- «O sr. Passos Coelho tem dado muitos tiros no pé (talvez por isso, este nom-de-plume me soe a personagem de emérito deputado numa novela romântica de fim de século). Nenhum me mereceu comentário, não traz grande glória bater na inexperiência dos outros. Mas esta coisa de invocar a governação de Cavaco, como se de uma idade de ouro se tratasse, tem direito a destaque.(...)Nós ficámos com a economia do betão e da promiscuidade entre políticos e empresas - os boys originais -, com as fraudes dos fundos comunitários e concessões de obra, com o "capitalismo popular", com as hipotecas bonificadas pelos contribuintes, com as reprivatizações de encomenda. Com a refundação do clientelismo, o desmantelamento de frotas de pesca e marinha mercante, e o enterro da agricultura por meia dúzia de jipes, campos de golf e caçadas ao javali. Com o estímulo à assimetria litoral, o descarrilamento da ferrovia e a promoção da auto-estrada e do crédito ao consumo. Foram dias de coutos de loureiro e de todos os outros santos, de escândalos de corrupção semana a semana, de meias de turco branco, de derrapagens trilionárias de orçamento e respetivos contorcionismos no tribunal de contas, da invasão de gelados da menorquina e de fruta sensaborona, do estrangulamento da imprensa, do poço que passou a fonte, das marquises espelhadas, dos negócios das OGMA e da OGMA, do fim do ensino superior técnico e começo das licenciaturas inúteis, das universidades de vão de escada - formando gestores e advogados para o desemprego-, das requisições civis em dia de greve, das cargas e mangueiradas policiais, da tecnocracia arrogante, sem ideias nem ciência, dos G-men cinzentões, do moralismo pacóvio, da "televisão da Igreja", de Lynce, Borrego, Isaltino, Cadilhe, Duarte Lima, Costa Freire, Silva Peneda, Braga de Macedo...Não poderemos nunca saber se, sem o cavaquismo, Portugal teria crescido melhor; naturalmente, tal dependeria de quem estivesse no lugar do então primeiro-ministro. Mas tenho a certeza que abundaram os cortesãos e feitores que cresceram à sua e à nossa conta e que Cavaco não corrigiu muitos dos problemas estruturais de que padecíamos e ainda agora padecemos, apesar - ou por causa - dos muitos milhões de subsídios comunitários com que foi pago para o fazer. Sabemos sim, em absoluto, que a "idade de ouro" de Cavaco foi uma oportunidade perdida.
Finalmente, também estou convencido de que, não fora o cavaquismo, e dado o seu currículo e competências pessoais, o atual líder "social-democrata" teria hoje tarefas mais prementes com que ocupar o seu tempo, em lugar de circular pelo país atirando inanidades destas numa campanha eleitoral. Como, por exemplo, contribuir para o nosso progresso dando aulas não sei de quê num liceu de província qualquer, sob a honestíssima graça de "Pedro Coelho".» (Dorean Paxorales)
«entre le fort et le faible, entre le riche et le pauvre, entre le maître et le serviteur, c’est la liberté qui opprime, et la loi qui affranchit.»
(Lacordaire)
e o enterro da agricultura por meia dúzia de jipes, campos de golf e caçadas ao javali...
ResponderEliminaro enterro da agricultura deve-se a estilos de vida
a mim custa-me cada vez mais levantar cedo
regar ou deixar secar esperar que chova ou arriscar
a agricultura tem muitos riscos
e custos
é mais seguro apostar noutras coisas
as modas e o excesso de alimentos no mercado
tornam uma empresa agrícola um mau investimento
basta um ano mau para ficar crivado de dívidas
e mesmo um ano bom com 30 toneladas de tomate por hectare
necessitam de escoamento
ou de uma agro-indústria que foi desaparecendo
resumindo ocê é um pessimista muy linear
vá fazer umas saladas
qua gente agradece