domingo, 27 de fevereiro de 2011

Derrota de Paulo Portas na Irlanda

Não sei quantas vezes Paulo Portas referiu a Irlanda como exemplo político. Quem o ouvia ficava com a sensação que tinha escrito o programa de governo em conjunto com o executivo irlandês, os impostos baixos, uma economia a caminho do estado mínimo, a atracção de capitais estrangeiros, etc. Claro que não referia que o investimento estrangeiro era essencialmente volátil, que as empresas investiam e os particulares compravam casa com o dinheiro que não tinham, apesar dos impostos baixos. Tudo isto coexistia com bolsas de pobreza chocantes financiadas quase exclusivamente pela União Europeia, porque o novo capitalista irlandês era contra os subsídios... Ironicamente, agora vive todo o país de subsídios internacionais por causa dos que eram contra os subsídios.
Paulo Portas é especialista em colar-se às vitórias dos outros (primeiro referendo do aborto, vitória de Durão Barroso nas legislativas, etc.) mas tem esta derrota coladinha à pele.

3 comentários:

  1. Bolsas de pobreza existiam em 91 e 92

    mas a 1ªdécada do século xxI até 2006

    em 6 anos viu-se uma prosperidade sem paralelo na europa

    os trailer parks esfumaram-se

    os catraios vietnamitas da zona do porto viviam em casas aquecidinhas

    o modelo era bom

    os bancos é que eram uma merda

    e colonizados pelos capitais ingleses

    que despejaram neles alegremente

    os produtos que lhes podiam causar dano

    a bolha imobiliária de 2006 várias ordens de grandeza superior às de 1991 no norte e em Dublin

    também não ajudou nada

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  2. Por acaso fiquei algo desiludido de saber que na Irlanda um partido de direita foi estrondosamente derrotado, apenas para dar lugar a outro partido de direita (de acordo com as notícias que li).

    Estou algo surpreso com a ausência de comentário a essa situação, quer nos blogues à esquerda, quer à direita.

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  3. JV, acho que a ausência de comentários tem a ver com o facto de as pessoas não se conseguirem identificar com os partidos irlandeses. 64% dos irlandeses votaram em partidos que não têm uma ideologia clara (embora o Fiana Fail tenha tido uma *política* claramente neoliberal, como o Rui critica, e bem). Apenas 24% dos irlandeses votaram em partidos com uma ideologia clara (trabalhistas, esquerda anticapitalista, ecologistas).

    A guerra civil deixou marcas por aquelas bandas...

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