segunda-feira, 4 de março de 2013

O que o fenómeno Grillo nos ensina de positivo

Começo por dizer que não tenho qualquer simpatia por Beppe Grillo, o comediante que convidou membros do movimento neo-nazi a juntarem-se ao seu movimento, que quer acabar com os sindicatos, que tem problema a aceitar as minorias imigrantes, e cuja definição de democracia interna é "ou concordas com os meus princípios ou podes ir embora". Vejo o crescimento do seu movimento (e realmente o movimento pertence-lhe ao ponto de a página oficial estar alojada na página pessoal do comediante) como mais uma deriva populista perigosa nesta Europa sem rumo.
Contudo, este fenómeno relembra-nos sobre como a Democracia Representativa deve funcionar: os cidadãos com posições políticas semelhantes devem unir-se em grupos, formar listas e programas eleitorais, e submeter-se ao voto. É uma pena ver que muitos cidadãos estejam convencidos que existe uma "classe" política à parte, não entendendo que todos podemos "entrar" e "sair".
O aparecimento do MoVimento 5 Estrelas mostrou-nos que até* num país onde a "classe política" é das mais herméticas na Europa, onde a imprensa é das menos politicamente independentes, é possível constituir um novo partido e chegar aos 25%. 
As sondagens portuguesas mostram que os partidos de oposição não estão a captar o descontentamento dos portugueses. Faça-se Democracia.


*ou será que foi "devido a" e não "apesar de"?

2 comentários:

  1. O problema da Democracia na Europa, e da Democracia em geral, é o mesmo de sempre.

    As liberdades civis e a legitimação democrática que só o regime republicano pode satisfazer são um meio para um fim e não um fim em si mesmo. Esvazie-se o pensamento, os valores e a cultura dos povos daquilo que realmente interessa que os povos andarão à deriva para sempre. Até um dia irem cair direitos na boca do fascismo.

    O grande problema dos europeus e de todos os cidadãos do mundo livre é que, cada vez mais, nenhum deles quer verdadeiramente saber de nada muito importante. E os poucos que quererão, só têm as banalidades que lhes servem constantemente.

    E em vez de termos cidadãos, temos só pessoas. Ou pior: trabalhadore-consumidores.

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  2. Que eu saiba, a expressão «classe política» começou justamente a ser utilizada em Itália. E deu gás a um conhecido demagogo, Umberto Bossi de seu nome. Para além de um tal de Berlusconi.

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