- «Um princípio republicano que me é particularmente caro resume-se nisto: a política é um serviço, não é uma profissão. Também porque o leninismo (em circunstâncias históricas que até o admitiam) criou a figura do revolucionário profissional, e a manteve, muitos países acabaram em monarquias norte-coreanas. Entre nós mais que uma profissão transformou-se numa carreira, com jota-iniciação e passagem a sénior deputado ou autarca, com a agravante de nos partidos do arco se ir rodando pelo poder empresarial, que não busca nos políticos talentos mas mero tráfico de influências. O anedótico episódio dos presidentes de câmara que querem mudar de concelho porque lhes limitaram os mandatos chega a ser caricato. É certo que o mal vem detrás, não faz qualquer sentido o típico pára-quedismo que admite aterragens em concelhos onde nunca se viveu, aproveitando normalmente famas mediáticas. Mais um tribunal acaba de mandar Luís Filipe Menezes ganhar a vida noutro lado (que diabo, o homem até é médico, não fica desempregado), e a falta de clarificação da AR promete enriquecer o luso-anedotário; dificilmente o assunto será resolvido a tempo de, na altura da legalização das candidaturas e no curto prazo em que cada juiz as valida, haver jurisprudência nacional. A insistência do PSD neste caso já brada aos céus. Como Passos Coelho se vai afirmando um reputado especialista em bodes expiatórios e calimerismos puros e duros, e não vendo nenhum ex-autarca do PSD no desemprego ou na emigração, começo a desconfiar que a insistência em seabras, menezes a até ribaus, tem um fito: chegar à noite das eleições e choramingar que a pesada e inevitável derrota eleitoral que se avizinha é culpa dos tribunais. Então se chegar ao Constitucional, vai ser um festival de lágrimas. (...)» (João José Cardoso)
«entre le fort et le faible, entre le riche et le pauvre, entre le maître et le serviteur, c’est la liberté qui opprime, et la loi qui affranchit.»
(Lacordaire)
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