«entre le fort et le faible, entre le riche et le pauvre, entre le maître et le serviteur, c’est la liberté qui opprime, et la loi qui affranchit.»
(Lacordaire)
Se há coisa que não está a mais nos debates é que as pessoas sejam claras e frontais em relação ao que discordam, justificando essas posições com argumentos.
Por exemplo: ambos discordamos da posição do Ricardo Alves quanto à questão do aquecimento global. Eu sou "uma espécie única" porque admito discordar profundamente da posição dele? Não discordas profundamente também? Não consideras uma posição profundamente errada? Não escreves que consideras a posição dele profundamente errada? O que é que eu faço de tão único?
Ricardo, o Filipe Moura disse que para ti só o ser humano tinha valor. Tu disseste que sim, porque eras humanista. Eu apenas apontei que antes tinhas concordado que nem só o ser humano tinha valor.
Quanto à palavra "humanismo" fujo dela (como fujo de "capitalismo" e outras que tais) porque não só existem muitas divergências quanto ao significado dessas palavras, como - e isto é que é grave - muitas vezes não existe consciência dessas divergências. As pessoas pensam que estão a falar de uma mesma coisa, quando afinal estão a falar de coisas diferentes.
É uma posição que me provoca alguma curiosidade... Se os símios, e presumo que se refira essencialmente aos Hominidae, tem mais valor para si por serem parentes próximos do homem, considera que o valor de um animal (ou pelo menos de um mamífero, vá) é pelo menos em parte determinado pelo seu grau de parentesco (e portanto potencial enquanto fonte de conhecimento das origens humanas)connosco? Para justificar essa posição, não tem de negar a priori qualquer potencial valor de outras espécies para a nossa auto-compreensão?
Não nego o valor das outras espécies para a nossa «auto-compreensão». Que raio, eu não defendo que se extingam as baratas porque sim. Só quando entram na cozinha.
Quanto ao resto: a discussão nos comentários do outro post para mim é definitiva, e eu não tenho mais tempo a perder com este assunto. (Tenho que trabalhar, para poder apanhar aviões...) Registo apenas que o Ricardo Alves tem uma definição peculiar de "humanismo". Para a maior parte das pessoas "humanismo" e "antropocentrismo" são coisas bem distintas. Não necessariamente opostas, mas distintas. (O Partido Humanista não defendia os direitos dos animais, antes de haver o PAN?)
A posição do Ricardo Alves neste assunto é de facto muito peculiar. Todos os animais são nossos "parentes" , mais ou menos afastados. Assim teria que haver uma gradação de importância, não?
Por exemplo, não estou certo, mas os golfinhos penso que sejam bastante inteligentes e que estejam ao nível dos macacos em termos de aproximação aos nossos níveis processamento mental.
No entanto os golfinhos são mais afastados de nós do que os társios.
Eu substituiria «direito a não ser comido» por «direito a não ser extinto». Mas não quero que retirem daqui que me é indiferente que se extingam espécies animais por dá cá aquela palha...
Embora o Ricardo Alves não seja (tanto quanto eu sei) criacionista, as posições dele relativas a animais e à natureza e ao lugar do homem no universo aproximam-se muito das dos criacionistas e da direita conservadora republicana ("republicana" aqui no sentido americano).
Uma perspectiva equilibrada que evita os extremismos:
ResponderEliminarhttp://esquerda-republicana.blogspot.pt/2012/04/o-ser-humano-e-natureza.html
"Uma perspectiva equilibrada que evita os extremismos."
EliminarVai-se a ver, e qual é a primeira frase?
"No que diz respeito à importância relativa do homem face aos outros seres vivos, observo duas posições que considero profundamente erradas."
João Vasco, tu és único. Deus te abençoe, te conserve e te proteja. Em nome da diversidade.
Se há coisa que não está a mais nos debates é que as pessoas sejam claras e frontais em relação ao que discordam, justificando essas posições com argumentos.
EliminarPor exemplo: ambos discordamos da posição do Ricardo Alves quanto à questão do aquecimento global. Eu sou "uma espécie única" porque admito discordar profundamente da posição dele?
