- «Numa tentativa de angariar dividendos políticos para os «mártires» perseguidos pelos «fanáticos» laicos, em alturas de pré-campanha para o referendo assistimos à importação cá para o burgo de uma das invenções mais lucrativas para os cofres das igrejas e organizações cristãs americanas: a guerra ao Natal! Invenção abundantemente debitada nas páginas do Público, em artigos que subentendiam estar a Associação República e Laicidade - uma «quadrilha de idiotas», «importante colecção de cretinos» e «estúpidos sem fronteiras» nas palavras de Bento Domingues, O.P. -, empenhada, com «manifesta tolice», «burrice mais aguda» e «maldade», numa inventada «guerra» ao Natal, manifesta, por exemplo, na utilização de «Boas Festas» em vez de «Bom Natal». (...) Como o alvo destes mimos são os laicistas, pressupostos ateus, os crentes acham normais e tolerantes as palavras do frei. (...) Todos têm o direito a acreditar no que quiserem, em astrologia, quiromancia, reikis «quânticos», psicografia, que Xenu está vivo e confinado por campos de força alimentados por uma bateria eterna, que o Elvis está vivo mas foi raptado por extraterrestres, que a Terra e o Universo foram criadas por Apsu, Haashch’eelti’i, Olodumare, Gisoolg, Ungambikula, Odin, Deus e restantes mitos sortidos. Agora, ninguém tem o direito a exigir que eu «respeite» quaisquer disparates coibindo-me de os criticar, muito menos tem o direito a exigir que eu aja como se esses disparates fossem a «verdade absoluta».» («A Quintessência da Tolerância», no Random Precision.)
- «Houve um referendo, há pouco tempo, em que se perguntava: "Concorda com a despenalização da interrupção voluntária da gravidez, se realizada, por opção da mulher, nas primeiras dez semanas, em estabelecimento de saúde legalmente autorizado?" Ganhou o sim. O não, perdeu. Não consigo imaginar, porque diabo é que se devia perguntar às pessoas, que não queriam ver a lei alterada, como é que a nova lei, baseada na consulta popular, deveria funcionar. Relembro que, as direcções do PSD e CDS se declararam pelo não de uma forma clara e marginalizaram, de forma ostensiva, os seus militantes que declararam votar no sim. Mais, sentir-me-ia ofendido se fosse convidado para discutir uma lei que fosse, claramente, contra as minhas convicções. Ou então, e afinal, estas pessoas que votaram não, não votaram por convicção mas sim porque era “corporativamente” correcto votar nesse sentido. Só desta forma é que posso compreender a “vontade” de querer participar na elaboração de uma lei que, teoricamente, vai contra as suas consciências.» («E dura, dura, dura», no blogue da Revista Atlântico.)
«entre le fort et le faible, entre le riche et le pauvre, entre le maître et le serviteur, c’est la liberté qui opprime, et la loi qui affranchit.»
(Lacordaire)
Sem comentários:
Enviar um comentário
As mensagens puramente insultuosas, publicitárias, em calão ou que impeçam um debate construtivo poderão ser apagadas.