sexta-feira, 1 de junho de 2007

Revista de blogues (1/6/2007)

  1. «Volto a tentar colocar a tónica no que está em causa: campanhas de combate à discriminação e protecção de direitos fundamentais. Mas penso que é uma tentativa inglória - André Azevedo Alves e Filipe Melo Sousa recusam aceitar como premissas da discussão elementos que eu considero pressupostos da sociedade democrática e do consenso axiológico que a estrutura: existem valores fundamentais, cuja protecção e promoção cumpre ao Estado assegurar. Que tais ideias causem arrepios a alguns cidadãos e cidadãs, é uma questão de convicções. Convicções essas, aliás, que República respeita (daí que aludir a thought-crimes seja despropositado e falacioso) e defende através dos tais mecanismos totalitários kim-il-sunguistas que vos fazem confusão. Contudo, diria ainda que aquilo que é descrito como um desolador pântano de politicamente correcto, assolando as sociedades ocidentais, não é na verdade contraditório com o ideário liberal. Releiam (ou leiam...) John Stuart Mill e provavelmente ficarão surpreendidos em encontrar a afirmação de que existem limites às liberdades individuais e que o poder pode ser exercido contra a vontade dos próprios quando estes invadem a esfera de terceiros.» («O liberalismo soft e a propaganda reaccionária», no Boina Frígia.)
  2. «Num contexto de desemprego elevado, de generalização da precariedade e de proliferação de relações laborais atípicas que aumentam os laços de dependência, fazer greve tem custos demasiado elevados para demasiados trabalhadores. O poder nas relações económicas é isso: a capacidade que A tem de fazer com que B faça o que A deseja porque A tem a capacidade de impor custos sobre B se isso não acontecer. Em Portugal, os patrões têm hoje demasiado poder. A ameaça de despedimento é obviamente a principal arma. Em tempos de crise essa ameaça é demasiado credível. Por isso, é natural que a greve ocorra sobretudo onde os trabalhadores conquistaram uma maior capacidade, através da sua acção colectiva, de diminuir esses custos. Por isso é natural que a greve geral de ontem tenha sido mais elevada na função pública, nas empresas públicas e em algumas grandes empresas do sector privado onde os trabalhadores estão mais organizados e resistem melhor à fragmentação das solidariedades de classe. (...) Dito isto, parece que até aí a greve também não atingiu a adesão de outras greves. A conclusão parece-me tão clara quanto dura: «foi a mais fraca greve geral até hoje organizada em Portugal».» («Tempos sombrios», no Ladrões de Bicicletas.)

8 comentários:

  1. A tentação moralizadora é muito grande. Não deixa no entanto de ser um precedente perigoso defender que seja o estado a impor a moral aos cidadãos, abafando-os na sua soberania racional.

    Quem define o que são "valores fundamentais"?

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  2. Se ninguém pode definir valores fundamentais, então não faz sentido que alguém defina como valor fundamental que o estado não possa impôr valores.

    Claro que há direitos fundamentais. As leis aplicam-se a todos por igual, por exemplo.
    Esse é um direito fundamental.


    Nota: JSM é realmente excelente :)

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  3. «Quem define o que são "valores fundamentais"?»

    Os cidadãos. Democraticamente e através da Constituição.

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  4. hola,
    acá nos perguntamos:? Cuál la razion que Hugo Chavez y Evo Morales fazen y dizen lo que quer con brazil y brasileños ainda baten palmas para el ditadores.
    Evo Morales tomou na marra petrobras de brasileños y su presidiente aceitou muy calado y ainda diz que fue justo.
    Hugo Chavez faz una propaganda muy ruin en mundo do proalccol brasileño y su presidiente ainda bate palmas para el ditador Hugo Chavez.
    perdón nosa indescricion, más es muy dificil de entender porque brasileños tien tanto miedo de Hugo Chavez y Evo Morales.
    la verdad es que si continuar asin Hugo Chavez y Morales conseguindo tudo de brazil na força con mucha facilidad, con cierteza su provincia de ACRE será también tomado na força y con cierteza su presidiente y brasileños van más una vez ficar caladitos y ainda bateren palmas .
    perdón la sinceridad y portuñol.
    Esteban Crustille
    Córdoba

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  5. http://antoniocicero.blogspot.com/2007/05/entrevista-washington-castilhos.html

    ricardo, achei que este post poderia eventualmente interessar-te.

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  6. Precisamente, se as leis se aplicam para todos, porque deverá haver classes de cidadãos privilegiados, que têm direito a propaganda estatal, de modo a melhorar a sua aceitação por parte da sociedade?

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  7. «small»,
    o cartaz que gerou esta discussão não é propaganda estatal. É da JS. Os partidos políticos não têm direito a fazer propaganda?

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