quinta-feira, 19 de julho de 2007

Violência e desigualdade

As estatísticas referidas no artigo anterior permitem ainda retirar outra conclusão: que cerca de 95% das pessoas detidas em Portugal por crime de homicídio são homens. A violência é uma característica violentamente masculina. Eu diria que provavelmente será mesmo esta a maior diferença comportamental entre os indivíduos da nossa espécie. E não é «culturalmente construída»: é um facto com sólidas causas biológicas. (Porque será que raramente se diz isto?)

12 comentários:

  1. A violência não é uma característica violentamente masculina, só que a violência no feminino é tendencialmente diferente e apesar dos danos terríveis que causa não é olhada como violência porque não tem, forçosamente, o factor "físico" associado.

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  2. Cara «shyznogud»,
    está a falar concretamente de quê? É que os dados são claros: 99% das pessoas a cumprir pena por homicídio são do sexo masculino. Se essa «violência no feminino» de que fala existe realmente, onde se manifesta? E se não chega ao extremo do homicídio, será que ainda é violência?

    Cumprimentos,

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  3. Há uns tempos falava-se de um estudo (não guardei referências) entre adolescentes que dizia que em contextos de namoro as raparigas recorriam mais à violência (física) em situação de conflito do que os rapazes. Acrescente-se a isto a clara predominância de agressor feminino nos maus-tratos infantis. E suponho que haverá outras coisas. O ponto destes exemplos, Ricardo, é que provavelmente será mais acertado dizer que a violência feminina assume formas e se passa em contextos diferentes, para além de suscitar reacções diferentes (e portanto possivelmente haver mais registos de umas formas de violência do que de outras).

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  4. Não consigo reduzir o conceito de violência a crimes de caracter sexual nem, tão pouco, a violência física. Por isso mesmo esses números dizem-me pouco.
    (estou com uma tendinite no ombro, por isso vou ter q deixar a discussão para outro dia... mas voltarei porque a violência no feminino é um tema interessante.)

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  5. Cara «fuckitall»,
    seria este estudo?

    http://dn.sapo.pt/2005/11/14/sociedade/violencia_todas_classes.html

    «A psicóloga Susana Lucas estudou, no ano de 2003, a agressividade nas relações de namoro em 925 adolescentes, 359 dos quais rapazes e 566 raparigas, divididos em duas faixas etárias - dos 12 aos 14 e dos 15 aos 17 anos. Concluiu que os rapazes recorriam mais à agressão física - apalpar ou mesmo beijar à força - do que as raparigas que usavam mais a violência verbal, como insultar e humilhar.»

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  6. Há outros estudos:

    «A maioria do V.P.I. [Violência por um Parceiro Íntimo] é dirigido às mulheres. A razão de V.P.I. contra as mulheres é três a seis vezes maior que o V.P.I. contra homens. Para além disso os ferimentos são significativos e mais comuns nas mulheres. De acordo com o "Uniform Crime Reports" do Ministério da Justiça dos Estados Unidos, as mulheres têm uma probabilidade 10 vezes superior de serem mortas por um parceiro íntimo que os homens.»

    http://www.aidsportugal.com/article.php?sid=778

    A lição é sempre a mesma...

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  7. Não me parece, se bem me lembro falava especificamente de violência física

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  8. Pensei que o Ricardo neste texto se estava a referir mesmo à violência física.
    Claro que o "insulto e humilhação" também podem ser formas de violência, mas entendi pelo contexto que não era dessas que o Ricardo estava a falar.

    Mas a "fuckitall" colocou uma objecção curiosa à afirmação do Ricardo segundo a qual haverá maior propensão natural no homem para a violência física: a predominância feminina nos maus tratos infantis e a idosos. Será isto apenas verdade em sociedades em que as mulheres contactem mais com estas faixas etárias (por esta razão ou por aquela), ou será que é mesmo verdade que têm uma maior propensão para a agressão em determinadas situações?

    Fica a dúvida.

    De qualquer forma, a testosterona (que tem concentrações bem diferentes nos homens e nas mulheres) parece realmente ter algum impacto nos comportamentos:

    «[testosterone] alters aggression, sexual behaviors, anxiety, reward, and learning and the neurotransmitter systems and brain areas that underlie these behaviors.[8] A number of studies and reviews[9] have linked testosterone use in humans to significant psychiatric disturbances including depression, psychosis, and aggression.»

    http://en.wikipedia.org/wiki/Testosterone#Effects_on_the_brain

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  9. João Vasco,
    a testosterona é uma construção social. ;)

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