- «Num registo meio pedagógico meio trocista, dizia há dias um colega que «iluminismo não é palavrão». Não posso estar mais de acordo com o aviso. A afirmação cega e desgovernada do relativismo radical, associada à ideia completamente estúpida segundo a qual a tradição cultural do ocidente é estruturalmente pobre, impura e nociva, tem levado muita gente honesta mas mal informada a ignorar o papel historicamente emancipatório da filosofia das Luzes, desconsiderando os seus princípios determinantes. Noutra direcção, vozes chegadas dos sectores mais reaccionários do pensamento contemporâneo chegam, como o fez o papa João Paulo II, a julgá-lo responsável pela edificação das «ideologias do mal», do nazismo e do comunismo em particular, que atravessaram o século XX. Pior, olham-no como instrumento fundador de um conceito de liberdade, tolerância e democracia que pretendem pôr em causa. Já Tzvetan Todorov vê futuro nos três princípios que, em L’Esprit des Lumières, de 2006, considera condensarem o valor funcional da corrente: 1) a valorização da autonomia do indivíduo face à intervenção dos poderes políticos e religiosos; 2) a deslocação do humano para um lugar central na interpretação do mundo; 3) a aceitação da dimensão universal de valores e sociabilidades que concorrem com a diferença cultural.» (Rui Bebiano)
«entre le fort et le faible, entre le riche et le pauvre, entre le maître et le serviteur, c’est la liberté qui opprime, et la loi qui affranchit.»
(Lacordaire)
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