of fellow citizens. The society cannot work with faceless humans. At a workplace, and I mean any workplace, it is the right of the fellow workers and customers to see the face of their colleagues or the personnel. There is also the issue of trust at stake. You can not trust the person who has covered their face. Eyes and facial expressions are the key to communication, if you hide these, there can be no real communication.
(...)
Hopefully, we come to the agreement that certain limitations must be imposed on the veil: banning of all shapes of the veil for underage girls. The use of the veil at public workplaces and educational institutions and total ban on burke and the nighab

12 comentários :

Camarelli disse...

Discordo com a proibição do uso do véu ou qualquer outro adereço. Para mim, é tão legítimo como decretar um limite mínimo para comprimento saias («só abaixo do joelho»). A sociedade para evoluir a sério não pode ser pela imposição; primeiro há que garantir a liberdade aos/às cidadãs, como a igualdade de géneros perante a lei; a partir daqui, as mulheres, libertas da opressão -- da violência, da intolerância, da dominação, da escravatura -- podem por fim escolher livremente a religião, o marido, o emprego, os estudos, e por acréscimo, a vestimenta;
O estado deve manter o carácter secular naquilo que lhe pertence: os edifícios públicos; mas em relação às pessoas, bem, não me preocupa o uso do véu, preocupa-me sim, que o quem o use o faça por imposição e por medo.

Ricardo Alves disse...

matarbustos,
não tenho qualquer dúvida de que faz sentido proibir o véu islâmico nos serviços públicos.
Já na rua, não. Embora as burcas e quejandos, que as embrulham todinhas até não deixarem nada à vista, são uma coisa tão agressiva que...

Anónimo disse...

Deve a escola respeitar as orientações alimentares da religião e não dar carne de porco?

E se for um pai que quer um filho vegetariano?

E se for um pai que não quer que os filhos comam alimentos genéticamente modificados?

dorean paxorales disse...

Ricardo,

Nao entendo a diferenca que fazes entre espacos publicos. Uma burca e' uma barreira 'a interaccao em qualquer lado. Num local de trabalho restringe a funcao do servico; na rua, acaba com a liberdade social.

Ricardo Alves disse...

Dorean,
honestamente tenho dúvidas sobre se se deve ou não proibir as burcas na rua (o véu «de cabeça», esse acho que não deve ser proibido na rua, como é óbvio). Por um lado, as pessoas podem vestir-se como quiserem. E lá porque ando na rua não sou obrigado a interagir com as pessoas (num serviço público, aí sim, tenho obrigações). A razão para o proibir na rua poderia ser que é uma manifestação política (que também é), e por isso acho muito bem que o proíbam em países como a Tunísia. Mas proibir manifestações políticas (t-shirts do Che Guevara? Tatuagens da suástica?) não me parece bem.
No fundo, o debate tem algo que ver com o debate sobre o uso de uniformes paramilitares nos anos 30.

Ricardo Alves disse...

Luis Pedro,
e se o pai quiser que o filho aprenda equitação, esgrima, e só coma bife do lombo? Devemos respeitar a cultura dele ou não?

Anónimo disse...

"e se o pai quiser que o filho aprenda equitação, esgrima, e só coma bife do lombo? Devemos respeitar a cultura dele ou não?"

Claro, desde que não me peça para pagar.

Ricardo Alves disse...

Pois, o problema é quando querem isso tudo na escola pública e mais a Educação Moral e Religiosa, inclusivamente com criacionismo...

Anónimo disse...

