- «Como se fossemos um país sem divisão de poderes nem democracia digna desse nome, foi permitido que a Madeira se tornasse uma realidade à parte, onde as liberdades e as leis da República não eram para levar a sério.Toda a gente que tinha de saber o que ali se passava, sabia-o. Ninguém que tinha de fazer alguma coisa o fez.Poupem-nos à conversa do “já chegámos à Madeira” ou do “já chegámos à Grécia”. Onde nós chegámos na semana passada foi a Portugal. Chegámos à República Portuguesa, e ao seu Presidente da República, Anibal Cavaco Silva, que quando foi à Madeira aceitou não visitar o parlamento e acabou recebendo a oposição num quarto de hotel. Chegámos à política portuguesa e a um dos seus maiores partidos, o PSD, que nestes trinta anos foi validando e legitimando tudo o que Alberto João Jardim fez. Chegámos à Procuradoria-Geral da República, que só agora se lembrou de investigar o governo regional da Madeira, apesar do Tribunal de Contas detetar irregularidades nas contas madeirenses desde 2006.E poupem-nos também à conversa da culpa que é de nós todos. A culpa é de quem deixou Alberto João Jardim governar assim. (...)
Cada primeiro-ministro esperou que o eleitorado madeirense lhe resolvesse o problema que ele evitava encarar, esquecendo as suas próprias responsabilidades. Em caso de dúvida encolhia os ombros e dizia: “é a democracia”. Mas a democracia não é só o povo eleger quem quiser. É também ninguém estar acima da lei. (...)» (Rui Tavares)
«entre le fort et le faible, entre le riche et le pauvre, entre le maître et le serviteur, c’est la liberté qui opprime, et la loi qui affranchit.»
(Lacordaire)
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As palavras de Rui Tavares sobre isto devem ser ditas e repetidas.