Continuo a ler no facebook todos os dias textos tristes sobre Portugal, umas vezes apocalípticos, outras vezes suspirosos, outras vezes... salazaristas! Como se a vida não fosse já suficientemente sórdida sem as evocações patrioteiras dos iletrados. Uns culpam a Merkel, outros culpam os gangsters deste governo, outros lembram-nos que os governos anteriores não eram compostos por flores que a gente queira cheirar.
E ninguém quer falar do problema principal: com a excepção dos salazaristas (que como sabemos tão bem, não são as lâmpadas mais luminosas do nosso arraial), os portugueses odeiam Portugal...
E eu acho que a maioria tem razão. Somos um país imoral e injusto. Portugal não é uma meritocracia. As pessoas sérias, as inteligentes, ou as trabalhadoras, são humilhadas todos os dias por uma mafia que há 800 anos se apropria do produto do trabalho delas. Com a benção e às vezes sob a direcção experiente do patriarcado.
O resultado é, naturalmente, os portugueses não acharem que Portugal seja um projecto que apeteça apoiar e acarinhar. Ninguém vê nenhuma razão para trabalhar para o futuro dum país em que as mais valias que geram vão direitinhas para a Madeira, para a Suiça, para as Caiman Islands, etc.
E como somos miseráveis, somos invejosos: o sucesso é um crime, é o caminho mais rápido para a desgraça laboral e às vezes social. Gostava de saber se há sondagens, mas apostava que a esmagadora maioria dos portugueses acha a mobilidade social um crime. A sabujisse dos media, dos políticos e do clero em relação à aristocracia é um sinal chocante desta tragédia.
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