- «(...) Defendi, quando se discutia a reformulação da Alta Autoridade para a Comunicação Social, que a entidade reguladora fosse composta por dois representante eleitos pelos jornalistas, um representante das empresas de comunicação social, um eleito por dois terços do Parlamento e um nomeado pelo Presidente da República. Uma maioria de representantes dos regulados (com maior peso dos profissionais), um nome aceite por uma maioria qualificada do Parlamento e uma figura escolhida pelo Chefe de Estado. Considerava que uma composição deste género, tendo vários defeitos, teria, pelo menos, o mínimo de credibilidade junto de quem deve acatar as suas decisões. Como era de esperar, os dois principais partidos não quiseram deixar passar a oportunidade de determinar quem controlaria os jornalistas. E transformaram a ERC num miniparlamento, onde tratam das suas pequenas guerras. Assim foi no tempo de Sócrates, assim é no tempo de Passos. Nem as pessoas que lá se sentam, mesmo quando são jornalistas, merecem o respeito dos profissionais que pretendem regular, nem as suas deliberações têm qualquer credibilidade no conjunto da sociedade. Defendi então que a tentativa de instrumentalizar a ERC seria inútil: um órgão regulador que não é levado a sério não regula ninguém. Assim tem sido.
A deliberação sobre as pressões e ameaças de Miguel Relvas ao jornal "Público", em que, como era de esperar, a maioria escolhida por PSD e CDS dá tudo como não provado, apenas confirma a evidência: esta estrutura partidária não regula nem pretende regular coisa nenhuma. (...)A ERC é apenas mais um exemplo do falhanço da regulação em Portugal. A Autoridade da Concorrência, que nunca descobriu qualquer problema na evidente cartelização de preços dos combustíveis, ou a Entidade Reguladora dos Serviço Energéticos, sempre com tanto receio de aborrecer a EDP, são outros. No caso da ERC, indignaram-se os social-democratas quando mandava o PS. Indignam-se os socialistas quando manda o PSD. Mas sabemos que nenhum deles está disposto, estando no poder, em desistir deste patético faz de conta. (...)» (Daniel Oliveira)
«entre le fort et le faible, entre le riche et le pauvre, entre le maître et le serviteur, c’est la liberté qui opprime, et la loi qui affranchit.»
(Lacordaire)
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