domingo, 12 de dezembro de 2010

«No Centenário do 5 de Outubro - A culpa» (conferência de Francisco Carromeu)

A conferência de Francisco Carromeu no CERAR, a convite da Associação República e Laicidade e do Movimento Liberal Social, está agora disponível aqui. Fica o início.
  • «Um historiador que vive em Portugal em 2010, no pico dos reflexos da crise financeira internacional que começou em 2008 e é convidado a falar da passagem do primeiro centenário da implantação da República, não pode deixar de olhar para a conjuntura da época de que fala sem esquecer a época em que vive. E deve fazê-lo, não tanto por razões de ordem moral, mas por razões de ordem cívica, mesmo política, porque é, afinal, de anteriores experiências do governo da sua polis ou da sua res publica que fala e mesmo que não o explicite ele é levado a convocar quem o lê ou quem o ouve a comparações inevitáveis.
    À data de 5 de Outubro de 1910, Portugal era um país deprimido. Depressão continuada que se manifestara, inicialmente no Ultimatum inglês de 1890 e que continuava em outros momentos seguintes, nos acontecimentos de 31 de Janeiro de 1891 no Porto, na crise financeira de 1891-92, nas dissidências provocadas no interior dos partidos rotativos do regime, nas ditaduras de Hintze Ribeiro e João Franco, na questão dos adiantamentos à Casa Real, no 28 de Janeiro de 1908, no regicídio e na persistente instabilidade governativa, apesar da vontade de «acalmação» que se seguira à aclamação de D. Manuel II.
    » (Ler na íntegra)

2 comentários:

  1. ou quem o ouve a comparações inevitáveis.
    À data de 5 de Outubro de 1910, Portugal era um país deprimido.

    comparar um país faminto que deixava as fomes alastrarem desde Cabo Verde às terras da beira assoladas pelos maus tempos nas terras de pão
    Rosmaninhal e Castelo Branco encheram-se de ceifeiros que migravam do sul para as suas terras no norte

    com um país endividado mas que gasta uns centos de milhares para levar alimentos frescos a 500 ilhéus

    uma sociedade que deixava morrer de fome e de doenças novos e velhos

    com uma que abarrota hospitais para que os familiares não tenham chatices em aturar velhos doentes e mal-cheirosos

    onde há pedintes que jogam fora comida e só aceitam dinheiro

    onde os caixotes de lixo têm tanta fartura que alimentam milhares de pessoas neste país


    nã há comparação possível

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