- «Em todos os países há uma justiça da classe dominante. São eles que fazem as leis e nada vai pôr em causa as grandes figuras do sistema, que são os banqueiros e os industriais. Não são os políticos. Os políticos fazem--lhes o frete ou então enfrentam-nos. Mas eles é que são os grandes senhores do sistema. (...)
- Acha que temos uma classe empresarial fraca?
Simplesmente não existe. São analfabetos do ponto de vista da literacia e do ponto de vista empresarial. Há três ou quatro que se distinguem. Grupos como a Jerónimo Martins ou a Sonae são excepções à regra. O resto são empresas que, muitas delas, vivem das ajudas do Estado como é o caso da EDP e da PT, que foram privatizadas e agora são dominadas por estrangeiros e vão investir no estrangeiro, em vez de investir em Portugal. E depois anda o Basílio Horta a tentar que os estrangeiros invistam 1500 milhões de euros cá. Aí o PCP tem razão, há privatizações que não deviam ter sido feitas. Não sou pelas privatizações a todo o custo e até alguém que, como eu teve um pensamento comunista, sabe que o Estado historicamente deveria desaparecer, mas enquanto isso não acontece o Estado tem de ajudar o desenvolvimento. (...) - É possível imaginar vivermos os próximos anos com 500 ou 600 mil desempregados a receber subsídios? Alguém pensa em medidas estruturais? Está tudo à espera que as ajudas da Europa façam voltar tudo ao mesmo. Acabou a Índia, acabou o Brasil, acabou África, depois apareceu a UE, mas ficou provado que os vícios da nossa classe dominante são históricos. Só se aparecer uma Europa II. E depois os Nogueiras Leites e os Bessas que nos trouxeram até aqui continuam a dominar a comunicação social. Foram ministros, gestores e, em vez de responsabilizados, são procurados para falar do futuro do país.» (José Luís Judas no "i")
«entre le fort et le faible, entre le riche et le pauvre, entre le maître et le serviteur, c’est la liberté qui opprime, et la loi qui affranchit.»
(Lacordaire)
este segmento que escolhes, até o pode ser, ou mesmo outros na entrevista que linkas e que é interessante, mas quando penso na pessoa em questão lembro-me logo disto:
ResponderEliminarhttp://simplex.blogs.sapo.pt/134069.html
jlj não foi menos analfabeto do ponto de vista do planeamento urbano, do desenvolvimento sustentável, e da qualidade de vida em cascais...
Concordo 100%. Mas não nos devemos esquecer de três coisas:
ResponderEliminar1) Vistas da secretária do presidente da câmara, as urbanizações são muito menos ofensivas do que vistas da janela dos vizinhos.
2) Neste contexto político é impossível resistir á pressão imobiliária. Impossível. A honestidade acaba por ser entendida como uma forma perigosa de idealismo (lembram-se da peça de Sartre "La putain respectueuse?)
3) Quando a mafia que está no poder as pessoas honestas não têm hipóteses. E ele teve de baixar a bola aos promotores e aos empreiteiros, como toda a gente.
Um amigo meu costuma dizer que em Portugal a honestidade é um luxo de quem não tem poder.