quarta-feira, 23 de fevereiro de 2011

Revista de blogues (23/2/2011)

  • «Há algo que pode tornar o desfecho líbio decisivo para o futuro próximo do Médio Oriente: ao contrário da Tunísia e do Egipto, aqui a hierarquia militar dispôs-se a reprimir o povo ao lado do ditador.

    Assim, em breve teremos resolvida a dúvida "o que acontece se os generais e o poder se mantiverem unidos e mandarem os tanques contra os contestatários?".
    Se o resultado for a revolta ser esmagada, os lideres locais sentirão-se mais seguros para ordenar a repressão das manifestações, e os generais e outros oficiais de alta patente terão menos problemas em acatar essas ordens (já que suponho que os generais tunisinos e egípcios tenham recusado a repressão não apenas por razões humanitárias, mas também por recearem o desfecho). Aliás, no braço de ferro silencioso que parece estar a desenhar-se entre a junta militar egípcia e a oposição democrática, os militares iriam sentir-se muito mais confiantes para adiarem eleições e afins (e, na prática, efectivarem a contra-revolução).

    Além disso, os oposicionistas iriam ter muito mais receio de enfrentarem tanques na rua, já que teriam o exemplo líbio dizendo-lhes que é impossível derrotar o exército quando este apoia o regime
    (...)

    Ou seja, a derrota de revolução líbia representará provavelmente o fim da vaga revolucionária no mundo árabe, já que tanto os dirigentes como os generais como os contestatários saberiam que bastaria os generais apoiarem o governo para tudo ficar na mesma. (...)» (Miguel Madeira)

4 comentários:

  1. ao contrário da Tunísia e do Egipto, aqui a hierarquia militar dispôs-se a reprimir o povo ao lado do ditador.

    com as deserções que houve?

    com a principal tribo que renegou o seu líder de 40 anos

    os mercenários e a guarda pretoriana apoiam-no


    mas também eram da guarda o major Abd al Munim al Huni e Omar Muhayshi, que o tentaram derrubar em 75

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  2. Note-se que eu digo especificamente a "hierarquia militar"; estou a referir-me ao exército enquanto instituição organizada, não aos militares a titulo individual (ou mesmo a titulo de batalhão).

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  3. ok....sim isso é certo
    mas há muitas fracturas
    aparentemente está recuperando bem
    aprendeu com a Ãrgélia em 91

    já sobreviveu a revoltas menores provavelmente também a esta

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  4. e em 12 horas o que eram simples batalhões e uma divisão

    passaram a mais de metade do exército quase toda a força aérea e a maioria das hierarquias

    sobram os tontons macoutes a guarda pretoriana familiar e mercenários variados

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