Sr. Ricardo Alves

1- Este blogue diz-se da esquerda republicana e deveria tratar de questões de política geral e particular, numa perspectiva de esquerda, mas, frequentemente, perde-se em coisas menores, desinteressantes para a ER.
2- Como parece ser o caso da cultura muçulmana e dos povos muçulmanos, que o sr. Ricardo Alves aborda, obsessivamente, com laivos de racismo/xenofobia, indigno de gente dita de esquerda…
E aborda, citando excessivamente, ainda por cima em Inglês, as coisas mais diversas respeitantes à cultura dos muçulmanos ou árabes, sempre numa perspectiva de denegrimento e de aversão, típicas dum certo racismo/xenofobia que anda por aí contra a cultura desses povos.
3- Em primeiro lugar, queria recordar-lhe, partindo do princípio que sabe isso, que os árabes foram grandes comerciantes (os maiores) na Idade Média, e trouxeram para a Europa as especiarias, a pólvora, a bússola, o papel, oriundos da Ásia, e com que a Europa, também, se desenvolveu.
Foram os árabes que divulgaram os livros dos antigos gregos, que enriqueceram a cultura medieval e renascentista, permitindo assim o amplo desenvolvimento cultural no Renascimento.
4- Em segundo lugar, o sr. Ricardo Alves esquece ou omite que a maior parte ou todos os regimes árabes da actualidade são dirigidos por corruptos e lacaios do imperialismo americano europeu, regimes esses que exploram e reprimem os seus povos, impedindo-lhes a ânsia de liberdade e de democracia que esses povos naturalmente querem, porque não são menos que os outros.
5- O sr. Ricardo também parece esquecer que muita da confusão e perturbação que ocorre nesses países deriva do apoio que esse mesmo imperialismo americano e seus aliados europeus dão ao seu peão sionista, Israel, o maior foco de tensão no Médio oriente.
6- O sr, Ricardo Alves passa uma boa parte do seu tempo a citar uma meia-dúzia de desequilibrados islâmicos ou de pequenos aspectos dessa cultura para fustigar, dum modo veladamente racista e xenófobo, o povo árabe e muçulmano, na sua totalidade, omitindo e fingindo ignorar os corruptos que os governam mais o apoio imperialista americano.
7- O sr. Ricardo não quer saber para nada que esses muçulmanos desequilibrados, que cita, não representam o povo nem nada significam para a luta democrática e popular e as justas reivindicações de paz e liberdade, democracia e progresso social que esses povos almejam, tal como todos os explorados e oprimidos do mundo.
8- O sr. Ricardo preocupa-se mais com os véus e suas formas do que com a libertação desses povos das garras do imperialismo e seus lacaios corruptos que governam tais povos.
9- Eu também sou contra o véu, porque é uma forma de opressão da mulher e uma forma de machismo.
Mas isso e outras coisas atrasadas desses povos, são aspectos que se alterarão com o tempo, depois dos corruptos serem corridos do poder pela luta política geral e, de preferência, de esquerda, das massas populares.
10- Andar constantemente, como faz o sr. Ricardo, entretido a exaltar uns tolos, erigidos à condição de dirigentes islâmicos ou lá o que são e apresentá-los como perigos para o mundo e combatentes maléficos, é deturpar a verdadeira luta de libertação e a política de esquerda.
11- Tal como também, quanto aos imigrantes muçulmanos no ocidente, a sua integração na sociedade tem alguns problemas, mas eles acabarão por se integrarem, sobretudo quando se libertarem das amarras dos guetos para onde os governos capitalistas os mandaram e se assumirem como homens, mulheres e jovens trabalhadores iguais aos outros nacionais.
Mas o sr. Ricardo prefere os pequenos aspectos da cultura desses povos para fustigá-los, prestando assim um bom serviço aos racistas e xenófobos, assim como ao imperialismo e seus lacaios árabes, que são os principais factores impeditivos da justa aspiração à paz, liberdade, democracia e progresso social dos povos muçulmanos.

Ricardo Alves disse...

Caro Sr. Brigadeiro,

(1) Não me considero racista nem xenófobo. Até me considero anti-racista e antifascista, e portanto anti-islamista e anti-jihadistas. O fascismo não é, infelizmente, monopólio dos europeus, como a opressão das mulheres não é uma tara exclusiva do catolicismo, e a questão do véu deveria abrir os olhos a certa esquerda para o mal que o Islão faz às perspectivas de emancipação feminina.

(2) Não considero que os regimes ditatoriais dos países árabes assentem exclusivamente no apoio dos EUA, nem que os problemas desses países se devam inteiramente à existência de Israel. Esses povos e esses regimes têm razões e problemas próprios que são, no essencial, independentes dos EUA e de Israel. A obsessão ocidentalo-cêntrica em considerar tudo o que acontece no mundo como consequência do que acontece nos EUA desfigura a realidade real.

(3) A esquerda de que me reclamo é individualista e universalista. Se criticamos o obscurantismo católico e o clericalismo da ICAR, devemos fazer exactamente o mesmo quanto ao islamismo (e ao judaísmo, já agora). E o combate ao imperialismo estado-unidense não é a única luta da esquerda, a que tudo o resto deva ser subordinado.

(4) Há muitas organizações e individualidades de esquerda com que me identifico, e que tento destacar aqui no blogue através de textos que me pareçam invulgarmente claros ou pertinentes (uns em inglês, outros em francês). A Azar Majedi até me parece que pertence a uma organização de esquerda iraniana... Mas justamente daquela esquerda que faz do combate a islamo-fascistas como Ahmadinejad uma prioridade.

dorean paxorales disse...

Parece que incomodaste a opinião errada, o que é sempre indício de a teres acertada. ;)

Ah, e o véu a que normalmente me refiro é o que tapa a cara (niqab) quer venha em complemento de burkha ou não: compreendo que as mãos, o penteado (hijab), ou os joanetes tenham de estar a coberto da concupiscência masculina, como dizem as mulas australianas, e que ninguém se ofenda por lhe chamarem 'violador em potência' com um par de luvas.

Mas ser impedido de vêr a cara de com quem me cruzo na rua, seja mulher ou homem, já me parece falta de educação. E para quem de tal, nem bom-dia nem boa-tarde.

Ismael disse...

Não é fácil impôr proibições fora de contexto. Neste momento, não existe em Portugal uma componente islamista radical que justifique a proibição. Em todo o caso, se tal se vier a verificar, não me oponho à proibição da burka e do véu a cobrir a cara, quer em instituições públicas quer em espaço público (e abrindo excepções para o Carnaval...)
O véu a cobrir a cabeça não poderá ser proibido, obviamente, visto tratar-se de uma tradição nacional e não ser no melhor interesse do país prender dezenas de milhar de viúvas.