Não discordas profundamente também? Não consideras uma posição profundamente errada? Não escreves que consideras a posição dele profundamente errada? O que é que eu faço de tão único?
Mas nota que isto, sendo um interessante debate ético, está completamente à margem do debate sobre as alterações climáticas.
ResponderEliminarEu sei, mas vem a propósito de não entenderem o que eu quero dizer quando digo que sou humanista.
EliminarRicardo, o Filipe Moura disse que para ti só o ser humano tinha valor. Tu disseste que sim, porque eras humanista. Eu apenas apontei que antes tinhas concordado que nem só o ser humano tinha valor.
EliminarQuanto à palavra "humanismo" fujo dela (como fujo de "capitalismo" e outras que tais) porque não só existem muitas divergências quanto ao significado dessas palavras, como - e isto é que é grave - muitas vezes não existe consciência dessas divergências.
As pessoas pensam que estão a falar de uma mesma coisa, quando afinal estão a falar de coisas diferentes.
Os símios têm valor por serem nossos parentes. Nada mais.
EliminarÉ uma posição que me provoca alguma curiosidade... Se os símios, e presumo que se refira essencialmente aos Hominidae, tem mais valor para si por serem parentes próximos do homem, considera que o valor de um animal (ou pelo menos de um mamífero, vá) é pelo menos em parte determinado pelo seu grau de parentesco (e portanto potencial enquanto fonte de conhecimento das origens humanas)connosco? Para justificar essa posição, não tem de negar a priori qualquer potencial valor de outras espécies para a nossa auto-compreensão?
EliminarNão nego o valor das outras espécies para a nossa «auto-compreensão». Que raio, eu não defendo que se extingam as baratas porque sim. Só quando entram na cozinha.
EliminarQuanto ao resto: a discussão nos comentários do outro post para mim é definitiva, e eu não tenho mais tempo a perder com este assunto. (Tenho que trabalhar, para poder apanhar aviões...) Registo apenas que o Ricardo Alves tem uma definição peculiar de "humanismo". Para a maior parte das pessoas "humanismo" e "antropocentrismo" são coisas bem distintas. Não necessariamente opostas, mas distintas. (O Partido Humanista não defendia os direitos dos animais, antes de haver o PAN?)
ResponderEliminarA posição do Ricardo Alves neste assunto é de facto muito peculiar. Todos os animais são nossos "parentes" , mais ou menos afastados. Assim teria que haver uma gradação de importância, não?
ResponderEliminarPor exemplo, não estou certo, mas os golfinhos penso que sejam bastante inteligentes e que estejam ao nível dos macacos em termos de aproximação aos nossos níveis processamento mental.
No entanto os golfinhos são mais afastados de nós do que os társios.
Claro que há gradações. Os símios são nossos parentes próximos. Os outros mamíferos muito menos, e tenho muito prazer em tê-los no prato.
EliminarPortanto se bem percebi a tua gradação tem só 3 níveis:
EliminarHomem - todos os direitos
Macaco - direito a não ser comido
Todos os outros seres - nenhum direito ?
Aproveito para deixar esta informação sobre estes animais tão pouco aparentados de nós:
http://en.wikipedia.org/wiki/Cetacean_intelligence
Eu substituiria «direito a não ser comido» por «direito a não ser extinto». Mas não quero que retirem daqui que me é indiferente que se extingam espécies animais por dá cá aquela palha...
EliminarEmbora o Ricardo Alves não seja (tanto quanto eu sei) criacionista, as posições dele relativas a animais e à natureza e ao lugar do homem no universo aproximam-se muito das dos criacionistas e da direita conservadora republicana ("republicana" aqui no sentido americano).
ResponderEliminarFazes com cada aproximação, Filipe... Não tarda nada vais dizer que eu concordo com o Policarpo que o dia hoje está cinzento...
EliminarO que é te chateia mais: que o que Filipe Moura diz é verdade, ou que o Filipe Moura to recordou?
Eliminar:o)
O que ele disse não me chateia.
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