- «(...) o argumento normalmente utilizado para defender o cheque-ensino parece-me terrivelmente falacioso. A questão não está na liberdade de escolha - essa liberdade já existe. Não há ninguém que seja impedido pelo Estado de frequentar uma escola privada. (...) Para mim a função do Estado não é zelar pela minha felicidade, subsidiar o meu desejo de comprar um Lamborghini. A função do Estado também não é a de subsidiar o funcionamento de empresas privadas (...) vamos a uma questão muito pragmática: dinheiro (...) apesar de toda a argumentação que existe em torno do cheque-ensino, afinal o Estado ajuda a pagar o ensino privado com valores que proporcionalmente rondam os 40% dos gastos com os alunos do sector público. Ora, se a isto somarmos as propinas - não propriamente baixas - das escolas privadas, eu pergunto-me: onde é que os defensores do cheque-ensino pretendem ir buscar dinheiro para pagar o luxo de quem quer ter o filho num colégio? Vão cobrar mais impostos? Vão aumentar a dívida pública? Vão fechar escolas públicas, despedir professores, cortar nos investimentos e gastos de manutenção de instalações para poupar algum dinheiro para dar o subsídio às classes média-alta e alta?» («Por que sou contra o Cheque-Ensino», no Blogue Liberal Social.)
- «(...) a luta contra a discriminação não visa obrigar ninguém a relacionar-se com quem não quer. Visa sim impedir o tratamento diferenciado de cidadãos e cidadãs portadores dos mesmos direitos e dotados da mesma igualdade perante a lei (...) o cartaz em causa, apesar de financiado indirectamente por fundos públicos (o financiamento dos partidos é parcialmente público, decorrendo o financiamento da Juventude Socialista dos fundos que lhe são alocados pelo Partido Socialista), não se insere numa campanha de uma instituição pública, mas sim a defesa de um programa político (no caso, o da Juventude Socialista, sufragado democraticamente em Congresso realizado em Julho do ano passado). Contudo, isto não significa que as instituições públicas não tenham precisamente o dever de promover a não discriminação e assegurar o respeito por todos e todas (...) o contrato social que nos rege, a Constituição da República, é o local onde vamos retirar os valores fundamentais da nossa comunidade política (...) a pobre da "população leiga" já terá experimentado outras imposições de concepções de progresso "iluminadas" como o sufrágio universal, a recusa do racismo e da xenofobia, a proibição da discriminação das mulheres, entre outras. Que me recorde, acolheu-as no seu código de valores e não se sentiu violentada.» («Pequenos detalhes», no Boina Frígia.)
«entre le fort et le faible, entre le riche et le pauvre, entre le maître et le serviteur, c’est la liberté qui opprime, et la loi qui affranchit.»
(Lacordaire)
Uma notícia interessante
ResponderEliminarQuem não tem meios sempre tem a possibilidade de escolher entre o ensino público e o ensino público. Liberdade de escolha só pode... especialmente poque os pais pagam a totalidade dos custos da escola via impostos! Mas para muita gente o dinheiro do estado deve vir directamente do céu.
ResponderEliminarSe um aluno custa x ao estado porque não entregar esse mesmo x aos pais (que ainda são responsáveis pelos filhos) para eles escolherem o tipo de ensino?!
É assim tão medonho dar a liberdade de escolha?