- «Apesar da hierarquia da Igreja Católica de Roma não se perder de amores pela Revolução de Abril, -- nem ser de uso, comemorar a Revolução dos Cravos nas igrejas -- o seu mais alto representante em Portugal, Cardeal Patriarca, foi convidado a assistir à cerimónia oficial que teve lugar na Assembleia da República. Ora acontece que, ao longo do século XX, a Hierarquia Católica, com raríssimas excepções, apenas mostrou simpatia e apoiou o golpe militar de 28 de Maio de 1926, tendo aderido às soluções orgânicas que o Estado Novo encontrou para lhe devolver a influência que perdera com a Revolução Republicana. Ao enviar uma carta, pedindo o esclarecimento sobre o critério que levou ao convite deste chefe religioso, a Associação República & Laicidade, fez o que muitos de nós gostaríamos de ter feito. Já sabíamos que há gentes do Estado pouco incomodadas com o que dos ideais de Abril não se cumpriu ainda; ficamos agora a saber que os há também com força suficiente (miraculosa?) para tentarem operar retrocessos na separação entre o Estado e as religiões. Valha-nos Deus» («Milagres (3)», no Puxa Palavra.)
- «Obviamente que a organização do 1º de Maio de 1975 estava manipulada e controlada pelo PCP, pela CGTP e pelas chamadas alas militares “gonçalvista”e “esquerdista”, pretendendo formalizar a subalternidade dos socialistas, nomeadamente impedindo que a sua expressão eleitoral se reflectisse em influência laboral e expressão sindical. Mas os “incidentes” resultaram, na génese, de um plano da direcção do PS para provocar o confronto nesse dia, ajudando a separar águas entre os partidos que estavam no palco da revolução ao lado do MFA. (...) Eu estive lá desde o início, quando se começou a organizar o desfile, e ocorreu junto a mim, então simples manifestante pró-CGTP, na Praça do Areeiro (junto às “Chaves do Areeiro”), a vinda da “força de choque socialista”, proveniente da Praça do Chile [foi ali que se concentraram, à parte e com antecedência (13 horas), as hostes socialistas, como o comprova o cartaz do PS na imagem], que irrompeu para conquistar, à força e com violência, a cabeça da manifestação e provocar distúrbios, desorganizando o desfile.» («E o respeitinho pela história?», no Água Lisa (6).)
«entre le fort et le faible, entre le riche et le pauvre, entre le maître et le serviteur, c’est la liberté qui opprime, et la loi qui affranchit.»
(Lacordaire)
Devia ter visto este primeiro artigo antes de publicar o "Ateísmo na Blogosfera" hoje no DA.
ResponderEliminarFica para a próxima. Espero que não fique muito anacrónico...